Desde que o ChatGPT caiu nas graças do mercado, muito tem se especulado sobre as possíveis aplicabilidades da IA (Inteligência Artificial) no turismo. Dentro da hospitalidade, a tecnologia pode ir além dos hotéis. O segmento de short-term rental também pode ser beneficiado pelas soluções da ferramenta.
Em entrevista ao Phocuswire, David Jacoby, presidente da Hostfully, que ajuda os gerentes profissionais de aluguel de curto prazo a maximizar a distribuição e a experiência do hóspede, compartilhou alguns insights sobre IA generativa e seu impacto na indústria de viagens.
A empresa, que começou a trabalhar com a tecnologia em dezembro de 2022, realizou diferentes testes. “Passamos um mês tentando diferentes prompts e vendo em que o modelo de linguagem grande (LLM) era bom. O que ficou claro foi que isso apresentou uma nova maneira de os usuários interagirem com os computadores. Coloque um prompt escrito de maneiras diferentes (estruturas de frases, marcadores, ideias desconexas etc.) e a IA não apenas entendeu a solicitação, mas também deu uma resposta”, conta o executivo.
Segundo Jacoby, quando se trata de hospitalidade e experiência do hóspede, há entre 90% e 100% de precisão. “Achamos que criar um recurso em que o hóspede pudesse fazer perguntas sobre a propriedade deixava muito espaço para a interpretação da IA. Se a IA interpretasse mal uma pergunta e fornecesse a resposta errada, isso poderia causar problemas, fazendo com que os hóspedes deixassem uma avaliação negativa do anfitrião”, analisa.
Apesar das boas possibilidades, o executivo afirma que a tecnologia precisa amadurecer um pouco mais para ser melhor aproveitada ao invés de arriscar avaliações negativas nas plataformas de short-term rental.
“Nosso trabalho atual com IA generativa está focado em permitir que os anfitriões proporcionem momentos únicos aos hóspedes, adaptados às suas preferências específicas. Nosso projeto mais recente, lançado em 10 de julho, é a possibilidade do hóspede obter um itinerário personalizado gerado no guia. O cliente coloca parâmetros como tamanho do grupo, as datas em que está na área e quaisquer restrições que possa ter, e o guia fornece um itinerário personalizado”, explica Jacoby.
Uma das razões pelas quais os hóspedes optam pelo short-term rental é a possibilidade de viver uma experiência como um local. Infelizmente, responder às perguntas dos viajantes e fornecer recomendações leva tempo, logo, os guias permitem que os anfitriões façam as recomendações.
Desafios
Para Jacoby, os maiores desafios da IA generativa são encontrar o equilíbrio entre a engenharia imediata e permitir que a tecnologia seja consistente e confiável para atuar em cenários dinâmicos como o turismo.
“Quando começamos a criar o recurso de itinerário personalizado para os guias, ficou claro que a IA era ótima em desenvolver roteiros criativos. Mas de vez em quando obtínhamos resultados inesperados ou simplesmente errados. Para corrigir, adicionaríamos mais parâmetros de prompt, mas isso faria com que as respostas fossem mais parecidas com as que você encontraria em uma pesquisa tradicional do Google. Portanto, encontrar o equilíbrio certo entre quais sugestões incluir e como expressá-las foi um grande desafio a ser superado”, avalia o executivo.
Jacoby acredita que a IA possui enorme potencial para a indústria de viagens, como a redução de custos operacionais. “Se os bots de bate-papo ficarem consistentes o suficiente, eles poderão interagir com o público em geral e sinalizar casos extremos para uma revisão humana. Isso terá enormes implicações para as companhias aéreas, hotelaria e operadoras de turismo locais”.
(*) Crédito da foto: Geralt/Pixabay