Ao longo da minha trajetória, tenho me fascinado por como inovação e sensibilidade podem se entrelaçar, formando verdadeiras experiências memoráveis. Quero destacar, desde já, que meu papel é o de observador: não sou autor de projetos de design ou arquiteto, mas sim alguém dedicado a traduzir e compartilhar o que vejo florescer nos espaços e culturas dessa área.

Ao visitar hotéis, percebo como a tecnologia está profundamente presente, mas raramente se impõe. Entro num quarto onde cortinas se abrem silenciosamente, a iluminação se ajusta com suavidade e um aroma sutil toma conta do espaço, convidando ao relaxamento. O celular do hóspede assume múltiplas funções: chave, comando de temperatura, concierge, trilha sonora. No entanto, mesmo em ambientes dominados por soluções digitais, persiste o valor insubstituível de um sorriso genuíno na recepção; aquele gesto que nenhuma inteligência artificial é capaz de reproduzir com autenticidade.
O que me encanta, acima de tudo, é ver que a verdadeira inovação na hotelaria está na integração sutil da tecnologia, fazendo dela uma aliada da experiência, e não um elemento de distração. Não busco a grandiosidade dos gadgets ou o espetáculo visual do high-tech, mas sim a fluidez: comandos por voz, sensores de presença, check-in via aplicativo; avanços que tornam a jornada do hóspede ágil e personalizada, mas sem perder o calor humano.
O uso criativo de imagens iconográficas e de artes visuais nos ambientes – ilustrações, fotografias arrojadas e instalações artísticas transformam corredores, quartos e áreas comuns, conferem identidade e narrativas únicas aos espaços. Essas imagens não servem apenas de decoração, mas atuam como pontos de conexão emocional, referências culturais e, muitas vezes, como convites para a contemplação e o diálogo.
“Um espaço não deve parecer uma loja de produtos tecnológicos. Ele deve parecer uma casa; com inteligência, mas com alma.” Essa frase, que ouvi num simpósio recente sobre tendências na hospitalidade, me marcou profundamente, pois resume o desafio contemporâneo: desenhar ambientes em que a tecnologia é discreta, quase invisível, e o design, ao lado da arte, constrói pontes para a memória afetiva de quem se hospeda.
Em contraste, há uma valorização crescente de ambientes destinados à desconexão: salas de leitura, áreas de silêncio, jardins meditativos e espaços para contemplação de obras artísticas. O futuro da hospitalidade não é apenas conectado: ele é, sobretudo, equilibrado.
Em breve, voltarei com reflexões sobre como elementos como sono, silêncio e experiências sensoriais estão impulsionando a nova hotelaria regenerativa, orientada para o bem-estar holístico. Meu convite é para que olhemos não apenas para o que é funcional, mas para aquilo que, por meio da arte e da delicadeza do design, nos faz sentir verdadeiramente acolhidos.
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Christophe Bonadona é diretor da ARTEO, Estúdio de Design Iconográfico com sede em São Paulo e fundada em 2012. Reconhecido por sua abordagem colaborativa com arquitetos, o estúdio desenvolve projetos iconográficos nos segmentos de hospitalidade, lifestyle e arquitetura comercial, traduzindo identidade em forma, narrativa e ambientação. Suas criações personalizadas — que incluem imagens e artes aplicadas em diversos suportes — atendem desde empreendimentos econômicos até hotéis de luxo, sempre com foco em autenticidade e expressão visual.
Com mais de 15 anos de experiência e uma visão empreendedora consolidada, Christophe lidera uma equipe multidisciplinar.
(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal

















