Os efeitos do coronavírus na ocupação de São Paulo começaram a partir da segunda semana de março. A queda, entretanto, ainda é o começo de um movimento que certamente vai se acentuar nas próximas oito semanas. É o que mostra estudo divulgado hoje (17) pela HotelInvest, que mostra recuo médio de 9% no período citado em relação a 2019. 

Pedro Cypriano, managing partner da HotelInvest, aponta a segunda semana de março como um momento de inflexão de tendência. Segundo o executivo, até ali a ocupação crescia 5%, em média, em relação a igual período de 2019. “Houve uma mínima de queda de 17% nos últimos dias da semana”, acrescenta.

A análise da HotelInvest é bem parecida com o que a reportagem do Hotelier News apurou com hoteleiros na semana passada. Além de hospedagem, o período foi marcado por muitos adiamentos e cancelamentos de eventos. Diante desse contexto, uma palavra-chave deve estar na cabeça dos hoteleiros: caixa.

Coronavírus - impacto SP_gráfico

“O setor vai passar momentos bastante delicados nos próximos meses. No entanto, ninguém sabe ao certo qual vai ser o tamanho do tombo”, observa Cypriano. “Planos de contingência precisam ser pensados. E o foco estará no controle de custos, já que a queda em ocupação será inevitável em curto prazo”, completa.

Projeções em São Paulo

Cyrirano acredita que fazer estimativas precisas sobre o desempenho do mercado neste momento é um exercício de futurologia complicado. Sabe-se, no entanto, que a queda de movimento atual é apenas o começo. Segundo o executivo, e em cima do que ocorreu em outros mercados atingidos pelo coronavírus, ocupação pode cair a 30%, talvez até menos, dependendo do noticiário.

“os próximos dois meses serão difíceis e, a depender da evolução da epidemia no país, a partir do terceiro mês a coisa pode começar a melhorar. O retorno aos patamares anteriores deve acontecer entre o quarto ou sexto mês”, projeta. “Ainda assim, cravar qualquer coisa é muito difícil, pois informações novas podem agravar ou melhorar a situação”, completa. Vale lembrar que, hoje, foi noticiada a primeira morte pela doença no país, o que assusta a população.

O que o executivo da HotelInvest não tem dúvidas é que crises passam. Por isso, mais do que controlar os custos, e muito provavelmente queimar o fundo de reservas existente, a hotelaria não pode cair na tentação de baixar tarifas. 

“Estratégias de diminuir preço para trazer demanda podem atrasar ainda mais a retomada de diária média que o mercado desenhava desde 2019”, avalia Cypriano. “Por isso, outra palavra-chave importante é resiliência nos próximos meses. Prejuízos vão acontecer, mas ao baixar o preço essas perdas podem crescer ainda mais lá na frente”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/HotelInvest