Gabriela Otto
(foto: arquivo pessoal)

Você se considera uma pessoa de sucesso?
Está repensando sua vida profissional?
Anda estressado?
Participa da busca incessante pelo tal ‘equilíbrio entre a vida profissional e pessoal’? 

Entre livros que li recentemente e as inúmeras mensagens recebidas e enviadas nesse final de ano, a palavra ‘sucesso’ destacou-se diversas vezes. Se pensarmos mais profundamente sobre o assunto, definir sucesso não é tarefa fácil.

Para a maioria das pessoas, o conceito está ligado a alcançar um objetivo. Entre eles, os mais comuns são: dinheiro, poder, fama, reconhecimento. Mas essa busca incessante pelo sucesso nos faz realmente felizes?

Como faço todo ano, segue um texto que não é de minha autoria, mas fica como minha mensagem para você em 2015.

O resumo do incrível pensamento de Alain de Botton, escritor inglês, que popularizou a filosofia no uso cotidiano. Achei brilhante, abrindo portas para vários debates. Espero que gostem também:

“Geralmente as ‘crises’ profissionais acontecem nos domingos à tarde, quando o sol começa à se pôr, e a vida que imaginávamos e a realidade começam a divergir. E isso tem acontecido ainda com mais frequência no mundo atual. Vivemos em um época em que ‘pensávamos que sabíamos’ sobre nossas vidas, sobre nossas carreiras. Vou enumerar alguns dos motivos:

1) Os Esnobes – Sim, está cheio deles por aí. E o esnobismo no trabalho é muito visível atualmente, você conhece alguém, e vem a pergunta: ‘O que você faz?’. Muitas vezes, a resposta será a definição da quantidade de tempo e atenção que ela vai lhe conceder, e serão estritamente definidos pela nossa posição na hierarquia social. 

Sabe o amor de mãe, que é fiel independente da sua posição profissional? Esqueça. As pessoas não te ‘amarão’ assim na vida profissional.

E isso é boa parte da razão por que nos preocupamos tanto com nossas carreiras e bens materiais. Mesmo os menos materialistas, todos somos gananciosos, pois vivemos em uma sociedade que atrela certas recompensas emocionais através da aquisição de bens materiais. Não são os bens materiais que queremos, mas a ‘recompensa’.

E isso é uma nova maneira de olhar para bens de luxo. A próxima vez que você ver alguém dirigindo uma Ferrari não pense: "Esse aí é um ganancioso." Pense: "Esse aí é extremamente vulnerável e precisa de amor." Em outras palavras, sinta empatia, ao invés de desprezo (rs).

Portanto, relaxe! Nunca foi tão alta a expectativa sobre o que os seres humanos podem alcançar com a sua vida útil. Desde o acesso à informação até os tais 6  graus de separação de qualquer pessoa no mundo, somos mais ‘iguais’ atualmente. Qualquer um pode ascender a qualquer posição. 

2) Somos todos iguais? – Só há um problema nesse mundo de igualdade, e se chama inveja, a emoção dominante na sociedade moderna. E a pior instância dela é com pessoas que podemos nos relacionar. Ninguém inveja a Rainha da Inglaterra, mas deixo o alerta para você nunca participar daqueles encontros com ex-colegas de escola, pois não há referência mais forte do que as pessoas que estudaram com você.

Mas o problema, em geral, da sociedade moderna, é que ela transforma o mundo inteiro em uma escola. Todo mundo está vestindo jeans, todo mundo é o mesmo. E, no entanto, não é. Portanto, há um espírito de igualdade, combinada com profundas desigualdades. O que, para muitos, é extremamente estressante.
 
É muito improvável que você se torne tão rico e famoso como Bill Gates, como era improvável no século 17 que você participasse da aristocracia francesa. 

E é possível sentir as consequências deste problema nas livrarias. Existem basicamente dois tipos de livros nas seções de auto ajuda. O primeiro diz: "Você pode fazer isso! Tudo é possível!" E o outro diz como lidar com o que chamam educadamente de ‘baixa auto estima’.

3) Meritocracia – A outra razão para você estar se sentindo mais ansioso com relação à sua carreira no mundo de hoje, pode estar ligado à algo chamado ‘meritocracia’.

Uma sociedade meritocrática é aquela em que, se você tem talento, energia e habilidade, você vai chegar ao topo. Nada deve impedi-lo. A ideia é ótima, mas se você acredita que alguém merece estar lá em cima, outros ‘merecem’ estar no fundo do poço. Em outras palavras, a sua posição na vida não pode ser acidental, mas merecida.  E isso faz com que a falha ou o fracasso pareça muito mais um esmagamento.

Na Idade Média, na Inglaterra, uma pessoa pobre era descrita como ‘infeliz’, pois não havia sido ‘abençoada’ pela fortuna. Hoje em dia, o chamamos de ‘perdedor’.  A diferença entre eles são 400 anos de evolução sobre quem é o responsável por nossas vidas. Já não é responsabilidade ‘dos deuses’, somos nós. Nós estamos no lugar do condutor.

Isso é divertido se você está indo bem, e muito desconcertante se não está. Não é à toa que há mais suicídios em países desenvolvidos individualistas do que em qualquer outra parte do mundo. E algumas das razões para isso é que as pessoas tomam o que lhes acontece como algo extremamente pessoal. Eles são donos de seu sucesso, mas também do seu fracasso. 

Ora, a meritocracia é utópica. Uma sociedade onde todos os bons profissionais estão no topo e os ruins na parte inferior é impossível. São muitos fatores aleatórios que invalidam isso. 

Quando pensamos sobre um erro na vida, ou um fracasso, uma das razões por que tememos falhar não é apenas a perda de renda, mas a perda de status. O que tememos é o julgamento e ridicularização dos outros. E eles existem.

4) ‘Eu me amo’ – Nós somos a primeira sociedade a viver em um mundo onde não adoramos qualquer coisa diferente de nós mesmos. Nós fizemos todos os tipos de coisas extraordinárias. E assim temos a tendência a nos adorar.

Nossos heróis são heróis humanos. Essa é uma nova situação. A maioria das outras sociedades tiveram, logo no seu centro, a adoração de algo transcendente: um deus, um espírito, uma força natural, o universo, seja ele qual for, uma outra coisa que está sendo adorada. Nós temos perdido o hábito de fazer isso, e por isso, estamos particularmente atraídos pela natureza. Não é para o bem da nossa saúde, mas porque é uma fuga do formigueiro humano. É uma fuga da nossa própria competição, e nossos próprios dramas. E é por isso que gostamos de olhar para as geleiras e oceanos, contemplar a Terra fora seus perímetros, etc. Gostamos de nos sentir em contato com algo que não é humano, tão profundamente importante para nós.

5) O ‘tal’ equilíbrio – E uma das coisas interessantes sobre o sucesso é que nós pensamos que sabemos o que isso significa. Se eu perguntasse a você quem é muito, muito bem-sucedido, provavelmente viria a sua mente pessoas que fizeram muito dinheiro ou alcançaram renome em algum campo, certo?

Mas importante que você saiba que não pode ser bem sucedido em tudo. Ouvimos muita conversa sobre o equilíbrio entre vida e trabalho. Bobagem. Você não pode ter tudo. Você não pode. Assim, qualquer visão de sucesso tem que admitir em qual elemento está a perda.

6) A ‘sua’ ideia de sucesso – Outra coisa sobre nossa ‘vida de sucesso’ é que o significado de sucesso, muitas vezes, não é nosso. Eles são sugados de outras pessoas, principalmente, se você é um homem, de seu pai, e se você é mulher, de sua mãe. A psicanálise está tamborilando nesse assunto há 80 anos.

Além disso, vivemos sugando mensagens da televisão, publicidade, e tantas forças poderosas, que definem o que queremos e como vemos a nós mesmos. Quando nos dizem que trabalhar na área financeira é muito responsável, muitos de nós cria esse desejo. Quando trabalhar da área financeira já não é tão ‘cool’, perdemos o interesse no setor. Digamos que estamos muito ‘aberto a sugestões’.

Então, o que defendo é que não devemos desistir de nossas ideias de sucesso, mas devemos ter certeza de que elas são realmente nossas, que somos verdadeiramente os autores de nossas próprias ambições. Porque não conseguir o que se quer é ruim, mas ainda pior,  é descobrir ao final da viagem, que aquilo não era de fato o que se queria o tempo todo.

Por fim, vamos aceitar a estranheza de algumas de nossas ideias. Vamos garantir que nossas ideias de sucesso sejam verdadeiramente nossas.

Esses são os meus votos para que você encontre o SEU SUCESSO em 2015!

** Gabriela Otto é formada em Comunicação Social pela PUC/RS, Pós em Marketing pela ESPM e MBA Executivo pela FAAP/SP, além de inúmeros cursos de qualificação profissional, incluindo uma certificação internacional para Leadership Development Trainer. Com 20 anos de trajetória em Marketing, Formação de Pessoas, Vendas Estratégicas, Canais de Distribuição e Revenue Management, Gabriela tem experiências marcantes em empresas como Caesar Park, InterContinental, Sofitel Luxury Hotels e Worldhotels, sendo responsável pela divisão América Latina nas duas últimas. Atualmente é Sócia Diretora da GO Associados, empresa especializada na Capacitação de Pessoas, Marketing, Mercado de Luxo e Hotelaria & Turismo. Além disso é Palestrante, Articulista, Blogueira e Professora da ESPM e outras universidades de renome.

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