De acordo com levantamento do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o ICC (Índice de Confiança do Consumidor) caiu 0,2 ponto em abril, chegando a 86,8 pontos. Em médias móveis trimestrais, o indicador avança 0,3 ponto após quatro meses de queda, mantendo-se em 86,1.

“A confiança dos consumidores acomodou em abril em patamar considerado baixo em termos históricos. Assim como no mês anterior, a heterogeneidade dos resultados torna difícil uma sinalização mais clara sobre as perspectivas futuras. Há aumento do pessimismo das famílias com renda familiar mais baixa e redução para as de maior poder aquisitivo”, diz Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens.

“Esse cenário pode estar relacionado ainda a um alto endividamento das famílias, principalmente as de menor renda, junto com a alta das perspectivas de inflação para os próximos meses e dificuldade de acesso ao crédito. Ainda que o novo arcabouço fiscal tenha sido apresentado, isso está gerando incerteza, o que afeta as decisões no curto prazo”, completa.

Análise do resultado

No período, a acomodação da confiança do consumidor foi influenciada pela estabilidade nas avaliações sobre a situação atual e ligeira piora das perspectivas para os próximos meses. O ISA (Índice de Situação Atual) variou 0,1 ponto, chegando a 72,1, melhor resultado desde outubro de 2022 (74,5 pontos), enquanto o IE (Índice de Expectativas) cedeu 0,4 ponto, para 97,6.

A intenção de compras de bens duráveis foi o quesito que mais influenciou a queda da confiança do consumidor em abril. O indicador recuou 4,3 pontos, atingindo 80,5 e perdendo 55% dos ganhos obtidos no mês anterior, principalmente nas faixas de renda mais baixas. Já o índice que mede as expectativas sobre a situação futura da economia recuou 0,4 ponto, chegando a 112,4. No sentido contrário, as perspectivas sobre a situação financeira futura da família avançou 3,5 pontos, atingindo 100,1, maior patamar desde dezembro de 2022 (105,0 pontos).

Nas avaliações sobre o momento, a percepção dos consumidores sobre a situação financeira das famílias retraiu 0,5 ponto, para 63,6, voltando ao nível observado em dezembro do ano passado. Em contrapartida, a perspectiva sobre a situação econômica atual avançou 0,7 ponto, para 81,1, maior resultado desde novembro de 2022.

A análise por faixas de renda mostra resultados ainda heterogêneos. Em abril, o índice foi influenciado principalmente pela piora da confiança dos consumidores com renda familiar abaixo de R$ 2,1 mil, cujo indicador recuou 7,9 pontos após a alta de 4,0 em março. Apenas as famílias com maior poder aquisitivo alcançaram o nível de 90 pontos. As faixas com renda familiar entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 e acima de R$ 9.600,01 tiveram incremento de 1,2 e 2,8 pontos, respectivamente. O avanço é resultado da melhora nas expectativas para os próximos meses, acompanhada de relativa estabilidade na percepção da situação atual.

(*) Crédito da capa: stevepb/Pixabay