Sou imensamente grato por ter nascido e crescido na que muitos consideram a última geração analógica. Ah, como sou grato por ter vivido esse tempo! E ainda tive a sorte de fazer parte da primeira geração digital, carregando os últimos 20 anos da era analógica na bagagem. Que privilégio!

Minha geração é rara, um ponto de transição entre dois mundos — e, infelizmente, está se tornando uma espécie em extinção. O tempo pode até parecer nosso inimigo, mas quão rica é a experiência que carregamos. Nossa capacidade de adaptação é uma das nossas maiores forças.Sinto que somos verdadeiramente privilegiados.

Principais diferenças entre as gerações 100% analógicas e 100% digitais (e como minha geração transita entre ambas):

  • Informação: a geração analógica lidava com a escassez de informações e valorizava a profundidade. Já a digital enfrenta um excesso de dados e prioriza a rapidez.
  • Comunicação: a comunicação da geração analógica era mais formal e presencial, enquanto a digital é imediata, conectada e mais informal.
  • Trabalho: a estabilidade e o longo prazo eram o foco da geração analógica, enquanto a digital valoriza flexibilidade, mudança e inovação constante.
  • Tecnologia: a geração analógica aprendeu a se adaptar à tecnologia, enquanto a digital já nasceu imersa nela, sendo nativa no uso.

Essa comparação destaca as profundas transformações sociais e tecnológicas entre as gerações, com implicações no jeito de viver, trabalhar e se relacionar.

Reflexão para a indústria da hospitalidade

No nosso setor, essas diferenças geracionais são especialmente evidentes. A geração analógica trouxe consigo valores fundamentais como a hospitalidade genuína, o atendimento personalizado e a construção de relacionamentos duradouros. Para nós, o cliente sempre foi mais do que um número – ele era uma história a ser ouvida, um vínculo a ser cultivado.

Por outro lado, a geração digital, com sua fluência tecnológica, redefine as expectativas dos hóspedes. A agilidade, a automação e a personalização em tempo real são agora fatores-chave. As empresas de hospitalidade precisam encontrar o equilíbrio perfeito entre manter o toque humano da geração analógica e a eficiência tecnológica esperada pela geração digital.

Hoje, quem transita entre essas duas gerações tem uma vantagem única. Podemos usar a tecnologia para melhorar processos e, ao mesmo tempo, preservar o calor humano que faz nossa indústria tão especial. Nossa missão é unir o melhor dos dois mundos: oferecer experiências personalizadas e inovadoras, sem perder o toque humano que sempre foi o coração da hospitalidade.

O vídeo abaixo é um convite para minha geração relembrar com orgulho, e para a nova geração, entender e respeitar nossos valores e experiências. Na hospitalidade, essa troca de conhecimento é essencial para criar experiências únicas e inesquecíveis.

Com mais de 20 anos de experiência em gestão hoteleira, Mateus Cabau acumula passagens por Marriot e Atlantica Hotels. Em 2013, mudou-se para os EUA, onde, entre outros projetos e posições profissionais, atuou como co-desenvolvedor da primeira unidade da Red Collection: o Spot X, que fica na região de Lake Buena Vista, em Orlando. Atualmente, por meio de sua empresa brasileira de consultoria, é responsável pela gestão da franquia do Comfort Hotel Santos, em Santos (SP). Cabau ainda realiza palestras e consultorias para hotéis.

(*) Crédito da capa: Arquivo pessoal