O setor de short-term rental continua a crescer e amadurecer, apesar de enfrentar crescente oposição de reguladores governamentais em cidades ao redor do mundo, como Nova York, São Francisco, Barcelona, Florença e Amsterdã. Em São Paulo, uma proposta de Lei pode afetar a atividade do Airbnb na cidade. Mas as preocupações do segmento estão na mira de grandes players do turismo.

Segundo divulgado pelo Phocuwire, apesar das restrições nessas grandes áreas urbanas, o setor como um todo continua a ganhar espaço no mercado. Um relatório recente da AirDNA e STR revelou que, nos EUA, os aluguéis de curto prazo quase dobraram sua participação de 8% em 2018 para 15% até maio deste ano.

Executivos de duas das principais OTAs que operam nesse espaço, Booking.com e Expedia Group, concordaram que agora é o momento para suas empresas e outros interessados se unirem para lidar com as preocupações levantadas pelas regulamentações e colaborar para ajudar o setor a crescer.

Falando na Conferência Internacional da Vacation Rental Management Association em Orlando em outubro, Tim Rosolio, vice-presidente de Sucesso de Parceiros de Aluguel de Férias no Expedia Group, destacou alguns pontos importantes no debate. “Houve um tempo em que grande parte dessa indústria basicamente ignorava a regulamentação. Estamos agora em um estado em que certamente não estamos ignorando e estamos começando a nos unir lentamente com uma única voz para garantir que coloquemos o dinheiro certo nos lugares certos, e tenhamos as parcerias certas no ecossistema. Acho que as OTAs podem fazer parte disso. Temos equipes de lobby enormes”.

O moderador Matt Landau, fundador do Vacation Rental Marketing Blog, questionou Ben Harrell, diretor-gerente da Booking.com, sobre o motivo da Booking Holdings não tem se envolvido mais na defesa do short-term rental. “Eu não acho que fomos tão agressivos quanto alguns outros – certamente é algo sobre o qual estamos abertos a falar”, disse o executivo da OTA.

“Eu apenas ecoaria a necessidade dessa voz unificada. A Booking está feliz em ajudar, incentivar e empurrar nesse espaço, então há muitas oportunidades para trabalharmos juntos para advogar por oportunidades abertas para todos. Certamente queremos garantir que os aluguéis de férias não apenas sobrevivam, mas prosperem”, afirmou Harrell.

Mas Rosolio alertou que os esforços de defesa devem vir de uma perspectiva equilibrada, com disposição para ceder e receber. “Acho que precisamos estar preparados para dizer que implementaremos medidas para compartilhar dados. Eu concordo em fazer as pessoas obterem números de registro. Eu concordo em ter certas coisas em vigor relacionadas a incômodos, festas e lixo, se isso nos permitir preservar a parte da indústria que realmente adiciona valor”, disse o vice-presidente do Expedia. “Posso estar preparado para até mesmo participar de algum grau de zoneamento, desde que possamos preservar a indústria que temos e permitir uma pista de decolagem para o crescimento. Porque acho que uma abordagem de tudo ou nada, especialmente em alguns estados, não sei se vai funcionar”, complementou.

A sessão ocorreu na mesma tarde em que o Google anunciou uma nova ferramenta de comparação de preços para propriedades de aluguel que agora mostra tarifas de vários sites de reserva. Questionado sobre a notícia e a contínua incursão do buscador  na pesquisa e reserva de viagens, Harrell disse que não é uma ameaça, mas uma oportunidade.

“Isso não é algo a se resistir. É possível usar essa ferramenta para entender e saber para onde está indo o tráfego, para onde estão indo os olhares. Isso é uma oportunidade para todos nós neste espaço alcançarmos ainda mais pessoas”, salientou o executivo.

“Vamos começar a mostrar a eles mais aluguéis de férias enquanto estão procurando hotéis… Isso é algo com que o Google pode ajudar. Eles podem nos colocar na frente de mais pessoas. O Google não é um site, é uma página inicial, e as pessoas começam lá. Goste disso ou não. É o que é, então podemos aproveitar ao máximo essa oportunidade”, avaliou Harrell.

À medida que a oferta de short-term rental aumentou nos últimos anos, Rosolio disse que sua equipe está trabalhando com parceiros e visa ajudá-los a entender as mudanças que podem fazer para atrair mais reservas. “Talvez seja uma política de cancelamento mais flexível. Talvez seja tentar entender que costumava aceitar apenas reservas de uma semana, mas agora preciso aceitar fins de semana prolongados, com estadas mínimas de três noites”.

Hotéis versus STR?

Harrell enfatizou que não há necessidade de verem os hotéis como inimigos do short-term rental, mas sim como duas opções que podem coexistir para atender às necessidades dos viajantes em situações diferentes. “Se você tem uma ótima propriedade para aluguel de férias e há alguém ao lado também com uma ótima propriedade, está tudo bem, há demanda suficiente para ambos serem preenchidos. Devemos ver os hotéis da mesma forma”.

“Obviamente, há o desejo de ver isso como mutuamente excludente, mas eu realmente acho que eles funcionam muito bem juntos. São produtos diferentes para pessoas diferentes em momentos diferentes”, finaliza.

(*) Crédito da foto: reprodução/Phocuswire