Dando continuidade à programação do Hotel Trends ESG, iniciada hoje (8), no Pullman Ibirapuera, Pedro Mantovani, gerente de Portfólio ESG da TOTVS, e Pedro Macedo, sócio da DEEP ESG, deram início ao debate da Dimensão Econômica e seus benefícios dentro da agenda sustentável do setor.

Entre dados, exemplos práticos e desafios, os executivos mostraram que a sustentabilidade e lucro podem — e devem — andar de mãos dadas. Macedo destacou a crescente relevância da agenda ESG no setor, citando como exemplo o sistema IHG Green Engaged, que mostra a agenda como uma via de mão dupla.

“É impulsionar positivamente a população local, mas também é pensar nos negócios”, afirmou. Segundo ele, a redução de custos e o aumento das receitas são benefícios diretos de uma implantação bem executada de práticas ESG.

Mantovani complementou a visão ao destacar que a adoção de práticas sustentáveis vai além da questão financeira, trazendo também ganhos operacionais. Ele citou a alimentação com fornecedores locais como exemplo, explicando que essa iniciativa não apenas estimula a economia local, mas também melhora a experiência do hóspede e capacita a comunidade local. “A eficiência energética, embora complexa de implementar, também traz retornos financeiros consideráveis”.

No setor financeiro, o papel dos créditos verdes foi discutido por Macedo, que apontou como os bancos estão cada vez mais oferecendo condições vantajosas para empresas que adotam pautas ESG. “Ao se vincular a essas causas, as empresas conseguem reduzir significativamente suas taxas de juros, o que incentiva ainda mais a adoção dessas práticas”.

Ambos os painelistas também reforçaram a importância de seguir etapas claras para a implantação de ESG, começando pela mensuração, definição de metas e indicadores, até o acompanhamento de KPIs (indicadores de desempenho) e a auditabilidade das práticas adotadas.

Pedro Macedo e Pedro Mantovani

Macedo e Mantovani comandaram a palestra

Hotelaria sustentável: desafios e oportunidades

O painel Finanças Sustentáveis e ESG: o potencial da hotelaria nessa agenda, mediado por Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News, que contou com a presença de Rodrigo Faveta, CFO da Rede Pacto Global do Brasil; Beto Caputo, CEO da Atrio Hotel Management; e Jonny Altstadt, sócio-diretor da HT EcoSolutions, discutiu como o mercado hoteleiro está respondendo às pautas ESG.

Faveta destacou um movimento crescente entre os CFOs de empresas que alinham suas metas de sustentabilidade às questões como emissão de carbono, descarte de resíduos e uso da água.

Caputo abordou o impacto econômico dessas práticas no Hotel Trends ESG, ressaltando que cerca de 90% da energia utilizada pela Atrio vem de fontes limpas. “O drive econômico é muito forte”, afirmou o CEO da operadora, enfatizando que a agenda ESG se tornou um fator determinante na tomada de decisões de investidores do setor hoteleiro.

Altstadt trouxe uma perspectiva internacional ao mencionar as tendências e desafios enfrentados pelo setor hoteleiro europeu em relação ao ESG. Ele observou que, apesar das oscilações nas preferências dos clientes quanto ao CAPEX (despesas de capital), a adoção de práticas sustentáveis é “um caminho sem volta” para a hotelaria global.

Oportunidade de crescimento com a COP30

Por fim, Faveta falou sobre a expectativa do setor para a COP30, que será realizada em Belém em 2025, destacando a importância do evento como uma oportunidade para o mercado hoteleiro brasileiro. “É hora de mostrar que o nosso setor está preparado para atender esse público, comunicando o nosso funcionamento e os nossos impactos locais”,pontuou.

Caputo acrescentou que a Accor, por exemplo, já está se preparando para o evento, com planos de inaugurar um novo empreendimento na região.

(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News