Passado pouco mais de um ano de nossa primeira reportagem, o projeto do complexo turístico-residencial Maraey, em Maricá (RJ), segue a todo vapor. Mesmo com a pandemia, as tratativas relacionadas ao projeto bilionário da IDB Brasil – orçado em R$ 11 bilhões – avançaram. Uma licença de instalação separa o empreendimento do início das obras, cuja liberação deve ocorrer em breve. Já o prazo de inauguração da primeira fase é para final de 2023 ou início de 2024.

“Em um ano, as coisas avançaram muito. Foi muito tempo em busca de todos os licenciamentos. Então, sair de um projeto greenfield desse porte para dar início às obras é um marco muito importante. O complexo entra em outro patamar”, afirma Emilio Izquierdo, CEO da IDB Brasil. No total, o Maraey terá quatro hotéis e uma universidade de hotelaria. “Teremos um convention resort, um eco-resort de luxo, um all inclusive e um golfe resort “, completa.

Ele acrescenta que, dos quatro resorts, apenas um ainda não tem bandeira definida, o de golfe. “Recebemos duas propostas e estamos em fase de concorrência”, afirma, sem revelar as marcas dos demais empreendimentos. Izquierdo destaca ainda a complementaridade dos projetos, o que ajudaria a consolidar Maraey como um destino turístico.

“Nossa estimativa é atrair 300 mil turistas por ano. E isso de forma direta, mas há uma demanda indireta que pode elevar essa conta em até 50%”, comenta. “Mesmo após a pandemia, mantivemos o masterplan, que tem um viés sustentável e ocupação predial de apenas 6,6% do total da área (844 hectares). Adaptamos, contudo, os apartamentos às novas tendências ampliando as varadas, por exemplo. Criamos também espaços de coworking“, completa.

Pelo que apurou a reportagem do Hotelier News, a liberação de cassinos seria uma das pretensões dos desenvolvedores para o complexo. Questionado sobre o assunto, Izquierdo não negou, mas disse que o sucesso do projeto não está ligado aos jogos de azar. “Para o Brasil, penso que seria positivo: impulsionaria o turismo e a criação de emprego. Nosso empreendimento, contudo, tem viabilidade empresarial independentemente disso, seja hoteleiro ou imobiliário”, avalia. “Estamos focados em nossa proposta turística e habitacional. Há quatro ou cinco anos se fala no tema, mas nada aconteceu até aqui”, acrescenta.

Complexo Maraey - obras e pós-pandemia_Emilio Izquierdo

Izquierdo: pandemia trouxe desafios ao turismo, mas indicadores macroeconômicos são positivos

Complexo Marey: residencial

Na área residencial, imóveis de diferentes tipologias (como villas e apartamentos), além de shopping e escolas estão previstos. Para ele, o setor imobiliário deu resposta satisfatória durante a pandemia. “Nossa proposta é fundamentalmente para primeira moradia. O público-alvo é formado cariocas e moradores do Grande Rio buscando mais qualidade de vida”, explica Izquierdo. “Com a pandemia, essa visão de moradia ganha ainda mais força, e o turismo de lazer também”, completa.

O executivo se mostrou confiante com o potencial do complexo, mesmo com o provável cenário de crise econômica no país no pós-pandemia. “Do ponto de vista macro, as expectativas relacionadas ao Brasil podem ser bastante positivas. As correções da queda do PIB é um indicativo, assim como a Selic em mínimos históricos”, explica. “Falo regularmente com fundos nacionais e internacionais e, se o país caminhar na agenda de reformas, 2021 pode ser de chegada massiva de capital internacional”, completa.

A IDB Brasil é controlada por empresas espanholas, mas tem também capital norte-americano, chinês e brasileiro. Entre os grupos controladores estão Abacus Property Development e o Grupo Cetya, que tem negócios em várias áreas, desde exportação de matéria-prima à promoção imobiliária. Em sua terra natal, já desenvolveu outros projetos de uso misto como o Maraey, além de hospitais e colégios. No Brasil, será a primeira aposta.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/IDB Brasil