Com um conceito ainda pouco difundido no Brasil, de prédios residenciais voltados integralmente para aluguel, a companhia norte-americana Greystar elegeu o país como novo alvo, começando por São Paulo. A meta da empresa global de real estate é chegar a 10 mil apartamentos em diversas regiões nos próximos cinco anos, informa a Bloomberg Línea.

As acomodações serão distribuídas em 40 edifícios por todo o território brasileiro, com a maioria operando no segmento multifamily, e parte destinada ao já conhecido modelo de short-term rental, que registrou certo esfriamento em 2023. “Vemos uma mudança nas novas gerações, que valorizam mais a experiência, e não a posse. Isso inclui morar perto do trabalho e ter oferta de transporte público de qualidade. Eles querem flexibilidade”, diz Vitor Costa, country manager da Greystar no Brasil.

A chegada da empresa ao país, por outro lado, gera preocupação sobre uma possível sobreoferta de studios em São Paulo, podendo afetar a hotelaria da cidade. Atualmente, a Greystar desenvolve 3,6 mil unidades na capital paulista, sendo 2,1 mil já em operação, em um projeto chamado Ayra, com investimento de R$ 1,7 bilhão. O empreendimento, inclusive, foi o primeiro edifício da empresa no Brasil, inaugurado no ano passado no bairro de Pinheiros. “Nosso plano é ser a principal empresa multifamily no país em diferentes extratos de renda, não só no alto padrão”, ressalta Costa.

Modelo de negócio

O executivo explica que o modelo de negócio da Greystar envolve desde o desenvolvimento do empreendimento até a construção, operação e gestão de aluguel e condomínio. “Grandes investidores gostam do segmento multifamily porque é resiliente e seguro. Nossa visão é que, no longo prazo, esse mercado vai evoluir muito no Brasil, como aconteceu na Europa. Estamos em busca de outros fundos para focar em renda média”, avalia.

O grupo capta recursos de investidores e faz a gestão dos fundos imobiliários. “Provocamos muito os fundos. Nosso foco não é ganhar dinheiro somente investindo mas também prestando serviços ao longo da cadeia imobiliária. Temos que fazer a roda girar. Dentro dos US$ 320 bilhões que gerimos, US$ 78 bilhões são fundos que investimos e gerenciamos”, reforça Costa.

Os contratos do modelo de multifamily são mais flexíveis, de três a 12 meses de duração e não exigem fiador ou seguro fiança. As unidades podem ser mobiliadas ou semimobiliadas e, nas áreas comuns, a oferta vai de lavanderia a coworking. Os edifícios da Greystar oferecem acomodações de 20 metros quadrados (m²) a 200 m².

A Greystar começou a operar na América Latina por meio do mercado chileno que, segundo Costa, já tem o conceito de multifamily bastante desenvolvido. Hoje, a capital do país conta com 140 prédios destinados ao segmento. Por outro lado, o executivo diz que São Paulo deverá se tornar o maior mercado de multifamily na região.

(*) Crédito da foto: Nelson Kon/Greystar