Com um novo cenário no mercado, mudanças são, além de inevitáveis, necessárias. A hotelaria está se transformando alinhada às demandas geradas pela pandemia, mudança de comportamento do hóspede e expansão de ambientes digitais. Desta forma, a liderança, como peça-chave na performance dos empreendimentos, também precisa se reinventar. Em live encerrada há pouco, o Hotelier News e Grupo R1 trouxeram ao debate o futuro da gestão e caminhos a serem seguidos no novo normal.

Em tempos de crise, o peso nas costas dos gestores é ainda maior. Engajar equipes, alcançar o breakeven, adaptações, protocolos e demissões são apenas a ponta do iceberg entre os muitos desafios enfrentados, além de outros que ainda estão por vir. Para discutir o tema, participaram da live Deyzi Weber (ICH Administração de Hotéis); Marcia Vasconcellos (Unique); Maurício Reis (Accor) e Tricia Neves (Mapie), com moderação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News.

Em agosto, Sébastien Bazin, CEO da Accor, anunciou a reestruturação da rede visando maior agilidade nas tomadas de decisões. Buscando uma gestão mais enxuta, a empresa francesa eliminará cargos intermediários, aproximando a operação do corporativo. Seguindo a linha de raciocínio, Medeiros trouxe à mesa o questionamento: é possível uma hotelaria mais horizontal?

Representante da Accor no debate, Maurício Reis defende maior autonomia para as equipes. “Não é apenas possível, mas também desejável. A Accor trouxe esse conceito com a marca ibis, que é baseado na independência de times e eliminação de níveis hierárquicos. A pandemia acelerou e intensificou esse processo, pois o impacto no setor fomos obrigados a rever estruturas e modos de operar para responder com mais agilidade”, explica.

Sócia-diretora da Mapie, Tricia Neves complementa afirmando que descentralizar tomadas de decisão é uma tendência que já vinha sendo estudada pelo setor. “Temos olhado tentativas de desierarquizar a gestão com a intenção de trazer conhecimento para a operação, onde os líderes não são mais tidos como donos da verdade. A gestão precisa ser feita por conhecimento e não por hierarquia, de forma distribuída. O organograma de pirâmide como conhecemos talvez esteja prestes a desaparecer”.

live - liderança 4.0

Convidados destacaram meios de engajamento de equipes

Liderança: momento de transição

Não é preciso dizer que 2020 é um ano que ficará marcado na história mundial como um catalisador de muitas mudanças. Com a sociedade e o mercado em fase de transição, saber conduzir equipes rumo ao futuro é uma responsabilidade e tanto. Para a gerente de RH (Recursos Humanos do Hotel Unique), o líder precisa ser uma fonte de inspiração, sabendo extrair o melhor de cada colaborador.

“Ele é o modelo. Precisa acreditar e ter consciência de que o seu papel é fundamental. O líder precisa entender as pessoas, saber qual o diferencial de cada um para juntos construir os resultados. Temos que tirar o peso das costas da liderança”, salienta.

Deyzi Weber, da ICH, soma destacando a importância de entregar o protagonismo aos colaboradores e desenvolver qualidades por meio da experiência. “Houve um enxugamento na hotelaria. Estamos vendo uma geração chegar que quer ser protagonista, quer participar. O líder precisa conduzir esse processo, ser agente transformador dessa cultura. Engajar e inspirar o time para ser multitarefa, atuando de forma colaborativa”.

E para desenvolver o potencial dos funcionários, grandes redes como a Accor, por exemplo, oferecem programas de mentoria e trainee com o propósito de identificar talentos na empresa. “Temos uma tradição longa de formação de gestores, com programas para recém-formados em Hotelaria. Os trainees do ibis, por exemplo, tem dado bons frutos, levando em conta as características pessoais combinadas a avaliações de competência”.

O perfil do líder

E qual o perfil do líder ideal? Que características e qualidades serão essenciais para encaminhar o setor ao mercado de amanhã? Tricia argumenta que além da capacidade de inspirar, a liderança precisa ser vista como um gestor de negócios. “O líder precisa ser flexível, amigo da mudança. Este ano entendemos a importância de ser adaptável para encontrar soluções de acordo com o cenário e olhar para o futuro com a capacidade de enxergar caminhos e prever para onde vamos”.

No Unique, rodas de conversa entre líderes e liderados têm gerado bons resultados. Segundo Márcia, o segredo é formar times com visões plurais. “Juntos pensamos no que pode ser feito. Muitas vezes a liderança fica na dependência de tomar as decisões e as equipes de receberem diretrizes. Percebemos que ao colocar pessoas para atuar em conjunto onde cada um tem o seu potencial, elas se engajam mais. A horizontalidade traz essa bagagem de experiências incríveis”.

Outra palavra em destaque na conversa foi autoconhecimento. Unânime entre os convidados, o conceito de entender e descobrir a si mesmo como parte fundamental na gestão levou à mesa questões como terapia e juízos de valores. “Ninguém exerce um papel sem entender o que é importante e coerente. Isso impacta a maneira de lidar com a equipe e quais são os propósitos da empresa”, analisa Deyzi.

Para assistir a live na íntegra acesse o link.

(*) Crédito da capa: jannerboy62/Unsplash

(**) Crédito da foto: reprodução da internet