A tragédia era anunciada. Desde o início da pandemia, especialistas apontavam uma possível segunda onda de contágios por Covid-19 pelo mundo. Dito e feito. A Europa, que se recuperava aparentemente bem do surto, vive um novo momento de caos. No Reino Unido, leitos de hospitais estão ficando cada vez mais escassos. Para auxiliar o sistema de saúde, a Best Western passou a receber pacientes infectados, segundo divulgado pela CNN.

Em abril do ano passado, a rede já havia lançado um pacote de ajuda aos profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao coronavírus. Agora, a unidade localizada no subúrbio londrino de Croydon opera como uma extensão dos hospitais. No saguão, ao invés de hóspedes, há apenas uma mesa com frasco de desinfetante e uma caixa de máscaras.

O empreendimento de 107 UHs vem funcionando como enfermaria de recuperação para pacientes de Covid-19, como parte de um programa piloto para socorrer hospitais locais que se encontram sob pressão. Em entrevista ao portal de notícias, Alex Palaghiu, gerente geral, explica que a transição foi improvisada e motivada pela necessidade de ajudar o sistema de saúde da capital inglesa. “Estamos muito orgulhosos de fazer parte disso, então é uma sensação muito boa fazer parte de algo. Acredito que todos deveriam se unir para apoiar e salvar vidas”.

O Best Western é o primeiro hotel do Reino Unido a participar do programa e, se bem-sucedido, pode servir de modelo para outros empreendimentos hoteleiros, vazios devido aos bloqueios e restrições de viagens.

Best Western: escassez de leitos

O sistema de saúde de Londres ligou um alerta vermelho para a quantidade de leitos disponíveis, além da descoberta de uma nova variante do coronavírus. Segundo Boris Johnson, primeiro-ministro, as unidades de UTI do país correm riscos de serem acometidas pela doença, que já infectou mais de 3,2 milhões de pessoas e matou 84 mil.

Leitos hospitalares se tornaram bens preciosos e, até o momento, apenas três pacientes se recuperam no primeiro andar do hotel“”A indústria da hospitalidade está virtualmente fechada, por isso estamos todos dispostos a abrir nossas portas e melhorar as pessoas doentes o mais rápido possível”, explicou Meher Nawab, CEO do London Hotel Group, do qual a Best Western faz parte.

Apesar da disponibilidade de camas, não há médicos no empreendimento para dar suporte aos pacientes, pois ainda se encontram em isolamento. “Eu e minha equipe estamos muito confiantes de que tudo correrá bem e que criamos um ambiente seguro para nossa equipe e também para esses pacientes com alta precoce”, explicou Palaghiu.

A entrega de refeições sem contato ocorre três vezes ao dia, e os telefones funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, em caso de emergência.Os funcionários concluíram um curso de treinamento em vídeo fornecido pelo sistema de saúde, intensificaram suas práticas de higiene e instalaram sistemas de filtragem de ar em todo o edifício.

“A sensação é de que não estamos com medo. Estamos devidamente treinados e o padrão de limpeza é mais alto do que nunca. Por isso, estamos confiantes”, salienta o gerente.

“Por meio da Best Western, temos mais de 5.000 quartos de hotel disponíveis. Várias outras marcas (de hotéis) nos procuraram e poderíamos em semanas ter 10.000, 15.000, 20.000 quartos de hotel abertos para ajudar”, disse Nawab.

(*) Crédito da foto: reprodução/CNN