Não é de hoje que a hotelaria vem buscando implementar junto de seus processos operacionais diversos programas ligados a sustentabilidade. Me recordo de projetos de mais de 10 anos atrás, em diversos hotéis horizontais em vários Estados, de implementação de Usinas de Compostagem para tratamento do resíduo orgânico, projetos importantes e mantidos até os dias de hoje.

Mais recentemente, acompanhamos muitos empreendimentos hoteleiros trabalharem em ações pontuais na direção de eliminar os canudos, os copos descartáveis, os sacos plásticos e tantos outros insumos usados no dia a dia da operação para realização de serviços.

Nos últimos tempos, muitos consumidores passaram a perceber e valorizar ações sustentáveis, dos quais muitos destes são nossos hóspedes. Percebe-se consumidores mais atentos e conscientes a estas questões.

Um olhar responsável para sustentabilidade deve levar em conta uma série de fatores, por exemplo, o uso dos recursos hídricos, a possibilidade de captação da água da chuva e seu reuso, a gestão de energia elétrica, entre tantos outros importantes temas.

Apesar de sua importância na busca por soluções mais sustentáveis, precisamos de uma abordagem ainda mais abrangente. Precisamos observar, por exemplo, antes da aquisição e escolha dos produtos de higiene, um olhar para a composição dos produtos químicos usados na higiene do hotel, garantindo que seus resíduos não causem danos a vida aquática devido a sua formulação.

Outro exemplo, seria a qualidade da água do efluente da lavanderia (seja ela própria ou contratada), enfim, controlar a diversidade de produtos empregados no processo de lavagem (como tensoativos, amaciantes e alvejantes) dentro de um padrão de qualidade adequado e aceito pelos órgãos ambientais. Outro exemplo vem da própria cozinha: a captação adequada do óleo utilizado, evitando entupimento das tubulações e a aplicação de diversos produtos químicos para a sua remoção, além do mesmo prejudicar aos rios e represas, quando não existe um tratamento efetivo.

Na prática…

Com a implantação das medidas necessárias para a reabertura, muitos dos protocolos acabam por testar o grau de engajamento do hotel com o meio ambiente. Uma implantação responsável dos protocolos COVID-19 deve e pode levar em conta o seu impacto com o meio ambiente e a sustentabilidade.

Máscaras Descartáveis – As máscaras são um dos mais importantes itens das medidas para nos proteger. Porém, o descarte incorreto pode ser um vetor de contaminação e causar danos enormes ao meio ambiente. Nesses meses decorridos desde que a pandemia foi anunciada, já se percebe um volume importante de máscaras que, por descarte errado, foram parar nas ruas, em rios e oceanos, que levarão bem mais de 100 anos para se decompor.

Nosso papel está também em sensibilizar nossas equipes e clientes quanto ao descarte correto.

Máscaras de Tecidos – O uso da máscara de tecido é uma possibilidade para a maior parte das equipes. Existem máscaras com tempo de uso maior, que irão gerar menos máscaras em uso, e como consequência, menos descartes.

A troca da roupa de cama – A negociação de menor frequência da troca da roupa de cama pode ser um programa importante para se instituir, mesmo para o mundo sem COVID-19. Além de entrar menos em exposição e preservar hóspedes e equipe, reduz custos de lavagem.

Saco hamper de roupa suja – O saco que transporta o enxoval sujo (saco hamper) pode ser de tecido e ser higienizado junto com a roupa, eliminando assim, os sacos plásticos. Além de mais sustentável, gera economia.

Luvas Descartáveis – O hábito de se lavar as mãos é mais econômico e bem mais eficaz que o uso de luvas. Em alguns locais, foram implementados processos que instituem uso de luvas para resolver algumas questões que são tão pontuais – fazendo o usuário utilizar por menos de um minuto as luvas para depois a descartar. Ou isso, ou colocar em risco, os próximos clientes. Seguramente a boa disciplina da lavagem das mãos agregará maior valor, maior segurança e mais economia.

Capas Descartáveis para Camareira – As capas descartáveis podem ser substituídas por capas impermeáveis. Neste caso, deverão ser higienizadas com produto desinfetante antes de serem colocadas em circulação novamente.

Room Service – Cobrir os alimentos com filme plástico durante o transporte deve ser um ponto mandatório nos protocolos. Mas existem várias alternativas ao filme plástico, como os cloches de aço inox ou de policarbonato transparente – sem descarte.

Envelopar talheres de forma individualizada – Existem sacos de papel que podem ser substituídos pelos plásticos no envelopamento dos talheres, tão higiênicos quanto os de plástico, porém, de materiais biodegradáveis ou recicláveis.

Room Service – Cobrir os alimentos com filme plástico durante o transporte deve ser um ponto mandatório nos protocolos. Mas existem várias alternativas ao filme plástico, como os cloches de aço inox ou de policarbonato transparente – sem descarte.

Envelopar talheres de forma individualizada – Existem sacos de papel que podem ser substituídos pelos plásticos no envelopamento dos talheres, tão higiênicos quanto os de plástico, porém, de materiais biodegradáveis ou recicláveis.

Amenities – Todos itens que compõe os amenities devem ser higienizados individualmente. Mas não necessitam estar contidas em uma embalagem descartável de plástico, podem ser oferecidos em uma embalagem não descartável – como por exemplo, uma caixa de acrílico, que venha a fazer parte do processo.

Edredons e outros – O papel tipo Kraft (aquele de cor parda) se degrada em aproximadamente 60 dias. Pode ser uma alternativa às várias embalagens recomendadas e contidas nos protocolos, atendendo as questões da segurança – mas sem serem de plástico.

Substituição das torneiras para sistema com fotocélula ou por pressão – A substituição de torneiras por torneiras com fotocélulas ou por pressão, além de serem mais higiênicos e evitarem o contato do usuário com os metais, o protegendo do COVID-19, irá também proporcionar uma economia de água que pode chegar a 30%, pois evitará os desperdícios durante seu uso e evitar seu mal fechamento durante horas.

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Marcelo Boeger é Mestre em Turismo e Planejamento em Gestão Ambiental pela UNIBERO assim como Mestre em Gestão da Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. Atua como professor em Cursos de especialização de hotelaria e facilities hospitalar e em cursos de MBA em Gestão da Saúde e em Controle de Infecção Hospitalar em diversas Universidades e Fundações do país. Autor, co-autor e organizador de diversos livros, entre eles: Liderança em 5 Atos, Editora Yendis, 2012 (co-autor) 3ª edição, Manual de Especialização em Hotelaria do Hospital Albert Einstein, Ed.Manole,2011(organizador), Gestão Financeira para Meios de Hospedagem – Ed. Atlas, 2006, Gestão em Hospitalidade e Humanização – 2ª. edição – ed. Senac, 2012 (autor).