Existem profissões que nos moldam, nos tiram da nossa zona de conforto e expõem o que há de melhor em nós. Para Alinne Souza, a hotelaria exerceu esse poder. A menina tímida de Salvador, como muitos profissionais, foi parar no setor por acaso, mas não foi à toa que permaneceu.

Em nossa última visita ao Hot Beach Resort, tivemos o prazer de conhecer a chefe de recepção que encontrou em sua função uma forma de desenvolvimento pessoal. De uma família de profissionais da aviação, o sonho de Alinne era seguir carreira na aviação e ser comissária de bordo, mas as coisas acabaram tomando um rumo diferente.

Por sugestão do pai, foi cursar Turismo e arrumou um estágio na recepção do hotel Tropical da Bahia e se encantou pelo dia a dia do cargo. “Eu tinha pavor dos hóspedes. Sempre que chegava um eu arranjava uma desculpa para sair. Eu mudei, cresci e me desenvolvi. Você acha que não é visto, mas o mínimo que você faz tem uma diferença enorme na experiência do hóspede. Lidar com pessoas é um aprendizado constante”, conta.

Ao se formar na faculdade, foi contratada para trabalhar na Costa do Sauípe como recepcionista junior e lá ficou por nove anos, até deixar o empreendimento como subgerente de operações.

Alinne Souza: divisores de águas

Com sua carreira em ascensão e uma rotina acelerada típica da hotelaria, Alinne se viu obrigada a reduzir o ritmo. Com a chegada da maternidade, ela voltou suas forças e energias para cuidar do filho, hoje com sete anos. “Não parei de trabalhar, mas fui para a hotelaria executiva de pequeno porte”.

Neste momento, foi contratada para atuar no Malibu Plaza Hotel, onde permaneceu por cinco anos. “Fiquei lá enquanto meu filho crescia até perceber que eu queria mais. Tomei de decisão de retomar a minha carreira na hotelaria de grande porte em lugares que me trouxessem oportunidades”.

Foi quando surgiu a oportunidade de vir para São Paulo e atuar no Hot Beach Resort. Em fevereiro deste ano, Alinne assumiu como chefe de recepção do empreendimento do Grupo Ferrasa. “Está sendo um desafio muito diferente. Estava acostumada a atuar em resorts horizontais, pé na areia. Existem essas particularidades, mas lidar com pessoas é atender e superar expectativas”.

Mudanças e pandemia

Após apenas 40 dias no Hot Beach, a pandemia explodiu no Brasil. Em uma fase de muitas mudanças, de casa, estado e emprego, a profissional viu o setor entrar em colapso, mas afirma que em linhas gerais, 2020 foi um período de reconquistas. “Foi um ano de retomada da minha vida profissional depois de uma pausa. Passamos a olhar o hotel de uma forma diferente. Foram meses difíceis, mas de muito aprendizado”, avalia.

Vivendo em Olímpia com a mãe e o filho, Alinne se descreve como uma pessoa caseira, que prefere passar o tempo com a família. “Nós três somos muito unidos e fazemos tudo juntos. Eu gosto de estar próxima aos meus e proporcionar bons momentos para as pessoas que eu amo”.

Aos 38 anos, a chefe de recepção espera estar ao lado do Grupo Ferrasa para projetos futuros. “É uma empresa muito focada em crescimento e tem muita coisa ainda para acontecer. Enquanto isso, estou estudando e me aperfeiçoando. Cada atendimento é personalizado e cada pessoa sente de um jeito. E hotelaria é isso. É sentimento”.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News