No primeiro semestre de 2024, a Accor registrou recorde de US$ 546 milhões de EBTIDA, um aumento de 13% frente ao mesmo período do ano anterior. E Sébastien Bazin, CEO global da gigante francesa, está pensando além da era de transformação em que viveu na última década.

“Compramos muito nos últimos 10 anos, mas não acrescentamos nada sério nos últimos três, e não sinto falta disso”, disse Bazin em uma entrevista na sessão geral da Hotel Investment Conference Asia Pacific, em Singapura, esta semana. “Era necessário que a Accor fosse transformada, e acredito seriamente que a Accor foi transformada. Isso não significa que não faremos mais nada; significa que é hora de colher os frutos”, acrecentou.

Segundo informado pelo CoStar, Bazin prioriza o crescimento inteligente e a otimização da expansão na China e na Índia. Em 2015, a empresa francesa comprou a FRHI Hotels & Resorts, proprietária das marcas Fairmont, Raffles e Swissôtel. Os anos seguintes trouxeram a empresa de aluguel de férias Onefinestay, a nova bandeira Jo&Joe, Orient Express, Mövenpick Hotels & Resorts, 21c Museum Hotels e Our Habitas. No final de junho de 2024, a Accor tinha 5,6 mil hotéis, incluindo mais de 838 mil quartos em mais de 110 países.

E colher os frutos para Bazin significa um crescimento anual de 9% a 12%, o que, segundo ele, está no caminho certo.
Embora fusões e aquisições tenham sido uma marca registrada da última década da Accor, sua opinião atual é que “não há necessidade de nenhuma grande fusão e aquisição agora”, disse o CEO. “Eu realmente não acredito que veremos mais consolidação.”

Prioridades

Bazin também vem priorizando a gestão de talentos, inteligência artificial, sustentabilidade e como otimizar melhor sua empresa na China e na Índia. “Sabemos que viagens e turismo são indústrias abençoadas pelos próximos 20 anos. Teremos uma demanda de 3% a 7% a cada ano pelos próximos 20 anos e a oferta crescendo no máximo de 2% a 2,5%, o que significa que estamos entrando em um período em que a demanda está excedendo a oferta em três vezes”, disse ele. “Então a questão é: onde você está jogando e como você joga?”, questionou.

O crescente portfólio de marcas de luxo e lifestyle da Accor é onde Bazin passa grande parte do seu tempo, atuando também como CEO da divisão de Luxury & Lifestyle da empresa, que está crescendo em ritmo acelerado, superando o avanço do núcleo de marcas de médio porte e econômicas da rede.

A divisão Ennismore, que inclui 17 marcas de luxo e lifestyle, cresce de 25% a 45% anualmente, disse Bazin. E embora esteja acostumado ao cenário de avanço de alto risco e menos previsível que acompanha hotéis de luxo e lifestyle em comparação a empreendimentos econômicos e de médio porte mais estáveis ​​e com fluxo de caixa, o CEO está preocupado com a trajetória de expansão do segmento Luxury & Lifestyle.

“Acabamos nos últimos dois anos em uma situação doentia, onde [solicitações de propostas] pedem que as cinco grandes marcas globais compitam [por contratos de lifestyle e hotéis de luxo]. E quem vencer terá que pagar mais em dinheiro-chave para obter o hotel”, disse ele. “É muito consumidor de capital jogar essa corrida.”

(*) Crédito da foto: Divulgação/Accor