Último painel do FHAN 2024 debate impacto dos eventos na hotelaria

Para finalizar o ciclo de palestras do FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação do Nordeste) 2024, foram convidados Gustavo Alves, gerente geral do Novotel Recife Marina; Gabriela Diaz, diretora executiva do Recife Convention Bureau; e Tatiana Menezes, sócia do Recife Expo Center, para o painel Eventos: qual a estratégia para aumentar a receita?.

Na parte inicial do bate-papo, Gabriela destacou a importância da cadeia produtiva do turismo de negócios no turismo em Recife e os benefícios do consumo do turista de negócios. A especialista elencou pontos que destacam a capital pernambucana no cenário nacional. “Temos uma posição estratégica e privilegiada, expertise dos fornecedores locais, polo médico, aeroporto dentro da cidade, destinos fortes de turismo de lazer e universidades referências nacionais”, apontou.

Ela ressaltou, ainda, como pontos positivos o novo cenário pernambucano, que inclui concessão do Pernambuco Centro de Convenções, o lançamento do complexo Porto Novo Recife, a reforma e ampliação do aeroporto, requalificação da orla de Boa Viagem e do Recife Antigo. Para os hoteleiros, a especialista levantou alguns dos benefícios dos impactos dos eventos na cidade. “Os eventos resultam em aumento na ocupação, e os hóspedes tendem a utilizar outros serviços nos meios de hospedagem. Os empreendimentos contam com reservas antecipadas, além de diminuir os efeitos da sazonalidade”, explicou.

Atrativos

Tatiana, por sua vez, apresentou o Recife Expo Center e o Complexo Porto Novo Recife para o público, reforçando a localização estratégica no coração do Nordeste, além dos atrativos turísticos próximos dos empreendimentos. “Não somos só um espaço de eventos, mas promovemos uma experiência completa para os turistas, contemplando uma série de atrativos muito próximos da região, como o Marco Zero, o Centro de Artesanato e o passeio de Catamarã”, elencou, reforçando a importância desse novo investimento para a cidade. A área é composta por um pavilhão para feiras de médio porte com 4,1 mil metros quadrados (m²). “O Recife perdia muitos eventos por não ter um espaço desse porte”, declarou.

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Painel debateu impacto dos eventos no setor

Tomando a palavra,  Alves seguiu com a apresentação do mais novo equipamento hoteleiro da cidade, o Novotel Recife Marina. “Recife merecia um equipamento como esse e esperamos que, com ele, surjam novos investimentos na região e que impactem ainda mais o turismo”, afirmou.

Na discussão final, Gabriela elencou novamente as vantagens exclusivas do Recife, como a localização estratégica. “Ter um aeroporto urbano por si só já é um diferencial. Além disso, através dele, o público se conecta com todos os estados do Nordeste”, declarou. “O ticket aéreo competitivo também é uma vantagem em relação aos outros estados nordestinos”, completou.

Tatiana aproveitou para levantar a questão da segurança como um ponto de atenção no desenvolvimento do turismo. “Temos belezas naturais únicas, um polo cultural muito forte, atrativos belíssimos, como os museus de Brennand, mas é preciso ter segurança para o turista poder aproveitar esses locais”, ressaltou. “Estamos contando com o governo do estado para garantir esse quesito”, concluiu.


FHAN: gargalo de mão de obra segue como calcanhar de Aquiles do setor

Dando prosseguimento à programação do FHAN, Lucila Quintino, diretora executiva da Hotel Consult, e Carol Meneses, diretora de Estratégia e Gestão de Pessoas da Amarante Hotéis, abordaram o tema Mão de obra: mudanças demográficas e choque de gerações: Como reagir?

Lucila iniciou apontando mudanças tecnológicas muito presentes na atualidade, como o uso de reconhecimento facial e entrega de alimentação por meio de aplicativo. “Com a tecnologia, tentamos minimizar erros com o uso de máquinas, mas o ser humano gosta de ser tratado como único”.

A executiva pontuou que o chatbot economiza tempo, mas é importante ter uma pessoa por trás do atendimento para solucionar problemas de última hora. “O consumidor não gosta de ser atendido de forma robótica. Precisamos de um atendimento humanizado e, para isso, precisamos de pessoas”, defendeu.

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Lucila apresentou dados inéditos

Turnover e retenção de talentos

As questões de turnover e retenção de talentos também foram abordadas pela palestrante no FHAN. “Existe uma dificuldade de atrair bons perfis. Nós, hoteleiros, temos um desafio gigantesco, pois sem educação não conseguimos dar a autenticidade e diferenciar os serviços dos nossos hotéis”, afirmou. “Por isso, precisamos investir na capacitação das pessoas”, continuou.

Uma pesquisa inédita realizada com 41 resorts e hotéis corporativos, com 21 respondentes em estados do Nordeste (PE, AL, PB, CE e RN), entre gerentes gerais e profissionais de RH (Recursos Humanos), realizada entre setembro e outubro de 2024, mostrada com exclusividade por Lucila no FHAN, revela que a maior parte dos hoteleiros aponta as vagas operacionais como as mais difíceis preencher. “Mas vagas de gerência não ficam muito atrás”, disse a executiva da Hotel Consult.

A diversidade de gerações e a troca de experiências são pontos positivos apontados ppor Lucila, no entanto, a dificuldade de atrair jovens de 18 a 26 anos para o segmento também é demonstrada pela consultora. “Na contramão dessa dificuldade com jovens, a maioria dos hoteleiros está disposta a contratar mão de obra de 50+ (85,7% do total de respondentes)”, revelou. “Concluo com a pesquisa que há mais espaço para explorar colaboradores mais velhos, apesar dos desafios, hotéis demonstram abertura, há mais vantagens que desvantagens nessa contratação”, disse.

Carol apresentou os empreendimentos da Amarante no FHAN, presentes em Pernambuco e Alagoas. A executiva  mencionou as dificuldades gerais de mão de obra no setor.  “Engajamento no propósito é muito difícil no Brasil, não só no segmento hoteleiro”, avaliou. “O país lidera o índice de rotatividade no mundo, com 56% de turnover. Nove meses é o tempo médio que pessoas de 18 a 24 anos ficam na empresa”, completou.

Como solução para mudar essa realidade, Carol apontou as iniciativas de reestruturação do setor de recrutamento e seleção, aposta no programa de sucessão e planos de carreira, além de ações de diversidade, inclusão e bem-estar dos colaboradores. “Damos todo o suporte para as mães, inclusive com um espaço exclusivo para atendê-las. Oferecemos lanches saudáveis, happy hour, dentre outros diferenciais”, revelou. “É importante que o colaborador sinta o mesmo carinho e acolhimento que oferecemos aos nossos hóspedes”, finalizou.


FHAN traz cases e tendências sobre gastronomia hoteleira

Abrindo o segundo dia do ciclo de palestras dentro da programação do FHAN (Fórum de Hospedagem e Alimentação do Nordeste) 2024, no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda, promovido na HFN (Hotel & Food Nordeste), o painel Case e tendências para o restaurante do seu hotel contou com a presença dos gerentes Raphael Martini , do Novotel São Paulo Morumbi, e Raquel Alves, do Novotel Recife Marina.

Martini começou sua apresentação levantando o fato de que os clientes hoje são mais exigentes, atentos a reputação online e mais focados em entretenimento, além da gastronomia. Na administração da operação de restaurantes de hotel, o gerente apontou algumas dificuldades comuns no mercado “Temos um alto turnover, pouco marketing, conceitos inconsistentes e o fato de que um restaurante de hotel não é reconhecido como um restaurante de rua”.

Em sua fala, o gerente geral do Novotel São Paulo Morumbi elencou os pilares para a construção de um bom espaço gastronômico. “Um bom ambiente e conceito relevante para atrair o público”, afirmou. “É preciso investir no padrão de comida e serviço, marketing, CRM, e-mail marketing, WhatsApp, mídias sociais, entretenimento, recreação para as crianças, além de ter uma agenda movimentada para datas especiais”, continuou. “Costumo dizer que se um restaurante é bom para o público local é bom para o hóspede”.

De acordo com Martini, o público local de restaurante de hotel é muito infiel, pois está sempre em busca de novidades. “É necessário ter conceitos bem definidos, um menu digital com fotos reais, investir em reservas online e comunicações sempre com link para promover a intenção de ação de compra”, aconselhou.

O painelista demonstrou os números positivos dos restaurantes que gerencia, mas sempre ressaltou a importância do marketing para bons resultados. “É possível tornar o restaurante de hotel um grande gerador de receita e atrair o público externo. A maioria dos hotéis não se atenta a isso”, concluiu.

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Martini destacou os desafios do A&B hoteleiro

Momento e local certos

Aberto em julho deste ano, o Novotel Recife Marina foi uma aposta certa e no momento certo, segundo Raquel. O empreendimento contou com o apoio do Recentro, prefeitura do Recife e o governo do estado. A gerente ainda destacou a importância de oferecer atrativos a mais. “Oferecemos uma estrutura versátil e moderna para famílias, incluindo espaço com monitores para crianças, que é um grande atrativo para o público local”, disse.

Trazer essa experiência para o cliente é o ponto chave, de acordo com a executiva. “Oferecemos pontos de venda específicos para oferecer serviços para passantes. Investimos em um lobby bar com cafés especiais como um atrativo para esse público”, detalhou.

Ter uma identidade gastronômica bem definida e apostar na versatilidade e no dinamismo dos PDVs é um conselho da gerente. “Nem só de hóspede vive um restaurante de hotel e nem só de passantes. O consumidor busca uma experiência única. Exploramos esse sentimento de exclusividade de estar no hotel e criamos memórias”, pontou.

“Começamos com o café da manhã, que a princípio era despretensioso e hoje é o mais procurado para não hóspedes. Estamos notando uma demanda forte de pessoas reservando o restaurante para 15 anos e aniversário em família. Por isso, investimos em uma plataforma de reservas para organizar essa demanda”, destacou Raquel.

Com proposta de ser um resort urbano, o Novotel Recife Marina já é considerado um case de sucesso. “Em apenas 63 dias de operação, tivemos R$ 1,9 milhão de receita apenas de A&B (Alimentos & Bebidas). Tivemos o CMV de 35%, R$ 80 mil de receita apenas de vinhos, uma média de 14 garrafas por dia e 200 passantes por final de semana com vagas controladas para atender da melhor forma possível”, comemorou a gerente.

Sobre a dificuldade de reter mão de obra qualificada Raquel ressaltou a importância de oferecer benefícios atrativos para colaboradores. “Cobramos taxa de serviço que complementa o salário, oferecemos pacote de benefícios robusto dentre outras ações para garantir que os nossos colaboradores estejam alinhados com os nossos propósitos de bom atendimento”.

Investir em opções diferenciadas de entretenimento também são apontadas como atrativos para o público passante. “Ter bons apartamentos, ter um atendimento, uma boa cama é o básico em um hotel. O segmento de A&B é o brilho dos olhos, a cereja do bolo capaz de criar momentos e memórias e deve ser mais bem explorado”, concluiu Raquel.

*Por Marília Gilka

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News