ParalisaçãoHotelaria brasileira é afetada por paralisação dos caminhoneiros

Não podia ser diferente. Como todos os demais setores da economia, o locaute dos caminhoneiros gerou uma série de consequências à hotelaria. Executivos de redes e hotéis independentes ouvidos pela reportagem relataram muitos cancelamentos desde a última quinta-feira (24). Outro problema foi no abastecimento da área de A&B (Alimentos & Bebidas). Ainda assim, a percepção passada é de que o estrago não foi tão grande, até por conta do plano de contingência emergencial feito por muitos empreendimentos.

No primeiro caso, o receio dos hóspedes catapultou o número de cancelamentos, informaram os hoteleiros ouvidos. Já na área de A&B, a dependência do transporte rodoviário na matriz logística do país gerou os problemas de abastecimento.

Greve dos caminhoneiros: o problema

Em pronunciamento hoje (28), Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, disse que as conversas com os caminhoneiros se encerraram. Segundo estimativas, ainda há 557 pontos de manifestação nas estradas do país, no oitavo dia de protestos da classe. Artérias de ligação importantes, como Régis Bittencourt (São Paulo a Curitiba) e Dutra (São Paulo a Rio de Janeiro), ainda estão fechadas pelos caminhoneiros.

Padilha declarou que o governo não descarta elevar impostos para compensar a redução no preço do diesel. O ministro também garantiu que o governo federal não pensa em rever a política de preços da Petrobras. Já a prefeitura de São Paulo, que enfrentou hoje (28) protestos de motoboys e motoristas de vans e de fretados, estima perdas de até R$ 150 milhões com a paralisação.

Com esse cenário caótico, empreendimentos de todos os perfis – de redes hoteleiras estruturadas a hotéis independentes – enfrentaram problemas. Muitos deles, contudo, não souberam precisar a dimensão das perdas. A inoperância do governo, contudo, colabora para aumentar o receio do setor, com cada empreendimento fortalecendo os planos de contingência.  

Em Brasília e Maceió, hotéis da BHG (Brazilian Hospitality Group) sofreram com os cancelamentos de reservas derivados da suspenção de voos para o feriado. Segundo Tomás Ramos, diretor Comercial da BHG, o empreendimento nordestino foi o mais afetado. "Maceió houve um número alto de cancelamentos. Já Brasília sofreu impactos no corporativo", aponta.

Em São Paulo, o WZ Jardins também teve reservas canceladas desde a última quinta-feira (24), quando os sintomas da greve começaram a se agravar. "Fomos surpreendidos pela proporção que a greve tomou. Esperávamos dois ou três dias, no máximo", diz Marco Quioratto, gerente Comercial do empreendimento.

O Grupo Armação, que tem dois hotéis em Porto Seguro (BA), também foi outro que sofreu respingos dos protestos. Valéria Gordilho, gerente comercial da rede, revela que hoje (28) foi o dia mais complicado em termos de cancelamento. "Já tive 15, sendo a maioria de famílias. Acho que esse perfil de público prefere não arriscar por causa das crianças.

Exceções

Houve também que não sentisse qualquer efeito. Localizado na Chapada dos Guimarães (MT), o Malai Manso teve apenas três cancelamentos, com a maioria das reservas para o feriado sendo mantidas. Já a Átrio Hotéis, que recentemente fechou acordo com AccorHotels, relatou poucos problemas relacionados à hospedagem.

Já Ricardo Luiz Peixoto, gerente Comercial do Portobello Resort & Safári, em Mangaratiba (RJ), conta que não houve impacto no fornecimento de alimentos ou cancelamento. "Alcançamos 90% de ocupação no último final de semana, nada fora do normal. Para o feriado, houve apenas pedidos de confirmação e acompanhamento da reserva, sem cancelamentos ou problemas com o A&B", revela.

(*) Crédito da Capa: Tânia Rêgo/Agência Brasil

(*) Crédito da Foto: Valter Campanato/Agência Brasil