Quando se trata de crises, os indicadores não mentem. No trimestre encerrado em julho de 2020, a taxa de desemprego no Brasil atingiu o nível mais alto desde 2012, saltando para 13,8%. Hoje (28), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que, entre setembro e novembro, o país alcançou a marca de 14 milhões de pessoas sem trabalho, ou seja, 14,1% da população, segundo divulgado pela Reuters.

Os números apontam a taxa mais alta de desemprego para o período desde o início da série histórica da pesquisa. Os dados ainda conversam com a queda de confiança do consumidor, que chegou ao menor nível em sete meses em janeiro, de acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas). Ou seja, péssimas notícias para o turismo, que segue impactado pelo efeito dominó da crise, além das incertezas a respeito do fim dos auxílios às empresas e famílias.

Apesar do cenário nada positivo, o resultado ficou abaixo dos 14,4% vistos no trimestre anterior, entre junho e agosto. O mercado ainda mostrou desaquecimento sobre a taxa de 14,3% nos três meses encerrados em outubro do ano passado.

Entre setembro e novembro o Brasil tinha 14,023 milhões de desempregados, o que representa um aumento de 1,7% sobre os três meses anteriores e de 18,2% na comparação com o mesmo período de 2019.

Desemprego: população ocupada

Em contrapartida, o total de pessoas ocupadas registrou alta de 4,8% sobre o trimestre anterior, somando 85,578 milhões de empregados. Na comparação anual, o indicador declinou 9,4%.

Segundo Adriana Beringuy, analista da pesquisa, o aumento da ocupação deve-se ao retorno das pessoas ao mercado de trabalho após a flexibilização das medidas de combate da pandemia, bem como à sazonalidade de fim de ano, especialmente no comércio. “O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, destaca.

O aumento na ocupação foi registrado em nove dos 10 grupos de atividades observados na pesquisa, com maior intensidade no comércio, que viu um aumento de 854 mil pessoas no trimestre encerrado em novembro sobre o período anterior. “O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, explicou a analista.

Os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada eram 29,963 milhões nos três meses até novembro, e 29,067 milhões no período imediatamente anterior. Aqueles que não tinham carteira assinada chegaram a 9,735 milhões, de 8,755 milhões antes, segundo a Pnad Contínua, o que indica que a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal.

(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros/Hotelier News