Belmond Copacabana Palace - fachadaÍcone carioca, o Copa é também um símbolo do Rio

Foi por pouco, mas pelo menos não perdemos completamente o timing. Ícone maior da hotelaria carioca, o Belmond Copacabana Palace celebra 95 anos de fundação nesta semana. Inaugurado em 13 de agosto de 1923, o tradicional empreendimento se aproxima do centenário ainda como uma referência em hospitalidade, gastronômica e, principalmente, excelência de atendimento.

Carioca da gema, o hotel sempre esteve presente na minha memória afetiva relacionada à cidade. Ele está lá, juntamente com o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e o Maracanã, entre os símbolos da Cidade Maravilhosa. Sua importância histórica também é inegável. Erguido pela família Guinle a pedido do presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), é um marco arquitetônico do Rio.

O imponente edifício foi o primeiro de grande porte erguido no hoje densamente ocupado bairro de Copacabana. Mais ainda, não seria exagero dizer que sua construção contribuiu para a expansão do Rio de Janeiro rumo à Zona Sul. Hoje, 95 anos depois da abertura, o prédio continua não sendo imperceptível por quem passa na orla. É impossível não notá-lo, mesmo cerca de prédios muito mais altos ao redor. Em 2008, o empreendimento foi justamente tombado como patrimônio cultural do Rio – e não poderia ser diferente. 

Belmond Copacabana Palace: memória

Tive oportunidade de me hospedar duas vezes no Belmond Copacabana Palace. Uma delas a convite de Philip Carruthers, ex-diretor superintendente da Orient Express, antiga proprietária do então Copacabana Palace. Na ocasião, fiz meu primeiro In Loco pelo Hotelier News. Isso foi há 11 anos, mas tudo continua fresco em minha memória. Fiquei duas noites e, a partir dali, estabeleci uma boa relação jornalista-fonte com Carruthers, um inglês que chegou ainda jovem ao Rio e que mantinha seu sotaque britânico ainda intacto, mesmo tanto tempo depois.

Belmond Copacabana Palace - capaHotel é também um marco arquitetônico no Rio 

Foi uma experiência pessoal e profissional inesquecível. Primeiro, como todo carioca, sempre quis mergulhar naquela imponente piscina, jantar no Cipriani, tomar um drinque no Bar do Copa ou mesmo perambular por aqueles corredores, que já receberam príncipes, imperadores, celebridades e centenas de milhares de pessoas comuns como eu. Fiz check-out levando na mala boas lembranças, histórias para contar para minhas filhas e um livro sobre o hotel escrito pelo jornalista Ricardo Boechat na mochila. Ah, claro, fui embora me sentindo especial.

Voltei 10 anos depois para celebrar com a família meu aniversário. Fiquei quatro noites e, mesmo tanto tempo depois, pude perceber que pouca coisa havia mudado. Sim, o hotel era outro em termos de infraestrutura, longe de parecer ter 94 anos em função dos diversos projetos de renovação nos últimos anos, mas o cuidado com o hóspede, o atendimento personalizado, permanecia o mesmo. Nesses memoráveis dias, adorei ser chamado de “Sr. Medeiros”.

Saí de lá novamente me sentindo especial. Acho que muitos hóspedes do hotel compartilham desse sentimento. Em meio à era digital, nós do Hotelier News sempre insistimos que, antes de qualquer tecnologia, hotelaria é acima de tudo experiência. O Belmond Copacabana Palace vende isso como ninguém. Parabéns pelos 95 anos, e que venham outros 95.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Belmond

(**) Crédito da foto: Reprodução de internet/Postal editado pela Casa J.F.N. (1930)