De acordo com relatório divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o endividamento das famílias brasileiras cresceu 0,3% em fevereiro em relação ao mês anterior, chegando a 78,3%. O resultado é o maior patamar desde novembro de 2022, quando o indicador estava em 78,9%, aponta o Correio Braziliense.

O levantamento mostra ainda que, no recorte por gênero, 79,5% das mulheres estavam endividadas em fevereiro, alta de 1,1% frente a janeiro. Entre os homens, o percentual caiu 0,1%, representando 77,2% dos consumidores. Segundo o estudo, 30,3% dos consumidores com dívidas atrasadas eram mulheres, enquanto 29,1% eram homens.

Por outro lado, são elas que buscam resolver mais rapidamente o problema. Enquanto as mulheres ficaram em média 62 dias sem pagar dívidas, os homens permaneceram 63,5 dias com dívidas atrasadas. Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, elenca algumas peculiaridades que fazem com que a situação financeira das mulheres seja mais difícil que a dos homens.

“Somos proporcionalmente mais numerosas na sociedade, mas menos participativas no emprego formal, por exemplo. Há maior predominância da mulher na informalidade, e isso traz maior vulnerabilidade para a renda”, explicou. No ano passado, o endividamento das famílias bateu recorde, chegando a 77,9%.

Queda na inadimplência

Em contrapartida, a inadimplência diminuiu no mesmo período, de 29,9% para 29,8%. Entre os inadimplentes, que não terão condição de quitar suas dívidas, o número permaneceu em 11,6% de janeiro para fevereiro, mas acima de fevereiro de 2022 (10,5%). O percentual de consumidores com dívidas atrasadas de meses anteriores também caiu entre os mais pobres, no mesmo recorte, mas avançou 2,1% ao ano. O indicador cresceu, na comparação anual, apenas nas duas primeiras faixas de renda, de três até cinco salários mínimos.

“Os programas de transferência de renda mais robustos têm suportado os orçamentos desses consumidores com menores rendas mensais. Na comparação anual, porém, o volume de famílias com dívidas atrasadas aumentou em todas as faixas de rendimentos”, aponta a responsável pela pesquisa.

Mesmo com as renegociações, a cada 100 consumidores inadimplentes, 44 chegaram a fevereiro com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. O tempo médio de atraso dos pagamentos foi de 62,7 dias, o maior desde janeiro de 2021.

(*) Crédito da capa: Firmbee/Pixabay