Em meio a um mercado de trabalho que avança de forma gradual após um ano de oscilações, o Brasil encerrou o terceiro trimestre com um indicador que ajuda a medir esse ritmo: a taxa média nacional de desemprego ficou em 5,6%, segundo a PNAD Contínua Trimestral (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral) divulgada hoje (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o menor nível para o período desde o início da série histórica, em 2012, aponta o G1.
A taxa considera como desocupadas as pessoas sem trabalho que seguem procurando uma vaga — critério alinhado às práticas internacionais adotadas pelo instituto. De acordo com o analista William Kratochwill, o trimestre costuma marcar um movimento de ajuste do mercado, diante da preparação das empresas para o fim do ano. “A taxa de desocupação diminuiu devido a um aumento marginal, não significativo, da ocupação e esse aumento promoveu a diminuição do tempo de procura”, explica.
Recorte regional
Os dados por unidades da federação mostram comportamentos distintos entre os estados no terceiro trimestre de 2025. Na Região Norte, Rondônia registrou alta na taxa de desemprego em relação ao trimestre anterior, passando de 2,3% para 2,6%, enquanto o Acre variou de 7,3% para 7,4%. O Amazonas teve leve redução, de 7,7% para 7,6%. Roraima apresentou uma das quedas mais expressivas do país, recuando de 5,9% para 4,7%. No Pará, a taxa diminuiu de 6,9% para 6,5%, ao passo que o Amapá seguiu na direção oposta e saltou de 6,9% para 8,7%. Já o Tocantins teve outra queda relevante, passando de 5,3% para 3,8%.
No Nordeste, o Maranhão reduziu o desemprego de 6,6% para 6,1%, e o Piauí caiu de 8,5% para 7,5%. Ceará (6,6% para 6,4%) e Bahia (9,1% para 8,5%) também apresentaram recuos. Rio Grande do Norte (7,5%) e Paraíba (7,0%) permaneceram estáveis, enquanto Pernambuco diminuiu de 10,4% para 10,0%. Alagoas teve leve alta, passando de 7,5% para 7,7%, e Sergipe caiu de 8,1% para 7,7%.
No Sudeste, Minas Gerais oscilou de 4,0% para 4,1%, enquanto o Espírito Santo teve queda significativa, de 3,1% para 2,6%. O Rio de Janeiro recuou de 8,1% para 7,5%, e São Paulo passou de 5,1% para 5,2%.
O Sul manteve algumas das menores taxas do país. O Paraná reduziu o índice de 3,8% para 3,5%, Santa Catarina subiu ligeiramente de 2,2% para 2,3%, e o Rio Grande do Sul recuou de 4,3% para 4,1%.
No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul permaneceu estável em 2,9%, enquanto Mato Grosso caiu de 2,8% para 2,3%. Goiás apresentou leve alta, de 4,4% para 4,5%, e o Distrito Federal reduziu de 8,7% para 8,0%.
Na análise por cor ou etnia, o cenário se mantém desigual:
Brancos: 4,4% (abaixo da média nacional)
Pretos: 6,9% (acima da média)
Pardos: 6,3% (acima da média)
Quanto ao nível de instrução, trabalhadores com ensino médio incompleto registraram a maior taxa de desemprego, de 9,8%. Entre quem tem superior incompleto, o índice ficou em 5,8%. Já aqueles com superior completo registraram a menor taxa: 3%.
Maranhão lidera informalidade
A informalidade no país permaneceu em 37,8%, mas algumas regiões apresentam índices muito acima da média. O Maranhão lidera o ranking nacional, com 57% da população ocupada atuando sem registro. Em seguida aparecem Pará (56,5%) e Piauí (52,7%).
Os menores patamares estão em Santa Catarina (24,9%), Distrito Federal (26,9%) e São Paulo (29,3%).
Segundo Kratochwill, estados mais pobres tendem a concentrar maior informalidade, reflexo da combinação entre baixa escolaridade e renda média reduzida.
O Maranhão também aparece em outros extremos: apenas 51,9% dos empregados do setor privado têm carteira assinada, o menor percentual do país. No Brasil, a média é de 74,4%, com Santa Catarina no topo (88%).
O estado ainda figura entre aqueles com maior participação de trabalhadores por conta própria, grupo que representa 25,3% dos ocupados no país.
Rendimento cresce no Sul e Centro-Oeste
O rendimento médio real alcançou R$ 3,5 mil no terceiro trimestre, número estável em relação aos três meses anteriores, mas superior ao observado um ano atrás.
As regiões Sul e Centro-Oeste foram as únicas a registrar alta significativa na comparação trimestral, ambas superando R$ 4 mil. Na comparação anual, Nordeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram crescimento.
A massa de rendimento real somou R$ 354,6 bilhões — estável frente ao trimestre anterior, porém superior ao mesmo período de 2024. O Sudeste registrou o maior volume da série, com R$ 176 bilhões.
(*) Crédito da foto: Divulgação
















