Em um cenário de constante transformação na hotelaria, a sexta palestra do Hotel Trends Orçamentos 2025, intitulada C-Level: o que as lideranças do setor esperam para 2025, reuniu executivos de grandes redes hoteleiras para debater o futuro do mercado. Temas como a integração de tecnologia, estratégias de crescimento e o impacto de fatores econômicos globais surgiram como focos das discussões.

Thomas Dubaere, CEO da Accor para a América do Sul, destacou o sucesso do último ano. Com um pipeline de 150 novos hotéis previstos para 2024, ele mencionou que o RevPar registrou incremento de 6% no primeiro semestre. “Nosso foco para o futuro deve ser a ocupação”, enfatizou.

Thomas Dubaere

Dubaere detalhou projeto de expansão da Accor

Mesmo com o impacto das guerras internacionais, a gigante francesa continua focada em seu projeto de expansão, principalmente nos segmentos de luxo e econômico. A rede planeja estratégias diferenciadas para cada mercado, visando um crescimento equilibrado em todos os países onde está presente, com destaque para o México.

A integração de Inteligência Artificial e o fortalecimento do programa de fidelidade são prioridades para a Accor. Além disso, o desenvolvimento de RM tem sido fundamental para o crescimento da rede, mas a experiência do hóspede ainda é prioridade. “Investidores não gostam de ver metros quadrados vazios que não geram receita”, destacou o executivo.

Dubaere também ressaltou a importância de inovar no setor de A&B (Alimentos e Bebidas) e de adaptar os hotéis às novas formas de trabalho, como os espaços de coworking, que vêm ganhando relevância nos projetos da Accor.

Na construção orçamentária do ano passado, a Intercity Hotels adotou uma postura mais conservadora. Alexandre Gehlen, fundador da rede, afirmou que os principais desafios estarão ligados às reformas tributárias, exigindo criatividade para evitar crises.

As capitais têm apresentado crescimento acima da média em comparação com cidades secundárias, e para 2025, aumentar a diária média será crucial para manter os resultados obtidos em 2023. A empresa também aposta em reformas estruturais, com seis hotéis em obras, aproveitando o momento mesmo diante das isenções de receita.

Mercado de luxo

Nos últimos dois anos, a Belmond apresentou crescimento expressivo, conforme apontado por Ulisses Marreiros, managing director da rede, em sua participação no Hotel Trends Orçamentos 2025. Em 2024, a companhia superou em 10% o resultado do ano passado, embora tenha enfrentado o impacto do alto preço das passagens aéreas, ainda que a demanda siga aquecida.

O segmento corporativo permanece modesto, com grande parte da receita proveniente de eventos sociais e de lazer no cenário pós-pandemia. Foz do Iguaçu (PR) desponta como um dos mercados mais promissores para a Belmond, mas o Copacabana Palace também se destaca como um ativo valioso. Marreiros enfatizou que o hotel carioca vai além da hospedagem, integrando-se à cultura e ao turismo local.

Mercado de lazer e eventos

Lizete Ribeiro, CEO do Grupo Tauá de Hotéis, destacou que a inovação e o investimento em entretenimento, juntamente com a transformação de processos, são essenciais para manter o crescimento recente. O clube de benefícios da rede, que registrou aumento de 48% no último ano, é um dos principais motores desse avanço.

O setor de eventos apresentou incremento, com destaque para Minas Gerais, que dobrou sua fatia no segmeto após a introdução de uma atração temática em outubro de 2023. A executiva afirmou que o grupo busca implementar novidades a cada dois anos para sustentar o crescimento e garantir um retorno expressivo.

As expectativas para o segmento de eventos em 2025 são otimistas, embora ainda dependam das condições econômicas do país. Quanto ao clube de benefícios, Lizete enfatizou que o alinhamento da equipe é crucial para o crescimento saudável dos hotéis. A compreensão das pesquisas que apontam falhas na cultura de resultados dos empreendimentos é um desafio que a rede pretende enfrentar, alinhando metas individuais para cada colaborador e implementando um monitoramento rigoroso.

Perse

Marreiros afirmou que o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) não será considerado no orçamento de 2025, e a Belmond busca manter sua estabilidade financeira sem depender desse benefício. A rede aposta em eventos de alto padrão, como os realizados no Copacabana Palace, para elevar seus resultados.

A Accor, por sua vez, vê criatividade como elemento-chave para seu orçamento de 2025. Aumentar as receitas em hotéis corporativos é uma estratégia em andamento, que já demonstrou retornos positivos. Ele reforçou que a eficiência nos custos e operações será crucial para o futuro da rede.

O Grupo Tauá, por sua vez, continuará investindo em tecnologia para atrair hóspedes e melhorar a comunicação com os clientes por meio do CRM. O controle de custos e a eficiência no uso da mão de obra também estão entre as prioridades da empresa, que pretende integrar mais ferramentas em suas operações.

(*) Crédito da capa e da foto: Bruno Churuska/Hotelier News