Vista permanente das suítes Bossa e Bossa N' Sugar do yoo2 Rio de Janeiro
(fotos: Peter Kutuchian)

A cidade do Rio de Janeiro, desde que foi escolhida para sediar a primeira edição dos Jogos Olímpicos realizados na América do Sul, passou para a área nobre da gôndola de destinos internacionais. A publicidade da Cidade Maravilhosa pegou carona também com o mega evento futebolístico que aconteceu há dois anos. Desde então, os preços dos imóveis dispararam e ultrapassaram os de São Paulo, que sempre se vangloriou em ter o metro quadrado mais caro em uma capital do continente sul-americano. E foi justamente no Rio que o primeiro yoo2 do mundo foi inaugurado um mês antes da Olimpíada começar, num projeto que estava nas pranchetas digitais há cinco anos. Para a Intercity, que detém os direitos de expansão e operação da marca na América do Sul, o yoo2 é um hotel-design e, com certeza, o empreendimento veio para trazer vida nova à hotelaria da zona sul da cidade.

Mas antes de escrevermos sobre o hotel, vamos voltar no tempo e relembrar um pouco da história e como a divulgação do Rio de Janeiro teve forte apelo pela mídia internacional no início dos anos 1940. Foi quando Carmen Miranda começou a apresentar seus balangandãs​ nos filmes produzidos em Hollywood e que mostravam de alguma forma cenas do cotidiano carioca. Essa tendência confirmou-se durante todos os anos 1950. Depois, a Bossa Nova entrou nos ouvidos do mundo, passando a ser a principal propaganda do Rio. Na segunda metade dos anos 1960, Tom Jobim subiu ao céu quando Frank Sinatra ligou dizendo que queria gravar um LP com ele. Copacabana já havia se tornado uma das praias mais famosas do mundo, seu nome saíra sorrateiramente da boca de Carmem Miranda vinte e poucos anos antes – havia até o night club Copacabana em Nova York, aberto em 1940, onde muitos cantores fizeram seu debut – e, agora, Ipanema era vista com palco do rebolado da garota, cantada pelo maior astro da música do mundo, The Blue Eyes Frank, numa das fabulosas criações musicais com a assinatura Tom e Vinícius. 

Em 1970, o Brasil consagrou-se tricampeão no futebol, levantando a taça e brindando ao som da música de Miguel Gustavo, Pra frente Brasil. O País dava pulos pelo milagre do pau-oco econômico encomendado pela cúpula militar, que regia o País. O que Juscelino plantara com o conceito "50 anos em cinco" começava a surtir efeito. A Transamazônica prometia um novo Brasil e a voz meio rouca ainda deTim Maia começava a embalar as sensações da vida mansa banhada pelo sol e pela maresia. Um trio de músicos seminus, Secos & Molhados – e pintados -, cantava músicas nunca antes ouvidas e Raul Seixas dizia que o Corcel 73 era o seu sonho de consumo. Antes da década terminar, Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha espalharam também pelo mundo a doçura da musicalidade brasileira.

Os anos oitenta e noventa poderiam ser esquecidos pois trouxeram um revés às cores e formas das duas décadas passadas, o psicodelismo que antes era a fonte da essência da musicalidade, design e forma de viver foi pausado com a entrada de um 'véu branco'. O governo Brizola pactuou com as forças ocultas morro acima e daí o Rio de Janeiro viveu um período de ostracismo, sendo, [um pouco] salvo pelas letras de Cazuza, Legião Urbana, pela batida da Blitz, Lobão, entre tantos outros. Marina Lima até cantou “o hotel Marina quando acende…", além da literatura e da nova forma de fazer cinema.

A vitrolinha e alguns LP's fazem parte das amenidades da Suíte Celebration

A hotelaria havia parado no tempo. 95% dos hotéis viviam passivamente, acomodando hóspedes que ainda eram atraídos pela fama de Copacabana e do Carnaval. Salva pelas marcas internacionais como Sheraton, InterContinental e Le Meridien e algumas nacionais como Othon e Luxor, a hotelaria carioca não viu nenhuma novidade até a chegada, já no início deste século, de hotéis diferenciados como JW Marriott, Fasano, Santa Teresa e pequenos empreendimentos boutique que nem entravam no rol de opções para o público nacional. O Copacabana Palace que, como produto estava cansado, renasceu depois que foi vendido para um grupo internacional. O Glória estava fora do eixo do turismo e além disso precisava de uma reforma urgente, algo que quase saiu do papel, mas que o modus operandi Eikeniano enterrou de vez.

Outras redes desembarcaram como a Accor, que com o Sofitel em frente do Forte de Copacabana, implantou a essência francesa frente aos modos espanhóis e portugueses, que administram ainda a maioria dos empreendimentos cariocas. O Caesar Park Ipanema também trouxe um modelo de atendimento diferenciado e a rede Windsor cresceu tornando-se a maior da cidade.

Nos últimos dois anos, o Rio de Janeiro, principalmente a Barra viu seu número de hotéis crescer de uma forma pouco ortodoxa. Novas marcas internacionais chegaram como Hyatt, Hilton, Novotel, Trump, Mama Shelter, Gallery by Sofitel e outras nacionais como o hotel todo branco e design da Blue Tree no Recreio. Algumas ainda ensaiam a abertura como a Meliá que chega para reabrir o antigo Hotel Nacional, outro marco hoteleiro da década oitenta.

Julho de 2016. A Intercity Hotels, uma das redes que mais cresce no País, almejando ser a terceira colocada no ranking nacional daqui a poucos anos, que é comandada pelo gaúcho Alexandre Gehlen, inaugura o yoo2, o primeiro de uma marca internacional a ser aberto no mundo e que foi desenvolvida pelo studio londrino de design que tem Philippe Starck como associado, famoso por já ter concebido hotéis diferenciados na Europa e Américas.

A reportagem do Hôtelier News foi conhecer o empreendimento, que traz em sua egrégora tudo que está no 'HD' central da consciência coletiva referente a essência carioca desde que Carmem Miranda chacoalhou as frutas da sua cabeça. O empreendimento, que e é considerado um hotel-design por seus criadores, tem potencial para ser um dos top five de categoria lifestyle do Rio. Por quê? Dois motivos: primeiro pelo produto em si, pela concepção, decoração, atendimento e gastronomia. E, segundo, por estar em frente à baía de Botafogo, mirando sublimemente o Pão de Acúcar em um ângulo de verdadeiro cartão-postal.


A discrição da fachada do yoo2 é talvez uma das melhores propagandas do hotel

Além disso o bairro de Botafogo está entrando em uma nova fase, sendo até chamada de BotaSoho. Os melhores restaurantes da cidade na atualidade como Irajá, Miam Miam, Joaquina, Lima Restobar estão por lá. Botafogo está no epicentro carioca, a 15 minutos do Aeroporto Santos Dumont, da Lagoa de Freitas, Lapa, Urca, de Copacabana, Santa Teresa e do Corcovado. Quer sair pelo Rio por uma forma única? É só ir até a Marina da Glória e zarpar num veleiro ou lancha para ver cenários que ficarão na sua memória. Olhar o Rio como se fosse o oceano.

Sem dúvida, na sua próxima ida ao Rio de Janeiro, escolha o yoo2 Rio e reserve uma suíte de categoria Bossa ou Bossa N’Sugar, no andar mais alto que puder, e curta essa experiência. Ah. Se for na Bossa N’Sugar, você terá o privilégio de ter as duas vistas mais importantes da cidade: o Pão de Açucar e o Corcovado, com o Redentor abençoando sua hospedagem. Bem-vindo ao Rio!

Por Peter Kutuchian*

Entrando pela porta encontramos um lobby retangular dividido em três áreas, do lado direito fica o balcão da recepção, que foi projetado para ser pequeno propositadamente: a ideia é que o atendimento seja despojado e não seja resumido na forma tradicional de atender o hóspede. Enquanto era cumprimentado pela gerência do hotel no meio do lobby, o recepcionista veio até onde estávamos e pediu para eu assinar a FNRH (Ficha Nacional de Registro de Hóspedes) no tablet e que já estava preenchida, me entregando as chaves e desejando uma boa estada. Em seguida, o gerente me acompanhou até a suíte. "Os hóspedes vips têm esse tratamento especial e a ideia é que eles sejam recepcionados de uma forma com a qual sinta-se num ambiente acolhedor e especial", explica Marcelo Marinho, diretor de Marketing e Operações da Intercity.

Vista parcial do Rooftop, onde entre tapas e drinques, empresários da moda
e cultura estão se acostumando a realizar seus eventos

Em frente à recepção, que tem o concreto como base sua concepção, representando o urbano, fica um painel vivo com plantas e ao lado os elevadores, cujas portas externas são texturizadas com imagens de folhas. Esse lado do lobby representa a natureza e o ato de subir dos ascensores faz uma analogia com a elevação espiritual que temos quando estamos em contato com ela. 

Dois terços do lobby estão destinados ao convívio social, do lado direito, logo atrás da recepção, há um conjunto de sofás e uma grande estante com variados objetos de decoração, representando a criação contemporânea da moda, literatura e do design. O elemento madeira foi utilizado como base para identificar a transformação que o homem faz com a natureza além de prover da sensação de aconchego. 


Amostra do grafite feito por Marcelo Ment no yoo2 Rio

Na outra parede, um amplo monitor mostra o making of da arte que foi implementada em todo o fosso dos elevadores pelo grafiteiro carioca Marcelo Ment e que pode ser vista durante o sobe e desce através das paredes internas de vidro dos ascensores. O intuito na criação? "Mostrar um pouco as formas, cores e atrações do Rio", comenta Marinho, que completa: "foi a forma que encontramos para criar a experiência durante as viagens internas".

Finalizando a área do lobby, no final dele, há um pequeno corredor que dá acesso ao restaurante Cariocally. As paredes de tons escuros e um biombo criam suspense para a entrada na principal área gastronômica do yoo2 Rio – leia abaixo no box Gastronomia os detalhes. 

Panorâmica feita do Rooftop onde podemos ver o Pão de Açucar e o Corcovado

Completando as áreas sociais, o Rooftop, como o próprio nome diz está situado na cobertura, concentra as estonteantes vistas do Pão de Açucar e do Corcovado com a piscina, área de descanso e o bar, que serve tapas e outros petiscos, todos elaborados sob a batuta do chef gaúcho Marcelo Schambeck.

O Rooftop já virou point na cidade, inclusive para eventos, principalmente aqueles ligados à moda e entretenimento. É também na cobertura que estão a piscina e área para descanso e lazer. "Durante estes quase quatro meses de operação, pudemos perceber que os hóspedes têm utilizado tanto a gastronomia como o Rooftop. Esta atitude nos deixa muito realizados e propõe que o yoo2 está se consolidando como um hotel-destino, onde os clientes vêm e desejam ficar", comenta Marcelo.

Experiências – Hospedagem
O yoo2 Rio tem 144 habitações e, sem dúvida, as melhores são as Suítes Bossa e Bossa N' Sugar, todas localizadas na frente do edifício ou seja, com vista para o Pão de Açucar ou Corcovado. As unidades laterais têm vista parcial da baía ou do Cristo Redentor. Nós ficamos em uma Bossa N' Sugar, que deixa ver as duas principais atrações do Rio de Janeiro, pois ela está situada na "esquina" do edifício. 

A decoração em tons cinza, imitando o concreto tanto nas paredes como no piso, tem seus motivos. A ideia é enaltecer o visual externo. Com mobiliário diferenciado, a Suíte Bossa N' Sugar tem cama king, a yoo bed, de onde podemos observar, incansavelmente, o Pão de Açúcar. 

No corredor uma ampla bancada facilita a colocação de objetos e serve de apoio o tempo todo. O armário vira um coadjuvante, mas quando suas portas são abertas o tom amarelo salta aos olhos, da mesma forma com a moldura que envolve a TV, como se fosse um quadro, e que está presa a chamada "yoo tree", móvel de madeira que vai do teto ao chão, danto suporte ao monitor, seu controle e onde está a pequena lixeira da habitação.

Para sentar, um conjunto formado por uma mesa redonda e duas cadeiras com design assinado por Fernando Jaegar, além de uma chaise. O frigobar, operado pela Anserve, conta com itens orgânicos e diferenciados e no amplo banheiro, com vista para o Corcovado, há amenities especiais, banheira de hidro-massagem e chuveiro.

Experiências – Gastronomia
Marcelo Schambeck foi chef escolhido para comandar a gastronomia do Cariocally e do Rooftop, a parceria nasceu em Porto Alegre, onde fica a sede da Intercity e também cidade na qual Schambeck é proprietário do Del Barbiere, além de ser figura notória no cenário gastronômico da capital gaúcha. Na gastronomia desenvolvida por ele, Marcelo valoriza os ingredientes e produtos orgânicos, respeitando a sazonalidade e a regionalização dos sabores.

Experimentamos alguns pratos do Cariocally, no jantar, café da manhã e almoço executivo. Provamos pescados e frutos do mar, que se mostraram muito bem preparados e com uma apresentação esmerada.

Nossa impressão foi sacramentada pelo café da manhã, cuja apresentação e preparo, principalmente pela qualidade ao invés da quantidade. Tudo que é oferecido na primeira refeição do dia é diferenciado, confira nas fotos da galeria abaixo.

Experiência – Destino
O Rio de Janeiro é uma capital única no mundo. A mescla do mar com o relevo das montanhas, matas e dos rochedos é uma característica que quase nenhuma outra grande cidade possui. Se fossemos falar de todos os roteiros disponíveis na Cidade Maravilhosa, teríamos que ter uma matéria apenas dedicada ao destino. Por isso, fizemos um pequeno passeio pelo bairro bucólico da Urca para ver o Corcovado do outro lado da baía, e imaginar que dali poderíamos sair em uma embarcação rumo ao oceano.

Da Urca fomos para o Aeroporto Santos Dumont, onde existe o terminal do novo VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), dali fomos até o Boulevard Olímpico para ver como essa região está se transformando, vimos o Museu do Amanhã, um edifício com arquitetura fantástica e voltamos para o acolhimento do yoo2, que é um hotel que surpreende.

Serviço
www.yoo2.com/rio

* A reportagem do Hôtelier News viajou ao Rio a convite da Intercity Hotels.