O consumo das famílias brasileiras continua surpreendendo positivamente, mesmo frente a desafios como o aumento da inflação e condições de crédito mais restritivas. Apesar do recuo de 0,6% registrado em outubro, o indicador ajudou a alavancar o comércio e o setor de serviços no período, segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
No mês, o volume de vendas no comércio registrou elevação de 0,4%, enquanto a receita dos serviços cresceu 1,1%, aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com José Roberto Tadros, presidente da CNC, os resultados destacam a importância do setor terciário.
“Apesar das incertezas econômicas, o consumo das famílias se mantém como um pilar da economia nacional, especialmente em um cenário de recuperação do emprego e aumento da renda”, afirma.
Emprego e renda elevam resultados
O mercado de trabalho tem sido um ponto crucial para o desempenho do comércio e dos serviços. Dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mostram que, até setembro, o número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado teve incremento de 2% nos últimos 12 meses, enquanto a massa real de rendimentos avançou 7% no mesmo período.
A taxa de desocupação, por sua vez, recuou para 6,4%, menor índice da série histórica. “O aumento da ocupação e da renda das famílias tem compensado o impacto do crédito mais caro, permitindo um consumo mais robusto no fim do ano”, analisa Fabio Bentes, economista da CNC.
Entre os segmentos do comércio, o crescimento do volume de vendas em hiper e supermercados (elevação de 0,3%) foi um dos destaques, mesmo diante de uma inflação mais elevada em outubro, período em que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) cresceu 0,56%.
Já o setor de serviços apresentou expansão expressiva, liderada pelo turismo, que registrou crescimento de 4,7% no mês, maior variação mensal desde maio de 2023. Este desempenho reforça o otimismo do setor para o encerramento de 2024, com as vendas no varejo acumulando aumento de 5% no ano e as receitas dos serviços crescendo 2,3%.
Perspectivas para 2025
Apesar dos resultados positivos, a CNC alerta para alguns desafios no horizonte. A política monetária mais restritiva e o aumento das taxas de inadimplência podem pesar sobre o consumo no próximo ano. Em setembro, a taxa média de juros ao consumidor chegou a 51,8% ao ano, e a inadimplência alcançou 29,3% das famílias brasileiras.
“O cenário fiscal e externo será fundamental para determinar se o setor terciário conseguirá sustentar o atual ritmo de crescimento em 2025”, conclui Bentes.
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