Com o crescimento dos serviços chegando a 1,7% no mês de junho, a projeção da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) para o setor em 2024 foi revisada para cima, saindo de 2% (resultado da última estimativa) para 2,2%. A elevação superou as marcas dos meses de junho de 2023 e 2022 e supera em 14,3% o nível registrado no período pré-pandêmico.

Os dados são da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada hoje (13). Para o restante do ano, a interrupção do processo de afrouxamento monetário, iniciado em agosto de 2023, impacta as expectativas quanto ao nível de atividade econômica, afetando serviços turísticos mais dependentes das condições de crédito, como passagens aéreas e pacotes de viagens.

Apesar desse cenário mais desafiador, o desempenho recente do mercado de trabalho deverá assegurar o avanço anual também no turismo, na ordem de 3,4%. “O setor de serviços desempenha um papel muito importante para o Brasil, já que impulsiona o crescimento da economia ao ser o maior gerador de empregos no país”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC.

“Esse movimento aquece o mercado e estimula, principalmente, o desenvolvimento das pequenas empresas, suscitando novas demandas e ampliando as possibilidades de negócios em todo o país”, ressalta o executivo.

Queda no desemprego acelera serviços

Entre os fatores para o crescimento do setor de serviços acima da média dos últimos anos está o comportamento dos preços no curto prazo. “Além disso, em uma perspectiva mais ampla, a inflação dos serviços tem convergido para um nível cada vez mais próximo do índice geral de preços, embora ainda seja mais alta que o IPCA desde o terceiro trimestre de 2022”, comenta Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise.

Com a menor taxa de desemprego em 10 anos, é o mercado de trabalho que tem se destacado em puxar os resultados do setor de serviços. Somado à massa real de rendimentos, que apresentou variação real de quase 8% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, o cenário tem impulsionado as receitas, especialmente em relação aos serviços prestados às famílias e aos serviços de informação.

“Os serviços de informação e comunicação e os transportes alavancaram as receitas em junho, contribuindo para a recuperação do cenário, que também está mais otimista quando comparamos o primeiro semestre deste ano com o período correspondente em 2023”, analisa Bentes.

Turismo avança, mas crise no RS impacta

No turismo, houve alta de 3,4% em junho em relação a maio. Essa foi a maior taxa mensal desde maio de 2023, quando o crescimento foi de 4,6%. As atividades turísticas registraram variação de 1,3% no acumulado do primeiro semestre. Já o volume de receitas está 7,7% acima do observado no início da crise sanitária. Segundo dados mensais da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), a quantidade de passageiros transportados em regime de fretamento rodoviário cresceu 3% no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023. As viagens de ônibus intermunicipais aumentaram 33,9%.

Por outro lado, a crise climática no Rio Grande do Sul impactou os números. A quantidade de passageiros que utilizaram o fretamento rodoviário para se deslocar ao estado caiu 6,8% em comparação a maio, e 32,2% em relação a junho de 2023. Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o fechamento do Aeroporto Internacional de Porto Alegre reduziu o fluxo de passageiros ao RS em 82% nos meses de maio e junho deste ano, totalizando 116,5 mil passageiros, contra 647,1 mil registrados nos mesmos meses do ano passado.

(*) Crédito da foto: Pixabay