Anhembi São PauloVenda deve acontecer em meados de setembro

Em votação definitiva realizada ontem (2), a Câmara Municipal de São Paulo aprovou o projeto de lei que autoriza a privatização do complexo do Anhembi. A decisão serve como aval para a prefeitura dar andamento num processo desejado desde a posse da atual gestão. A administração municipal trabalha agora com um prazo definido: em setembro, o empreendimento deve estar nas mãos da iniciativa privada.

A prefeitura esclarece que a autorização para executar a venda existe desde o ano passado. O motivo da votação de ontem foi aprovar um complemento definindo parâmetros para o PIU (Projeto de Intervenção Urbana) do Anhembi. "O PL (Projeto de Lei) 11/2018 estabelece as regras de uso e ocupação do solo de 1,7 milhão de metros quadrados (m²)", resume a Secretaria Municipal de Desestatização e Parcerias do governo paulistano.

Os limites estabelecidos agora ultrapassam o Plano Diretor da cidade, que permitia potencial construtivo de 1 milhão de m². Essa mudança, provavelmente, torna a negociação mais atrativa para investidores. Fala-se em arrecadação de R$ 2 bilhões com a venda, que deve acontecer daqui há quatro meses, com leilão na bolsa.

Às empresas interessadas na aquisição, a prefeitura oferece um incentivo para que os novos proprietários mantenham o objetivo do complexo. A única exigência, no entanto, é a manutenção do Sambódromo. "É um incentivo de 20% no potencial construtivo, se o novo dono da área mantiver a vocação do local para eventos", aponta a prefeitura.

Assim como o antigo gestor, o governo municipal atual parece acreditar que a nova proprietária manterá a atração de eventos como prioridade. Durante a Abav Expo do ano passado, já com o trâmite de privatização em andamento, João Dória sugeriu aos organizadores que voltassem ao Anhembi nos anos seguintes. Na ocasião, o então prefeito exaltou seu plano de desestatização e garantiu que o complexo continuaria com o mesmo propósito.

Novo Anhembi para o setor de eventos

Com a função de atrair eventos para a cidade, o Visite São Paulo comenta que continua tratando o Anhembi como um dos principais equipamentos disponíveis. De acordo com Toni Sando, presidente executivo da associação, esse já era um movimento previsto desde o início da atual gestão municipal. "Eventos em curto prazo não são impactados. E aos de longo prazo, a negociação deverá ser analisada pelos administradores atuais", pontua.

Segundo aponta o executivo, a mudança de administração, de público para privado, não modifica o trabalho da associação. "A privatização é vista com bons olhos ao passo que garante mais independência para desenvolvimento de projetos, ações, investimentos, parcerias, marketing, tomada de decisões, sem burocracia". Sando ainda articula que, dessa forma, o poder público pode dar atenção a questões mais importantes para a população. "Focar no essencial, com suas pastas e subpastas em diálogo com empresas e entidades do setor para trabalhar em sintonia", afirma.

Toni SandoSando revela que o mercado de eventos já trabalhava com a privatização em mente

O presidente revela que, por meio do Conselho Municipal de Turismo, acompanhou a evolução do assunto. "Participamos das audiências públicas na Câmara de Vereadores, sempre com a proposta do equilíbrio desenvolver a região", conta. Conforme conta o executivo, nessas ocasiões o pleito sempre foi no sentido de manter a vocação atual do complexo. "Auxiliamos em mostrar o panorama do mercado de captação de eventos e quais caminhos podem ajudar a desenvolver o setor", conta.

Em linhas gerais, o dirigente tem a expectativa de que a privatização possa trazer benefícios para o destino. Segundo ele, vai depender muito ainda da definição do comprador, mas ações como modernização do complexo e acréscimo hoteleiro na estrutura são medidas vistas como positivas.

Fim da SPTuris

O projeto de privatização implica no fim da SPTuris (São Paulo Turismo), responsável atual pela gestão do complexo localizado na zona Norte paulistana. Isso faz com que outra secretaria deva ser criada para cuidar do turismo na cidade.

"A SPTuris será vendida. A empresa com todo o seu ativo e passivo. As atividades ligadas ao turismo devem ser exercidas por pasta ou agencia a ser criada para este fim. Isso ainda está em estudo pela gestão", aponta a representação da prefeitura.

(*) Crédito da foto: SPTuris/divulgação