As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio seguem gerando prejuízos na hotelaria gaúcha. Passado o pior momento das enchentes, o setor inicia uma mobilização para retomar o turismo no estado, como é o caso da rede hoteleira de Bento Gonçalves, que busca recuperar o tempo perdido para atrair visitantes durante a alta temporada de julho.

Segundo divulgado pelo Jornal Cidades, a movimentação no destino está muito abaixo do normal. De acordo com dados do Segh (Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho), em maio, a taxa de ocupação ficou na casa dos 23%. Para julho, apenas 5% dos leitos estão pré-reservados.

Marcia Ferronato, presidente da entidade, revela que, em tempos de normalidade, o mês de maio alcançava uma taxa de 60% de ocupação com o feriado de Corpus Christi. A executiva afirma que o setor vem buscando alternativas para a remarcação de hospedagens, mas lamenta que os hotéis foram impactados com cancelamentos, o que gerou a devolução de valores e a vacância.

Para agravar o problema, o fechamento do Aeroporto Salgado Filho é um dos principais motivos para a redução da demanda. “O desafio persiste, a economia tem que girar para seguirmos cuidando das pessoas e dos negócios. No mês de junho, hoteleiros seguem apresentando benefícios ou pacotes, mas devido a situação do estado, eventos e reservas foram cancelados”, diz Marcia, que destaca, ainda, que os valores das passagens aéreas, baixa oferta de voos e a urgência de reapresentar atrativos turísticos são outros empecilhos para a retomada.

Iniciativas

A entidade aponta que, com a baixa procura para as férias de julho, associações do trade turístico criaram um comitê de crise para reaquecer o turismo na região. Um exemplo é o Abrace Bento, que traz ofertas até, pelo menos, 30 de junho.

“Momentaneamente, (o Abrace Bento) é uma solução, mas muito aquém das necessidades do setor. No comitê seguem os planos, como a valorização do turismo rodoviário, a manutenção de campanhas de incentivo ao turismo e a união de esforços para melhorias, como por exemplo, a partir do Aeroporto de Caxias e estimular a realização de eventos na cidade. Os setores econômicos do turismo e eventos precisam urgentemente de socorro”, complementa Marcia.

A Dall’Onder Hotéis, que possui três unidades em Bento Gonçalves e uma em Garibaldi, busca evitar cancelamentos e negociar com os clientes a prorrogação de prazos de hospedagens marcadas para maio. Em alguns casos, a rede chegou a conceder uma flexibilidade de remarcação de até cinco anos para um hóspede.

Maitê Michelon, vice-presidente da rede, conta que 100% das reservas de maio foram canceladas por conta da crise climática no estado. A Dall’Onder Hotéis abriu as portas de suas propriedades para receber voluntários e equipes de resgate.

“Fornecemos cerca de 400 cortesias para essas pessoas. Depois, precisamos cobrar um valor para cobrir os custos. Tentamos, também, focar nos serviços dos restaurantes, piscina aquecida e até na lavanderia para gerar alguma receita”, revela.

Maitê pontua que a operação dos hotéis também foi reduzida no período, com expectativa de retomada este mês Segundo a executiva, a normalidade é de 90% de ocupação aos finais de semana, mas entre os dias 8 e 90 de junho, o indicador chegou a 40%.

A estimativa da rede é ter um prejuízo de R$ 3 milhões mensais, que podem ser reduzidos com “medidas de contingenciamento”, conforme a gestora, além da antecipação de receitas com eventos que já estavam agendados e foram adiados. “Os eventos preenchem nossa necessidade de segunda a quinta-feira, e o turismo de lazer, de sexta a domingo. Estamos, hoje, só com a demanda de fim de semana e, ainda, abaixo do normal”, explica.

Turismo como motor de retomada

No dia 5 de junho, Celso Sabino, ministro do Turismo, enfatizou a importância do trabalho em conjunto para retomar as atividades econômicas no estado. Segundo o líder da pasta, o setor será a força motriz para recuperar os prejuízos causados pelas chuvas.

Em destinos como Gramado, o Sindetur (Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares da Região das Hortênsias), o prejuízo deve chegar aos R$ 550 milhões até o final de julho. Algumas redes hoteleiras gaúchas, como é o caso da Intercity Hotels, iniciaram campanhas de divulgação do turismo do estado, reforçando seus atrativos para reconduzir a demanda.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Turismo de Bento Gonçalves