Alexandre Sampaio é presidente da FBHA

Às vésperas do segundo turno das eleições para a presidência da República, nós do Turismo nos deparamos, como sempre, com as especulações de redução dos custos da máquina pública e, por conseguinte, com a extinção de ministérios e, entre eles, o do Turismo.

Fizemos a entrega de um documento “Turismo: +desenvolvimento +emprego +sustentabilidade” a todos os candidatos ao cargo de presidente da República, material idealizado pela quase totalidade das entidades nacionais representativas de todos os campos dos setores turísticos brasileiros e que fazem parte do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Nesta proposta, fica evidente a nossa capacidade de geração de empregos, renda e desenvolvimento.

No entanto, somos nivelados ao campo comum dos esportes e da cultura. Não tenho nada contra isso, pois a economia criativa é sinérgica ao turismo. Da mesma forma que a prática esportiva competitiva, amadora ou profissional, pode propiciar e promover grande movimentação turística ao local onde é realizada.

O problema é que ainda existe uma dificuldade de entendimento dos governantes de todo Brasil, exceto de alguns governadores da região Nordeste, de que o turismo pode e deve ter um papel crucial na retomada do crescimento do país. Suponho que isto advém de nossa incapacidade, enquanto setor empresarial organizado, de se manifestar assertivamente de maneira uníssona e eficiente ao executivo federal e também ao Congresso Nacional e aos demais setores econômicos. Tampouco a população é sensível a esta visão econômica que o turismo pode propiciar.

Isso se explica pela fragmentação do setor, composto, em sua grande maioria, por pequenos e micro empreendimentos. De certa forma, essa divisão dificulta nosso diálogo em razão da multiplicidade do nosso setor. Diálogo esse que precisa ser alinhado com os diversos segmentos como hotelaria, restaurantes, aviação, cruzeiros marítimos, agências de viagens, organizadores de feiras e congressos, turismo de aventura e locação de veículos, entre outros. Com isso, pode não ser tão fácil reunir estratégias de ação e alinhar interesses de todos, apesar de interesses gerais como a reforma tributária a legislação ambiental, por exemplo. 

Entretanto a CNC conseguiu um consenso com o documento “Turismo: +desenvolvimento +emprego +sustentabilidade” onde reuniu não só o primordial para as atividades do setor, mas também os pontos que convergiam no que é essencial para o empreendedorismo no Brasil.

Em função disto devemos ter um mote de comunicação conjuntural que passe uma mensagem ao grande público. Principalmente neste momento de transição governamental em estados importantes do Sudeste e Sul, onde o turismo ainda está relegado a uma atividade lúdica.

Anúncios televisivos, como alguns setores da economia tem feito ultimamente, tem se mostrado eficientes, de grande percepção de valor, além de serem assimilados de maneira eclética por toda faixa etária, nível de escolaridade e renda. Desta forma é possível passar a mensagem de que nosso Ministério é importante, deve ser conduzido profissionalmente, sem contrapartidas políticas e deve ter independência e singularidade. E podemos transigir uma atuação do Turismo conjunta com cultura e esportes, desde que tenhamos a proeminência da pasta.

As associações patronais, juntamente com a CNC, devem tomar a frente desta tarefa, chegar aos candidatos com as demandas necessárias e pleito de um orçamento minimamente exequível para as nossas  necessidades. E talvez ainda com uma lista tríplice de nomes que entendemos atenderem nossas expectativas. Está mais do que na hora do turismo se posicionar.

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Empresário com mais de 30 anos de atuação no mercado hoteleiro do Rio de Janeiro, Alexandre Sampaio é presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), diretor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e presidente do Conselho de Turismo da mesma CNC. Também é responsável pelo cb54 (Comitê Brasileiro de Normalização em Turismo da ABNT) e membro do conselho gestor do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro). 

(*) Crédito da foto: divulgação/FBHA/C.Bocayuva