Ao imaginar o futuro das viagens, Ewout Steenbergen visualiza um cenário em que a tecnologia transforma cada etapa da jornada do viajante, desde o planejamento até o retorno para casa. Segundo a reportagem da Phocuswire, o CFO da Booking Holdins enxerga que a viagem conectada, impulsionada por IA (Inteligência Artificial), é mais do que uma tendência — é uma realidade que está prestes a se concretizar.

Em sua recente participação em uma conferência do Goldman Sachs, executivo compartilhou sua visão de um mundo onde reservar um hotel ou uma casa de temporada será tão intuitivo quanto conversar com um assistente virtual. “Estamos a apenas alguns anos de ver essa revolução acontecer de fato”, comentou, demonstrando a confiança de quem sabe que o caminho já está traçado.

“Posso nos ver em três a cinco anos em uma posição em que essa viagem conectada realmente está lá – a IA generativa realmente tem um impacto”, afirmou Steenbergen. Ele ressaltou ainda que o mercado asiático continua evoluindo de maneira sólida e que as acomodações alternativas estão crescendo de forma expressiva. A empresa, segundo ele, está se aproximando dos níveis desejados em termos de posicionamento no mercado e projeções de crescimento sustentável.

Acomodações alternativas como foco de expansão

O executivo destacou que as acomodações alternativas, um setor que já cresce mais rapidamente do que o restante dos negócios da empresa, continuam sendo prioridade estratégica. Esse foco, que havia sido discutido na teleconferência de resultados do segundo trimestre da Booking Holdings, é um dos diferenciais do grupo.

“Quando um viajante conecta em nossa plataforma, ele tem acesso a todos os tipos de acomodações de uma vez”, explicou Steenbergen, enfatizando que essa integração facilita a comparação de preços e a escolha da acomodação ideal, seja um hotel ou uma casa de temporada. Ele acredita que a variedade de ofertas em um único local é um atrativo para os consumidores, o que fortalece a presença da Booking Holdings no mercado.

O crescimento das acomodações alternativas nos EUA ainda é uma área de oportunidade. Steenbergen comparou o cenário norte-americano com o europeu e o asiático, onde a empresa já atingiu níveis mais altos de volume de negócios e familiaridade com esse tipo de hospedagem. Ele disse que o foco é melhorar a facilidade para que os proprietários de acomodações nos EUA se cadastrem na plataforma e aumentem sua oferta ao longo do tempo.

O impacto da IA generativa na Booking Holdings

Outro ponto discutido foi a transformação que a IA generativa trará para a empresa. Para Steenbergen, essa tecnologia oferece grandes oportunidades tanto em processos internos quanto no relacionamento comercial com os clientes. Segundo ele, a IA tradicional já é utilizada pela Booking Holdings, mas o diferencial da IA generativa está em sua capacidade de melhorar a experiência dos consumidores.

“Estou mais animado com o lado comercial, porque isso é ideal de uma perspectiva de viagem conectada, e temos todos os dados dos viajantes do passado”, afirmou Steenbergen. Ele ressaltou que a vasta quantidade de dados da empresa permitirá personalizar ainda mais as ofertas, o que beneficiará a fidelização dos clientes. A companhia já tem explorado esse potencial com ferramentas como o Trip Planner, lançado recentemente, e outros projetos de IA integrados às marcas do grupo.

Crescimento acelerado no mercado asiático

Ewout Steenbergen

Booking foca em expansão na Ásia

Sobre o mercado asiático, Steenbergen se mostrou otimista quanto à continuidade do crescimento. Ele observou que a Ásia foi a última região a sair dos impactos da pandemia, e que a demanda por viagens continua aumentando. Muitos consumidores estão viajando pela primeira vez e a tendência é que a praça se fortaleça ainda mais nos próximos anos.

A Europa, por outro lado, apresenta sinais de estabilização após o aumento inicial da demanda pós-pandemia. Mesmo com essa normalização, Steenbergen enxerga o comportamento cultural dos europeus, que têm o hábito de priorizar viagens, como um ponto favorável para os negócios da empresa. “Estar realmente fortemente inserido na Europa está definitivamente nos ajudando”, comentou.

Nos EUA, a Booking Holdings vê espaço para crescimento, já que, segundo o CFO, a participação de mercado da empresa é relativamente baixa em comparação com outras regiões. O executivo acredita que o país ainda oferece boas oportunidades, tanto no segmento de acomodações tradicionais quanto nas alternativas.

Projeções futuras e fortalecimento de mercado

Steenbergen abordou ainda questões sobre a importância das reservas diretas e a presença da empresa nas redes sociais, além de mencionar planos para aumentar o número de clientes fiéis por meio de novos programas de fidelidade. Ao final da entrevista, ele reforçou que os esforços da OTA estão voltados para consolidar a posição da Booking Holdings como uma referência no setor de viagens conectadas, com a utilização de IA e um portfólio de acomodações diversificado.

(*) Crédito da capa: Freepik

(**) Crédito da foto: Divulgação/Booking Holdings