Desde que a pandemia ficou no retrovisor, o luxo se manteve onde está: no topo. E, ao que tudo indica, mesmo com uma possível desaceleração da hotelaria como um todo, o segmento deve seguir em alta performance. Pelo menos é o que Ernesto Draque, vice-presidente de Marketing e Vendas da Oetker Collection para a América Latina, prevê.

No Brasil para mais uma edição Showcase Annual da rede, promovido no Palácio Tangará, o executivo não acredita em grandes perdas de demanda para 2025. “Pessoalmente, acho que o mercado atingiu seu máximo. Chegamos ao topo e a tendência é desacelerar, mas não vejo esse cenário em uma escala de porcentagens preocupantes, com reduções na casa dos dois dígitos”, disse em entrevista à reportagem do Hotelier News.

Para Draque, o próximo ano deve performar de forma semelhante a 2024, com possíveis ajustes. “Quedas de 1% ou 2% podem ser uma realidade, mas os hotéis não vão sofrer em qualidade. Mesmo em situações de guerra na Europa e eleições nos EUA, não acredito num cenário que possa agravar o setor. Na Europa e no Caribe, o principal público é o norte-americano. A desaceleração é uma tendência, mas não vejo isso a curto prazo”, acrescentou.

É importante lembrar que a Oetker Collection possui propriedades na Europa, Caribe e apenas uma na América do Sul. Segundo o executivo, o mercado europeu registrou um crescimento significativo em 2024, com destaque para França e Itália, que receberam números expressivos de latino-americanos. “Os brasileiros estão retornando agora no final do ano, nos meses de outubro, novembro e dezembro. Londres é outro destino que vai bem, pois não há tanta concorrência”.

Colocando uma lupa na América Latina, Draque ressaltou que os destinos caribenhos, como Saint-Barths e Antígua, devem apresentar crescimento acima do performado em 2023. “São Paulo também vai muito bem e estamos muito contentes. Observamos um cenário favorável ao turismo de luxo”.

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Showcase reuniu hotéis e agentes de viagens

Cenário brasileiro

Por aqui, o luxo vem se destacando. De acordo com o Anuário da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), o setor encerrou 2023 com receita de R$ 3,1 bilhões — crescimento de 14,5% frente a 2022, quando o faturamento foi de R$ 2,2 bilhões.

Dados da pesquisa Orçamentos Hoteleiros deste ano, desenvolvida pela Noctua Advisory em parceria com o Hotelier News, apontam que, até 2023, o RevPar dos hotéis de luxo estava 30% acima do observado em 2019 em números reais. Para este ano, impulsionar o indicador já não é uma tarefa tão simples.

“Temos uma boa expectativa para o Palácio Tangará em 2024. Ainda que a demanda recuar, a concorrência está localizada em uma área distinta e somos o único hotel com o conceito de oásis urbano em São Paulo. É um produto que com certeza continuará sendo um sucesso”, avaliou Draque.

Receitas auxiliares

Por aqui, muito tem se falado sobre o papel das receitas auxiliares como catalisadoras de rentabilidade. Para o vice-presidente da Oetker Collection, tudo depende do potencial de cada produto e da necessidade do mercado. “No Palácio Tangará, temos a possibilidade de receber festas, casamentos, aniversários, comemorações, além de day spa e escapadas aos finais de semana. Claro que a receita de hospedagem é a mais rentável, mas existe um mix enorme para outros tipos de oferta”.

No mercado caribenho, Draque acredita que esse tipo de estratégia já não é tão necessária. Com propriedades mais enxutas em oferta de quartos e um público majoritariamente norte-americano, a demanda costuma suprir a receita dos empreendimentos. “Alguns hotéis contam com menos estrutura para desenvolver as receitas extras. No Caribe, estamos falando de destinos icônicos que não têm essa mentalidade e não exigem tanta criatividade”.

Por fim, a Oetker Collection aumentará seu portfólio no final de 2024, com a abertura do The Vineta Hotel, empreendimento que marca a estreia da rede em solo norte-americano, em Palm Beach, na Flórida.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News