O mês de maio de 2024 foi desafiador para o setor hoteleiro do Rio Grande do Sul, com uma queda acentuada de 32% no faturamento comparado ao mês anterior, conforme apontado por um estudo da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas). A região enfrentou severas enchentes que não apenas afetaram Porto Alegre, capital do estado, com uma redução de 40% na receita dos hotéis, mas também impactaram negativamente diversos outros municípios turísticos, como Gramado e Torres.

“O estado é um dos quatro principais mercados nacionais. Ainda não temos uma ideia de sua recuperação. Seja como for, nossos associados estão buscando alternativas para amparar a população afetada, seus colaboradores, bem como oferecendo alternativas para o cliente”, avalia Humberto Machado, diretor-executivo da Abracorp.

Segundo o levantamento, o setor de viagens corporativas faturou R$ 1,1 bilhão em maio de 2024, com total de 912,8 mil transações, enquanto no mesmo mês de 2023 foram 957,4 mil. Em maio de 2019, o total de transações superou 1 milhão. O levamento da Abracorp mostra também que, pelo terceiro mês consecutivo, em locação de veículos, a Localiza vem perdendo share. O faturamento da empresa caiu 4% em maio, ante abril e, em diárias, o recuo foi de 12% no mesmo período.

Em abril, o setor de viagens corporativas faturou o total R$ 1,2 bilhão, em comparação com R$ 1,067 bilhão em abril de em 2023 e R$ 1,057 bilhão no mesmo mês de 2019. No primeiro trimestre deste ano o faturamento geral foi de R$ 3,280 bilhões, acima do mesmo período de 2023, com R$ 3,174 bilhões, e de 2019 (antes da pandemia), com R$ 2,545 bilhões.

A tragédia climática não se limitou apenas ao setor hoteleiro, afetando também outros segmentos da economia gaúcha, conforme destacado pelo Banco Central. A agropecuária e os serviços foram duramente atingidos, embora projeções indiquem uma recuperação gradual através da reconstrução e do aumento na demanda por bens duráveis e capital fixo.

Segundo dados do Banco Central, embora o impacto direto das enchentes no PIB nacional seja moderado, a concentração dos efeitos negativos no segundo trimestre requererá esforços coordenados de reconstrução e recuperação econômica para mitigar as perdas iniciais.

Esforços de reconstrução e retomada do Turismo

Diante do cenário desafiador, autoridades como o ministro do Turismo, Celso Sabino, têm promovido iniciativas para acelerar a retomada do turismo no estado. Em recente coletiva, Sabino enfatizou a importância da reabertura do Aeroporto Salgado Filho, estratégia crucial para restabelecer a conectividade aérea e impulsionar o fluxo turístico para a região.

Para apoiar o setor, o governo federal anunciou um aporte significativo de recursos por meio do Fungetur, com condições facilitadas para empreendedores afetados pelas enchentes. Além disso, está prevista uma campanha nacional de promoção turística em parceria com órgãos locais, visando atrair visitantes e recuperar a imagem do Rio Grande do Sul como destino turístico.

Apesar dos desafios enfrentados, abril de 2024 registrou um pico histórico nas receitas do turismo nacional, demonstrando a resiliência do setor diante de adversidades econômicas. O desempenho positivo reflete um incremento de 4,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da CNC.

(*) Crédito da foto: Reprodução/CNN Brasil