O Banco Central do Brasil revisou suas projeções econômicas no relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado recentemente. A instituição elevou a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 1,9% para 2,3% para o ano corrente, refletindo um cenário de surpresas positivas no primeiro trimestre, especialmente em impostos, consumo das famílias e investimentos.

“A revisão foi bastante afetada por surpresas positivas no primeiro trimestre, notadamente em impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimentos)'”, informou o Banco Central.

Impacto das enchentes no Rio Grande do Sul

O relatório também aborda o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram a economia regional de maneira significativa. O Banco Central avaliou que o efeito da tragédia climática será modesto no crescimento do PIB nacional. Setores como agropecuária e serviços foram os mais impactados negativamente, enquanto a reconstrução e a reposição de bens duráveis devem impulsionar a economia no segundo semestre.

“Estima-se, com grau elevado de incerteza, que a tragédia climática no Rio Grande do Sul terá impacto modesto sobre o crescimento anual do PIB nacional. Os efeitos negativos devem ser bastante concentrados no segundo trimestre e compensados pelos esforços de reconstrução e pela aquisição extraordinária de bens de capital, de bens duráveis e de vestuário, que devem ocorrer principalmente na segunda metade do ano. Setorialmente, contudo, deve haver heterogeneidade relevante”, avaliou a instituição.

Projeções de inflação ajustadas

Além do crescimento econômico, o Banco Central também ajustou sua projeção para a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A estimativa para 2024 foi elevada de 3,5% para 4%, refletindo uma revisão cautelosa diante das pressões inflacionárias persistentes.

A meta estabelecida para este ano é de 3%, com uma margem de tolerância que permite oscilações entre 1,5% e 4,5%. A probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior subiu de 19% para 28%, indicando um cenário de vigilância econômica intensificada pelo Banco Central.

Olhando para frente, as projeções para os anos seguintes também foram ajustadas. Para 2025, a estimativa de inflação subiu para 3,4%, enquanto para 2026 permaneceu estável em 3,2%. Essas revisões refletem a estratégia do Banco Central de garantir a estabilidade de preços a longo prazo, ajustando as políticas monetárias conforme necessário.

(*) Crédito da foto: Reprodução/Folhapress