Quando a pandemia começou a se afastar do turismo, o lazer foi a mola propulsora da retomada do setor. Cinco anos após o início de uma crise sem precedentes na indústria de viagens, a hotelaria volta a vivenciar certo equilíbrio entre seus segmentos de mercado. De acordo com um estudo desenvolvido pela Omnibees, que traz dados e tendências tanto para o lazer, quanto para o corporativo, o momento é promissor para ambos os perfis de público.
Entre 2023 e 2023, os room nights do lazer subiram 6% no Brasil como um todo. Já a tarifa média deu um salto de 8% na mesma base comparativa. No recorte regional, o Norte foi a região com avanços mais significativos em ambos os indicadores — com crescimento de 14% em room nights e de 16% em diária média.
Colocando uma lupa no corporativo, a hotelaria nacional registrou alta de 3% em room nights e de 8% em tarifa média. Novamente, a região Norte aparece com os percentuais de incremento mais expressivos: avanço de 8% em room nights e de 14% em diária média.
Em 2024, as tarifas foram os principais drivers de crescimento do setor, ainda que a expectativa fosse de maior demanda. Em linhas gerais, a diária média apresentou certa estabilidade no período. São Paulo, por exemplo, foi uma praça beneficiada por grandes eventos e o retorno massivo do corporativo.
No ano passado, a capital paulista atingiu R$ 482 em diária média, com aumento acumulado de 50,63% desde 2019 — período ainda pré-pandemia. Colocando a inflação acumulada nessa conta, o crescimento real do indicador foi de 17,83%.
Os números reforçam os dados do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), que apontam que, em 2024, São Paulo obteve aumento expressivo de 11,9% em diária média, tornando-se a única cidade brasileira a ultrapassar a marca dos R$ 500 em valores absolutos.
Comportamento de compra do consumidor
O estudo da Omnibees ainda revela que a antecedência de compra na hotelaria subiu em ambos os segmentos. No lazer, o indicador avançou 6,7%, de 49,2 para 52,5 dias de antecipação. Já o corporativo deu um salto de 3,0%, saindo de 20,3 para 20,9 dias de antecedência. Essa mudança de comportamento está relacionada a fatores econômicos e até mesmo a novas políticas de reservas dos empreendimentos hoteleiros.
Por outro lado, houve redução na taxa de cancelamento dos dois segmentos. O lazer recuou 1,5%, indo de 27,3% para 26,9%. O corporativo apresentou queda mais acentuada, partindo de 20,2% para 19,5%. Assim como as antecedências de reservas, a diminuição dos cancelamentos pode estar atrelada ao maior planejamento de viagens e políticas mais rígidas de cancelamento dos hotéis.
No quesito estadia média, os segmentos apresentaram comportamentos distintos. No lazer, o indicador se manteve estável em 3,29 dias. O corporativo registrou aumento de 0,5%, saltando de 2,04 para 2,05 dias. A variação é reflexo de viagens mais longas, porém com menos frequência — o que gera economia para as empresas e permite que os colaboradores possam aproveitar os destinos que viajam a trabalho.
Top destinos
O Rio de Janeiro aparece como o destino de lazer mais procurado do país, seguido por Maceió e Foz do Iguaçu. Gramado, apesar de performar entre os cinco primeiros, apresentou queda expressiva em room nights (-20%) e tarifa média (-8%) — provavelmente em decorrência das enchentes de maio que castigaram o Rio Grande do Sul e, consequentemente, comprometeram a alta temporada de inverno.
No corporativo, São Paulo também manteve sua liderança, apesar de apresentar queda em room nights (-1%). Rio de Janeiro registrou recuo mais acentuado (-4%) em demanda, enquanto Belo Horizonte foi a praça que mais cresceu em room nights (16%) e diária média (15%). Porto Alegre reforça o mesmo cenário observado em Gramado, com declínio de -18% em demanda.
Demanda futura impulsionada por eventos
A tabela abaixo apresenta as praças com maior quantidade de pesquisas realizadas em fevereiro de 2025 para viagens entre março e junho deste ano. Novamente, os grandes eventos aparecem como fatores de demanda. O Rio, por exemplo, deve receber um alto fluxo de turistas em maio devido ao show da cantora Lady Gaga — repetindo o cenário observado com a apresentação da Madonna, em maio do ano passado.
São Paulo é outro destino amplamente impulsionado por eventos. Em março, o festival Lollapalooza é um catalisador de demandas para a hotelaria. Porém, eventos corporativos, conferências e exposições também aparecem como fatores atrativos para o público.
Apesar de ter uma menor quantidade de eventos, o Rio de Janeiro, assim como São Paulo, possui uma maior concentração no primeiro semestre, que influencia diretamente o aumento da demanda para hospedagem. O Carnaval, por exemplo, realizado em março, mostra o aquecimento da procura pela capital fluminense.
(*) Crédito da capa: Hotelier News
(**) Crédito das imagens: Divulgação/Omnibees