O turismo internacional manteve o ritmo de recuperação no primeiro semestre de 2025. Segundo dados divulgados pela ONU Turismo (Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas), as chegadas internacionais cresceram 5% em relação ao mesmo período do ano passado, somando quase 690 milhões de viajantes — 33 milhões a mais do que em 2024. A entidade projeta que a tendência de alta deve se manter no segundo semestre, aponta o Monitor Mercantil.
Nas Américas, o desempenho foi mais moderado, com avanço de 3% entre janeiro e junho. O resultado, no entanto, esconde contrastes entre as sub-regiões. A América do Sul liderou a expansão, com 14% de crescimento, confirmando seu papel como motor do turismo no continente. Já a América Central teve avanço discreto de 2%, enquanto o Caribe e a América do Norte permaneceram estáveis (0%).
O bom resultado sul-americano reflete uma combinação de fatores, como a valorização do turismo interno, a crescente conectividade aérea dentro da região e a busca por destinos culturais e naturais a preços mais competitivos. Além disso, políticas de incentivo ao turismo em países como Brasil, Argentina, Colômbia e Chile, somadas à maior procura de viajantes internacionais por experiências autênticas, contribuíram para o crescimento consistente da região no semestre.
No Brasil, a receita do turismo teve incremento de 6,9% nos primeiros seis meses do ano frente ao mesmo período do ano passado, segundo dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), atingindo R$ 108 bilhões no período. A alta foi puxada principalmente pelos segmentos de alojamento e transporte aéreo, segundo o relatório.
Nos Estados Unidos e no Canadá, pequenas quedas puxaram o resultado para baixo. Especialistas apontam que as dificuldades impostas pelo governo Trump na concessão de vistos e o ambiente hostil a imigrantes pesaram na demanda, impactando tanto o turismo receptivo quanto os destinos mais dependentes do mercado norte-americano, como o Caribe.
A ONU Turismo destaca que fatores econômicos e geopolíticos têm afetado a confiança dos consumidores. De acordo com pesquisa realizada recentemente, a queda da confiança do consumidor como é um dos principais riscos ao turismo global. Questões como tensões comerciais, aumento de tarifas e novos requisitos de viagem também figuram entre as preocupações.
Desempenho por região
Na comparação por continentes, a África registrou alta de 12% nas chegadas internacionais, enquanto a Ásia e o Pacífico cresceram 11%, impulsionados sobretudo pelo salto de 20% no Nordeste Asiático. A Europa recebeu quase 340 milhões de turistas internacionais, número 4% superior ao de 2024. Já o Oriente Médio recuou 4%, movimento que ocorre após uma recuperação muito forte no pós-pandemia — com 29% mais chegadas em relação a 2019.
O relatório também mostra expansão nos gastos com viagens ao exterior. Os turistas chineses desembolsaram 16% a mais até março, enquanto Reino Unido (+15%), Espanha (+16%), Cingapura (+10%) e Coreia do Sul (+8%) também registraram aumentos significativos.
“O turismo internacional continua a apresentar forte impulso e resiliência”, afirma Zurab Pololikashvili, secretário-geral da ONU Turismo, ressaltando a contribuição da atividade para economias locais, empregos e geração de renda. Ele reforça, ainda, a importância de garantir que esse crescimento siga de forma sustentável e inclusiva.
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