Parcela cada vez mais significativa tanto de consumidores quanto de força de trabalho, a Geração Z parece estar mesmo mudando a forma como a sociedade enxerga a vida pessoal e profissional. Em uma busca constante entre os dois mundos, os mais jovens estão menos interessados em trilhar uma carreira corporativa.

Em matéria veiculada pelo Valor, de acordo com um levantamento realizado pela empresa de solução de benefícios Caju, em parceria com a Consumoteca, de estudos sobre o comportamento humano, a Geração Z tem outras prioridades profissionais que não passam por alcançar o alto escalão de grandes empresas.

As pessoas nascidas entre 1995 e 2010 já são, em 2024, o segundo grupo mais representativo no mercado de trabalho, segundo dados do Total Work Force Index, do Manpower Group — atrás apenas dos Millennials.

O estudo conduzido pela Caju e Consumoteca ouviu 1,4 mil pessoas, sendo 400 no Brasil, 188 na Argentina, 443 na Colômbia e 446 no México. Deste montante, 33% são homens, 66% são mulheres e 1% não binário. Sobre o recorte social, 14% são de classe alta, 54% se consideram classe média e 31% classe baixa.

Principais preocupações

Dentre os respondentes, 84% afirmam que sua maior preocupação é atingir a estabilidade financeira, enquanto 51% da Geração Z brasileira vive pingando de salário em salário, sem conseguir um planejamento a longo prazo.

Ainda sobre as preocupações, 35% citaram custo de vida, 35% elencaram o desemprego e outros 21% as mudanças climáticas. Mesmo assim, boa parte dessa geração não está disposta a sacrificar sua saúde mental e bem-estar em prol da estabilidade financeira. Cerca de 56% dos entrevistados preferem pedir demissão se o trabalho interferir na vida pessoal.

Empreendedorismo em alta

A pesquisa apontou, ainda, que 54% dos entrevistados pensam em abrir seu próprio negócio e 10% querem ser profissionais liberais. A fatia que almeja trabalhar em uma empresa com plano de carreira é de apenas 19%. O percentual gera uma reflexão para as companhias, inclusive para o setor hoteleiro, que vive um momento de baixa retenção de mão de obra e pouca atratividade para gerações mais jovens.

O estudo sinaliza que 32% se declaram diagnosticados com algum tipo de doença relacionada à depressão ou ansiedade, enquanto 70% acreditam que todos deveriam fazer terapia.

A Geração Z também se posiciona como uma parcela que busca propósito em sua vida profissional, com 81% dos entrevistados brasileiros afirmando que desejam contribuir positivamente à comunidade em que vivem.

Danielle Lima, head de Talento e Cultura da Consumoteca, acredita que há um desalinhamento entre os jovens que buscam uma carreira no mercado corporativo. “Isso é agravado pela percepção de que o trabalho pode ser uma fonte de estresse e ansiedade”. Ela afirma que, para muitos, a solução tem sido buscar um lazy-job — emprego que se adeque a um estilo de vida mais equilibrado entre o pessoal e o profissional.

Lucas Fernandes, CHRO da Caju, acrescenta que a adoção de políticas de trabalho remoto e horários flexíveis é crucial para absorver jovens profissionais. “Além disso, as empresas devem investir em programas de saúde mental e bem-estar, reconhecendo que esses são fatores decisivos para a Geração Z escolher e permanecer em um emprego”.

(*) Crédito da foto: Freepik