Flavio Monteiro, diretor de Marketing e Vendas da companhia

Determinado a entrar no mercado do Nordeste, o Grupo Rio Quente, que até então tinha no cerrado goiano seu principal produto, chegou ao litoral baiano no início do mês. Numa transação que custou R$ 140,5 milhões, em recursos próprios, a companhia dobrou seu tamanho adquirindo o complexo Costa do Saípe e, por meio dele, ativando um antigo projeto: de ser uma gigante no cenário da hospitalidade com entretenimento. Nesse processo, a empresa já prejeta investimentos aplicados nas duas propriedades e feitos para aumentar a competitividade da corporação. Até 2020, aproximadamente R$ 900 milhões devem ser aportados nas duas unidades que juntas somam 12 hotéis e cinco pousadas – mais de 2,7 mil apartamentos que atendem 2,2 milhões de hóspedes anualmente.

Depois da compra, tanto o Rio Quente Resorts, localizado na cidade de Rio Quente (GO), quanto o Costa do Sauípe, em Mata de São João (BA), passam a ser controlados pelas holdings Algar e FLC Participações e Investimentos S/A. A dupla de empresas, inclusive, fica responsável pelos investimentos que já estão previstos. Somente este ano, mais de R$ 66 milhões do orçamento total serão investidos em melhorias nas duas propriedades.

Para Sauípe, a verba destinada será de R$ 20 milhões, o que a própria administração da companhia considera pouco face a necessidade de modernização da propriedade. "Entendemos que este ano ainda é uma fase de conhecimento de produto e mercado; um período de aprendizado. Mas faremos mudanças pontuais e significantes", garante a representação da empresa.

No sentido contrário, a projeção do grupo é faturar, até o final do ano, R$ 600 milhões em receita bruta, considerando o desempenho dos dois complexos. Nessa equação, o resort de Rio Quente, apesar de menor tem a maior fatia na projeção, R$ 360 milhões, enquanto a unidade do Nordeste deve faturar R$ 240 milhões.

A confiança na boa performance da temporada começa no discurso da liderança. Flávio Monteiro, diretor de Marketing e Vendas da corporação, traduz o otimismo: "Conquistaremos resultados positivos usando a experiência de quem já passou por fases ruins e as superou", assegura, referindo-se à vivência do resort goiano em outros tempos e garantindo aplicar o que foi aprendido na parte baiana da empresa.

São agora quatro mil colaboradores que experimentam o frescor de ares que só as mudanças trazem, conforme conta o dirigente. Segundo conta ele, a união das empresas já tem gerado boas trocas de experiências e isso deve ser intensificado com o desenrolar do ano. O plano é promover um intercâmbio de expertises, levando para Sauípe as boas práticas de atendimento, instalações e lazer de Goiás e aplicando no Centro-Oeste o bom aproveitamento que a unidade nordestina tem com eventos e convenções. 

No sentido da unificação, a rede também montou uma só equipe que tem a missão de, aos poucos, ir uniformizando os trabalhos, tanto na parte operacional como também nas áreas de distribuição, vendas e administrativamente. O time foi chamado de Transformation Squad e conta com 25 executivos. 

A parte de timeshare também será um trunfo para a união. Um dos cases de sucesso no mercado de férias compartihadas para resorts, o Rio Quente já está avisando seus clientes que o programa será unificado com Sauípe. Unidos, os programas de timeshare das duas propriedades somam 29 mil famílias clientes.

Intenção de chegar ao Nordeste
Questionado sobre as negociações com a Previ, que controlava o complexo Costa do Sauípe anteriormente, Monteiro revelou que já era intenção do Grupo Rio Quente entrar no mercado do Nordeste e que para isso era necessário perceber a oportunidade certa. "Temos o DNA de lazer e entretenimento e a parte do Nordeste brasileiro é quem oferece isso ao turista. Vemos nosso futuro nessa região e buscamos por um tempo chances de operar por lá", conta.

Porto de Galinhas (PE), com o Hotel Marulhos, foi o debute da empresa e serviu para dar certeza que um grande investimento valeria a pena. Quando a oportunidade do resort baiano apareceu a empresa abriu negociações e confirmou a negociação. "Realizamos também pesquisas com nossos clientes de Goiás e notamos a complementaridade que essa aquisição daria à nossa oferta", comenta.

* Foto de capa: Filip Calixto