A história do Airbnb remete à grande recessão nos Estados Unidos, em 2008. Na época, muitos donos de imóveis procuravam obter renda extra, o que se mostrou uma grande oportunidade. Catorze anos depois, muita coisa mudou no mercado imobiliário, mas o contexto econômico segue como uma boa chance de expansão para a oferta da plataforma de curta temporada. Pesquisa recente da empresa, por exemplo, mostra que 37% dos anfitrões brasileiros relataram que o aumento dos preços é um dos principais motivos para terem disponibilizado seus espaços no site. Desta forma, no segundo semestre, o número de proprietários inscritos subiu 50% no país.

Por aqui, o perfil do segmento vem se alterando gradualmente conforme cresce o número de players de protechs (como Nomah e Casai, que recentemente se fundiram) no mercado. Com isso, o segmento tem ganhado profissionalização e atraído fundos de family offices para o negócio, contribuindo também para o aumento da oferta de imóveis dentro da plataforma do Airbnb.

Mais anfitriões, hóspedes e renda

O aumento dos preços como razão para se tornar anfitrião no Airbnb se reflete nos números. Análise da plataforma sobre o segundo trimestre, quando a empresa faturou US$ 2,1 bilhões, revela que o avanço de um ponto na taxa de inflação de um país está associado ao crescimento, em média, de quase quatro pontos percentuais no número de anfitriões.

Em todo o mundo, anfitriões relatam receber hóspedes para ajudar a pagar por suas próprias moradias. De acordo com uma pesquisa da Airbnb, quase 60% dos anfitriões no Brasil disseram que a renda obtida ao disponibilizar seus imóveis na plataforma em 2021 os ajudou a permanecer em suas casas naquele ano.

Não é só o número de anfitriões que cresce proporcionalmente à inflação, mas também a frequência com a qual estes recebem hóspedes para cobrir despesas maiores. Em 2021, o anfitrião brasileiro arrecadou 33% a mais frente a 2019. No total mundial, novos anfitriões lucraram mais de US$ 1,8 bilhão em 2021, 30% a mais que em 2019.

Além disso, novos anúncios ativados no primeiro trimestre de 2022 estão sendo reservados em muito menor tempo que no ano passado. Atualmente, o tempo médio para obter a primeira reserva é de uma semana para a maioria das acomodações na plataforma.

Muitos também estão aproveitando a demanda por espaços únicos para obter renda, visto que essa modalidade arrecadou quase US$ 1 bilhão em 2021. Ainda assim, os anúncios de quartos individuais continuam sendo a maneira mais simples e cada vez mais popular de obter renda, segundo a empresa.

Só no Brasil, segundo os dados da plataforma, os anúncios dessa modalidade cresceram 26,3% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o primeiro trimestre de 2019.

(*) Crédito da foto: freestock-photos/Pixabay