Dando início à programação do segundo dia de palestras do Encatho & Exprotel, em Florianópolis, foi apresentado o painel A transição energética e as oportunidades para o mercado hoteleiro e serviços. A conversa foi mediada por Carlos Roberto Klaus, vice-presidente da ABIH-SC (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Santa Catarina) e contou com participação de Luciano Gentili, sócio-diretor da Neo Energy, e Thiago Gerardi, sócio-diretor da Vektor Energia.

Iniciando o bate-papo, Girardi falou sobre o Mercado Livre de Energia, que até 2027 crescerá 430%, e até 2030 estará acessível para todos os consumidores de energia no Brasil. “Isso significa que o consumidor vai deixar de ser consumidor. Hoje, somos reféns das tarifas reguladas. No Mercado Livre de Energia, o cenário é exatamente o mesmo do mercado cativo, mudando apenas o fornecedor, e com mais competitividade”, analisou.

“O autoprodutor e energia tem diversas vantagens. A principal é não pagar os encargos que são pagos pelos cativos. Isso se justifica pelo fato de que no Mercado Livre de Energia não há consumo livre, o consumidor estará produzindo a própria energia”, completou.

Complementando o raciocínio, Gentili apresentou um case de transição energética para uma rede hoteleira catarinense. “Desde 2012, existe uma regulação que permite que o brasileiro produza sua própria energia. Na hotelaria, isso significa valorização comercial dos empreendimentos, além do aumento da rentabilidade, ficando acima da média de quem usa o mercado cativo”, explicou.

Durante o painel, o executivo acrescentou que normalmente a inflação energética está sempre acima da inflação real. Portanto, a transição energética também contribuiria neste sentido, já que quem gera a própria energia é menos afetado pelo indicador.

Desafios na retenção de profissionais

Seguindo com a programação do Encatho & Exprotel, foi apresentado o painel Desafios da força de trabalho em hotéis: decisões, dados e sensibilidade. O debate foi mediado por Marcelo Piana, gerente de Operações e Comunicação da RB Hotelaria, e contou com participação de Rogério Bachi, CEO da empresa; e André Carvalho, coordenador do Observatório FecomercioSC.

Iniciando o bate-papo, Carvalho destacou que hoje, a hotelaria tem uma carga tributária expressiva e que, dentro do mercado, os salários não geram pretensão de carreira. “Os empresários fazem grandes desembolsos devido aos impostos, e no fim da ponta, com todos os descontos, os profissionais recebem um valor líquido pouco atrativo”, explicou, evidenciando um dos principais gatilhos do setor: a falta de mão de obra.

“Há diversas nuances que afastam empresário e empregado. E a hotelaria tem se esforçado para chegar a um meio termo e criar um cenário favorável para ambos”, complementou o executivo. Complementando o raciocínio, Bachi pontuou que as entidades têm papel fundamental neste sentido. “Por exemplo, se a ABIH-SC investe na hotelaria do estado, ela se fortalece e pode oferecer condições melhores para empresários e colaboradores”, analisou.

“As pessoas querem se sentir pertencentes, que estão fazendo a diferença onde trabalham. Outro ponto relevante é a equação qualidade de vida versus saúde. Portanto é preciso cuidar do ambiente de trabalho”, acrescentou Bachi em sua fala no Encatho & Exprotel.

Encatho & Exprotel - Painéis_2dia

Bachi fez pontuações sobre retenção de profissionais

Por fim, o executivo ressaltou que outro ponto extremamente valorizado é a possibilidade de desenvolvimento de carreira no setor. “As pessoas querem saber o que está sendo oferecido para elas se desenvolverem, e isso tem pesado muito na manutenção desses profissionais no setor”, pontuou.

Dessa forma, afirmou Bachi, as capacitações são um fator crucial para estimular a mudança de cenário. “Precisamos estar preparados para as mudanças de mercado. É fato: ele vai sempre mudar, a rotatividade é uma realidade do setor, e profissionais capacitados para assumir empregos trazem um fôlego a mais”, complementou.

Segundo ele, uma liderança mais próxima da equipe faz a diferença nesse cenário. “Os líderes precisam ser treinados para gerir pessoas. Só assim a mudança vem”, finalizou o executivo da RB Hotelaria.

Hoje, o maior volume de contratações e demissões no turismo catarinense está concentrado na faixa de pessoas entre 18 e 30 anos, apontam dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o que gera insights importantes sobre entender os critérios que definem as contratações e desligamentos de profissionais.

(*) Crédito das fotos: Lucas Barbosa/Hotelier News