A Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) divulgou os números globais de tráfego aéreo de fevereiro deste ano. Com a pandemia de coronavírus, a demanda registrou queda de 14,1% em relação ao mesmo mês em 2019, sendo este o pior declínio desde os atentados de 11 de setembro, em 2001. Os resultados refletem o colapso de viagens domésticas na China e a queda de passageiros internacionais de/para a região da Ásia-Pacífico, consequência das medidas restritivas impostas pelos governos.

A capacidade de fevereiro (medida em assentos disponíveis por quilômetro, ou ASKs) caiu 8,7%, com as companhias aéreas se esforçando para ajustar a capacidade de acordo com o tráfego em queda, e a taxa de ocupação caiu 4,8 pontos percentuais, atingindo 75,9%.

"As companhias aéreas foram atingidas por um forte golpe chamado Covid-19 em fevereiro. As fronteiras foram fechadas para impedir a propagação do vírus. E o impacto na aviação deixou as companhias aéreas sem opções, exceto cortar custos e tomar medidas de emergência na tentativa de sobreviver nessas circunstâncias sem precedentes. A queda global de 14,1% da demanda é muito grave, mas para as operadoras da região Ásia-Pacífico, a queda foi de 41%, que é ainda pior. Sem dúvida, esta é a maior crise que o setor já enfrentou", disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da Iata.

Segundo a entidade, com a pandemia de coronavírus a projeção é de queda de 44% na receita do setor aéreo este ano frente aos resultados de 2019. Até o dia 30 de junho, as companhias devem gastar US$ 61 bilhões de seu estoque de caixa

Iata

Iata: mercado internacional

A demanda internacional de passageiros caiu 10,1% em fevereiro em relação ao mesmo período de 2019, o pior resultado desde o surto de SARS em 2003 e uma mudança radical em relação ao aumento de 2,6% no tráfego registrado em janeiro. A Europa e o Oriente Médio foram as únicas regiões que apresentaram aumento de tráfego na comparação com fevereiro do ano passado. A capacidade caiu 5,0% e a taxa de ocupação caiu 4,2 pontos percentuais, atingindo 75,3%.

As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico registraram queda de 30,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, mudando drasticamente o cenário de aumento de 3,0% registrado em janeiro. A capacidade caiu 16,9% e a taxa de ocupação caiu para 67,9%, uma queda de 13,2 pontos percentuais em relação a fevereiro de 2019.

As companhias aéreas da Europa tiveram demanda praticamente inalterada em fevereiro de 2020 em relação ao mesmo período de 2019 (+0,2%), o desempenho mais fraco da região em uma década. A desaceleração teve influência das rotas de/para a Ásia, onde a taxa de crescimento caiu 25 pontos percentuais em fevereiro em relação a janeiro. A demanda nos mercados da Europa teve um desempenho sólido, apesar de algumas suspensões de voo iniciais nas rotas de/para a Itália. No entanto, os dados de março refletirão o impacto da propagação do vírus na Europa e das interrupções dos voos. A capacidade subiu 0,7% e a taxa de ocupação caiu 0,4 ponto percentual, atingindo 82,0%, o maior entre as regiões.

No Oriente Médio foi registrado aumento de 1,6% no tráfego em fevereiro, uma desaceleração em relação ao crescimento de 5,3% registrado em janeiro, principalmente devido à redução dos voos nas rotas entre o Oriente Médio e a Ásia-Pacífico. A capacidade aumentou 1,3% e a taxa de ocupação aumentou 0,2 ponto percentual, atingindo 72,6%.

As empresas da América do Norte tiveram declínio de 2,8% no tráfego em fevereiro, revertendo o ganho de 2,9% obtido em janeiro, quando foram adotadas as restrições internacionais de entrada na região e os voos nas rotas entre a Ásia e a América do Norte caíram 30%. A capacidade encolheu 1,5% e a taxa de ocupação diminuiu 1,0 ponto percentual, atingindo 77,7%.

As companhias aéreas da América Latina sofreram queda de 0,4% na demanda em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, que foi uma boa reação ao declínio de 3,5% registrado em janeiro. Porém, o impacto das restrições de viagens relacionadas à COVID-19 será visto nos resultados de março. A capacidade caiu 0,4% e a taxa de ocupação não mudou em relação a fevereiro de 2019, permanecendo em 81,3%.

Já as africanas apresentaram queda de 1,1% em fevereiro, o resultado mais fraco desde 2015 e uma grande inversão frente ao aumento de 5,6% registrado em janeiro. O declínio foi causado principalmente pela queda de 35% no tráfego na comparação anual no mercado entre a África e a Ásia. No entanto, a capacidade aumentou 4,8% e a taxa de ocupação caiu 3,9 pontos percentuais, atingindo 65,7%, a menor entre as regiões.

(*) Crédito da capa: gunthersimmermacher/Pixabay

(**) Crédito da imagem: Divulgação/Iata