À medida que 2024 se aproxima do seu encerramento, já é possível afirmar que foi um ano muito produtivo para o segmento de turismo e hospedagem. Dados da FecomercioSP confirmam esse cenário positivo, com um aumento de 2,6% no faturamento dos serviços de turismo no país, no acumulado de janeiro a agosto.

Os meios de hospedagem, especificamente, mostraram um desempenho ainda mais expressivo, com crescimento de 6,1% e um faturamento superior a R$ 15 bilhões, incluindo hotéis, pousadas e albergues, entre outros.

Contudo, é importante destacar que esse aumento no faturamento resulta de dois fatores: o aumento da demanda e a elevação dos preços médios. De acordo com levantamento do FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil), a taxa de ocupação nas redes analisadas teve leve crescimento, passando de 58,5% para 59,2% entre janeiro e agosto de 2023 e 2024. Paralelamente, a diária média subiu mais de 10% em termos reais, de R$ 340 para R$ 376, gerando um incremento de 12% no RevPar durante o período.

O IBGE também aponta para um aumento nos preços dos meios de hospedagem, de 6,78%, o dobro da variação da inflação geral do país, que foi de 3,31% no acumulado de janeiro a setembro.

O turismo e os meios de hospedagem têm uma relação estreita com o contexto da economia nacional, tanto em termos de volume, quanto de preços. Segundo a prévia da inflação, o IBC-Br, do Banco Central, o país está crescendo a uma taxa de 3%. Agregando os dados do IBGE a essa análise, todos os segmentos apresentam variações positivas, como no caso do Comércio, com alta de 5,1% nas vendas ao longo do ano, e dos Serviços e da Indústria, com resultados próximos a 3%.

Dessa forma, do ponto de vista das empresas, há um aumento natural nos investimentos e gastos em eventos, feiras, visitas a clientes, prospecções, treinamentos, entre muitas outras atividades que movimentam o mercado corporativo do turismo, que, segundo a FecomercioSP, representa cerca de 2/3 do faturamento do turismo nacional. Certamente, os meios de hospedagem sentiram esse forte crescimento da demanda nesse perfil (de negócios) ao longo do ano.

Lazer

Do ponto de vista do consumidor, mais focado no mercado de lazer, o país registra a menor taxa de desemprego da história, de 6,6%, no trimestre encerrado em agosto. A inflação média estável contribuiu para que a massa de rendimentos alcançasse o maior valor da série, o que significa que nunca houve tantos recursos financeiros disponíveis para os trabalhadores.

O crédito continua sendo um grande aliado dos brasileiros. Segundo dados do Banco Central, entre janeiro e agosto, as famílias contraíram 23% a mais em crédito pessoal, já descontada a inflação do período. A variação foi similar para a modalidade de crédito parcelado no cartão, muito relevante quando se pensa em gastos com pacotes de viagens.

Dessa forma, as famílias estão financeiramente mais robustas, com recursos advindos do próprio trabalho e conseguindo assumir dívidas sem grandes riscos de inadimplência. Esse cenário favorece os gastos com turismo e lazer, especialmente nos períodos de férias escolares, apesar dos preços médios mais elevados.

Os desafios para o turismo e a hotelaria são muitos, especialmente quando se trata de fazer negócios no Brasil. No entanto, encerrar um ano com resultados tão satisfatórios, sendo alguns recordes, é um estímulo importante para os empresários do setor, preparando-os para iniciar 2025 com mais força para enfrentar tanto os desafios recorrentes quanto os novos problemas que surgem diariamente.


Guilherme Dietze é economista e Presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.