Nos últimos anos, observou-se forte crescimento da demanda de extended stay (estadas prolongadas), o que resultou, consequentemente, na alta da oferta deste modelo de hospedagem. Neste cenário, cabe analisar alguns questionamentos: a curto prazo, como as empresas estão trabalhando para adaptar seus portfólios? E a longo prazo, a oferta ultrapassará a demanda?

O Hotelier News conversou com alguns nomes importantes do setor para entender este movimento. Leonardo Lido, diretor sênior de Desenvolvimento da Hilton para o Brasil, diz que a rede desenvolve suas marcas sempre com o objetivo de expandi-las globalmente. “Temos quatro marcas voltadas para estadas prolongadas: Embassy Suites by Hilton, Homewood Suites by Hilton, Home2 Suites by Hilton, e a mais recente, LivSmart Studios. Todas elas foram desenvolvidas para atender às necessidades dos viajantes deste segmento”, explica.

Lido fala dos esforços para absorver demanda

O executivo ressalta que as marcas foram desenvolvidas após a rede constatar forte crescimento das estadas prolongadas nos EUA. No Brasil, a gigante hoteleira já está trabalhando para trazer a marca Homewood Suites, que terá seu primeiro empreendimento aberto em 2026. “Este projeto é fruto de uma análise detalhada sobre o comportamento da demanda neste destino. Desta forma, nossa estratégia segue como asset light, ou seja, parceria com investidores por meio de modelos de franquia ou administração. Como os hotéis de estada prolongada são produtos mais específicos, historicamente, o crescimento deste portfólio se deu por meio de novas construções. Porém, conversões e retrofits não estão descartados”, destaca.

“Exceto para a marca LivSmart Studios by Hilton, que foi lançada esse ano para o mercado norte-americano neste primeiro momento, temos planos de expansão das outras marcas All Suites na região do Caribe e América Latina, sendo o Brasil um dos mercados prioritários. Sempre avaliamos um projeto com o investidor e proprietário e, se identificamos uma demanda por estadas prolongadas, recomendamos uma de nossas marcas. Esse foi o caso do Homewood Suites by Hilton Florianópolis, que está localizado de maneira estratégica, com fácil acesso a universidades e ao polo tecnológico”, conclui Lido.

Crescimento do extended stay

Ricardo Bluvol, VP de Desenvolvimento da Atlantica Hospitality International, salienta que o mercado de estadas prolongadas segue no radar das grandes empresas globais para o crescimento de seus respectivos portfólios. “Estes players têm feito aquisições de marcas ou criando suas próprias para a exploração deste segmento”, analisa.

Bluvol ressalta potencial do mercado brasileiro

“O mercado americano, que é mais maduro para este tipo de oferta e demanda, tem criado marcas específicas, o que requer infraestrutura diferente das operações tradicionais, como por exemplo, uma minicozinha”, complementa.

Bluvol destaca que, atualmente, o mercado brasileiro apresenta um desenvolvimento relativamente menor da oferta de estadas prolongadas em relação à média global. “Parte desta demanda é atendida nas próprias operações hoteleiras, com ajustes na oferta e nos produtos atuais”, explica

O executivo da Atlantica afirma que existem oportunidades específicas para o desenvolvimento de marcas deste segmento no mercado. “No entanto, considerando o contexto macroeconômico atual, as oportunidades estão em setores mais restritos e em uma proporção menor, se compararmos com o mercado americano, que já possui uma demanda significativa”, conclui.

Tendência

Maria Pia Muto, gerente geral do Marriott Executive Apartments SP, diz que o crescimento da demanda por estadas prolongadas é uma tendência que irá perdurar pelos próximos anos. “Por isso, buscamos sempre estar adiantados a esse crescimento. Nosso empreendimento remete a uma casa, é um ‘hotel menos hotel’. Temos 144 apartamentos, e destes, 99 possuem 42 metros quadrados (m²). Os demais são maiores, e cada vez mais pessoas têm procurado. Assim, nosso objetivo é fazer com que nosso hóspede se sinta em casa”, explica.

Executiva detalha estratégia do empreendimento

“Todos os nossos apartamentos possuem cozinha, geladeira, e o empreendimento conta com lavanderia nas áreas comuns. Fora da hotelaria tradicional, existem muitos produtos voltados para este segmento e, portanto, estamos sempre analisando a concorrência, e focando na personalização como um diferencial. É muito bom fazer mais para reter o cliente”, endossa.

A executiva diz que o empreendimento possui um público forte, que busca por comodidades como política pet friendly. “Esse é um fator que nos ajuda bastante. E também somos bastante procurados por pessoas que vêm a cidade para fazer consultas médicas. Nossa localização e segurança são fatores que contribuem bastante”, acrescenta.

Segundo Maria, a demanda por estadas prolongadas está em franco crescimento e deve continuar subindo. “Quando olho, por exemplo, para janeiro até março do ano que vem, constatamos que já há grande número de reservas para este público. Então não acredito que a oferta vá ultrapassar a demanda. Estamos trabalhando em retrofits, e temos alguns projetos para os próximos anos. Em termos de Brasil, o momento é positivo, com várias marcas se preparando para entrar no mercado. Então acredito que é uma demanda que irá crescer bastante”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Divulgação/Marriott International

(**) Crédito das fotos: Divulgação