Meses depois do início da crise, o Hurb segue dando problemas para os consumidores. Nos últimos seis meses, mais de 64 mil queixas foram registradas contra a empresa de viagens no Reclame Aqui, e mais de 60% delas se referem a atraso no reembolso, estorno de valor pago e descumprimento de prazos, com menos de 15% das pontuações já resolvidas, segundo a plataforma, informa a Folha.
No Procon-SP, até o dia 15 deste mês, as reclamações de dificuldade na devolução de valores pagos e de ofertas não cumpridas somaram o dobro do que foi registrado em janeiro. Foram 1.221 reclamações nas duas primeiras semanas de outubro, quase metade do pico de 2023, que ocorreu em agosto.
A empresa afirmou à Folha que está comprometida com a realização das viagens adquiridas na plataforma e com a devolução de valores solicitados por clientes que optaram pelo cancelamento do serviço. A OTA disse que está trabalhando em uma força-tarefa, com reforço nas equipes, para normalizar as operações. Em setembro, a companhia afirma ter levado mais de 2 mil pessoas para viajar.
A Senacon suspendeu temporariamente a venda de novos pacotes com datas flexíveis em maio e a empresa está sujeita a multa diária de R$ 50 mil, caso não cumpra as exigências. “Essa medida vai perdurar até que a empresa nos apresente um plano concreto de resolução dos contratos atualmente em vigor. O Hurb deverá demonstrar que está cumprindo os contratos e que tem condições financeiras de celebrar novos contratos”, afirmou Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor, em 29 de maio. Além disso, a Senacon editou uma medida cautelar, na terça-feira, solicitando que a companhia apresente esclarecimentos sobre sua situação econômica e financeira, bem como sobre a execução contratual de pacotes “mês fixo” e de qualquer outro pacote com datas flexíveis.
A crise
A crise de imagem da empresa teve início em abril, quando surgiram relatos de falta de pagamento para hotéis e pousadas que receberiam os compradores de pacotes flexíveis. Esses pacotes, nos quais o cliente determinava apenas o destino, sem definir a data de viagem, eram a principal fonte de receita da OTA. Atualmente, o Hurb vende pacotes de mês fixo, nos quais o cliente escolhe o mês da viagem, e a empresa, o dia.
Segundo a Senacon, no primeiro trimestre de 2023, foram registradas 11 mil queixas contra o Hurb, quase igualando ao total de 12 mil reclamações de todo o ano de 2022. A crise na empresa também foi agravada pela renúncia do então CEO, João Ricardo Mendes, após ameaçar e insultar clientes nas redes sociais.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Hurb

















