Planejar uma estada envolve imaginar a experiência ideal, desde a hospitalidade até a gastronomia oferecida. No mundo pós-pandemia, as expectativas dos hóspedes se elevaram, com destaque para o A&B (Alimentos & Bebidas) como um diferencial importante. Para os hotéis, garantir que esses elementos se alinhem com um orçamento eficaz é um desafio constante. Assim, o planejamento orçamentário se torna um fator essencial para o sucesso de qualquer empreendimento hoteleiro, permitindo equilibrar as finanças sem comprometer a qualidade dos serviços.

É nesse cenário que o Hotel Trends Orçamentos 2025 trabalha. O evento, promovido pelo Hotelier News em parceria com a Noctua Advisory, deu seu pontapé inicial há pouco em São Paulo, no Novotel Morumbi, e tem como objetivo ajudar o setor hoteleiro a enfrentar as incertezas financeiras e preparar-se para as mudanças que estão por vir.

“O Hotel Trends Orçamentos 2025 visa trazer um pouco de previsibilidade aos próximos meses no setor hoteleiro”, enfatizou Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News. A partir de pesquisas realizadas ao longo de dois anos, o encontro se propõe a apresentar novas concepções financeiras que orientem as melhores decisões para hotéis de diferentes portes.

Um pouco de positividade na economia

Na palestra Decifrando o contexto macroeconômico brasileiro para 2025, Guilherme Dietze, presidente do conselho de Turismo da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), compartilhou um panorama otimista para o setor hoteleiro. Com sua experiência em criação de indicadores do turismo, o executivo apresentou as estatísticas do primeiro semestre de 2024, destacando números como o IBC-Br (-2,1%), o comércio varejista (+5,2%), a indústria (+2,6%), os serviços (+1,6%), o turismo (+1,9%) e as viagens corporativas (+3,7%).

Guilherme Dietze

“Cautela é fundamental”, disse Dietze

Entre os dados apresentados, a taxa de desemprego, que ficou em 6,8% no segundo trimestre, é a menor desde 2014. Isso reflete positivamente no mercado de trabalho, com a maior massa real de rendimentos do primeiro semestre dos últimos 10 anos. Dietze ainda mencionou a crescente demanda por alimentação fora do domicílio, apesar dos desafios enfrentados pelos hotéis em reduzir os custos.

Embora a alimentação tenha registrado alta demanda, Dietze não a vê como vilã da economia. Ele apontou para a relativa estabilidade nos preços das commodities e do setor de açougue, apesar da inflação dos últimos dois anos. No entanto, segmentos como transporte têm enfrentado oscilações mais intensas, especialmente devido às crises climáticas, como o fechamento do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre.

Outro ponto relevante é a confiança do consumidor e do empresário, que não tem melhorado nos últimos dois anos, apesar de certa estabilidade no consumo de serviços. As curvas de poupança e investimento também demonstram uma baixa contribuição em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), com 16,9% em FBKG e 16,2% em poupança. Além disso, a taxa de juros permanece alta, estabilizada em 10,5% desde julho de 2024.

O que esperar para 2025

O cenário para 2025 é promissor, com possibilidade de redução de juros nos Estados Unidos e uma inflação moderada no Brasil a curto e médio prazos. Contudo, o risco fiscal brasileiro, a desvalorização do real e as eleições presidenciais de 2026 podem trazer desafios. Dietze destacou a importância de cautela, especialmente diante da combinação de juros elevados e baixa produtividade no país, que podem afetar o crescimento econômico.

Apesar disso, o executivo apresentou boas notícias. Segundo dados da FecomercioSP, os índices de turismo (R$ 95,3 bilhões) e de alojamento (R$11,3 bilhões) apresentam tendências de crescimento, o que traz expectativas positivas para o setor em 2025.

(*) Crédito da capa e da foto: Hotelier News