“O Brasil será um mercado chave para a Marriott nos próximos cinco anos”. É com essa frase que Federico Greppi, nomeado COO (Chief Operations Officer) para o Caribe e América Latina, finalizou a entrevista à reportagem do Hotelier News na manhã de hoje (5), no Renaissance São Paulo. Entrando no segmento econômico com os dois pés na porta, a gigante norte-americana não poderia deixar a hotelaria tupiniquim de fora dos planos de desenvolvimento da City Express — marca econômica mexicana adquirida em outubro de 2022.

A chegada da bandeira tem sido tema de muitas entrevistas nos últimos meses. Em fevereiro deste ano, Bojan Kumer vice-presidente de Desenvolvimento da Marriott para a América do Sul e Caribe, já havia sinalizado que a estreia da marca por aqui era uma questão de tempo — o que só aumentou a ansiedade do setor e da nossa reportagem.

Greppi, que está no Brasil para divulgar os hotéis da rede e o programa Marriott Bonvoy, confirmou que o primeiro empreendimento da City Express em terras brasileiras deve ser anunciado em 2025. “Estamos negociando 10 acordos no Brasil e temos três cartas de intenção firmadas. Detectamos um grande interesse de desenvolvedores tanto para conversões quanto para novos hotéis”, revela o COO.

Capitais, como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília são candidatas fortes a receber a bandeira, que também deve chegar a cidades secundárias e terciárias. “Há um interesse federal na marca”, complementa o executivo.

Entre três e cinco anos, a Marriott prevê alcançar a marca de 1,5 mil UHs da City Express apenas no Brasil. Atualmente, o pipeline da bandeira na América Latina é de 1,4 mil quartos em países como México, Costa Rica e nações caribenhas.

Sobre a gestão das unidades, Greppi afirma que o Brasil possui operadoras consolidadas e adianta que, possivelmente, a administração dos empreendimentos ficará a cargo de alguma dessas empresas. “Vamos avaliar uma por uma”, garante.

Marca foi adquirida em 2022

Desafios de desenvolvimento

Em entrevista à reportagem do Hotelier News em março, durante a SAHIC Latin America & The Caribbean, em Lima, no Peru, Greppi avaliou que um dos empecilhos para o desenvolvimento hoteleiro no Brasil é o mercado de capitais — quando comparado ao México — onde a rede conta com 150 hotéis da City Express. Em relação aos demais países da região, o COO vê a economia brasileira com bons olhos.

“O Brasil é um dos países mais avançados no mercado de capitais, mas não tanto quanto o México, que se espelha nos EUA. Todavia, acredito que a economia brasileira está se aproximando do México neste sentido, tornando mais fácil o desenvolvimento de negócios imobiliários e hoteleiros”, analisa.

Ele dá como exemplo a abertura do primeiro all inclusive da América do Sul, o The Westin Porto de Galinhas, em Pernambuco. “Esse empreendimento mostra que o mercado de capitais e financiamento do Brasil funciona”.

Greppi ainda cita a inauguração do W São Paulo, prevista para o final de 2024, a chegada do Ritz-Carlton Reserve, no Complexo Maraey, em Maricá (RJ), além da conversão do antigo Four Seasons São Paulo, que hoje leva a bandeira JW Marriott. “Contamos com seis projetos de luxo firmados no Brasil em construção até 2027”.

Concorrência no mercado de econômicos

Mesmo sendo uma estreante no segmento econômico, a Marriott parece não se intimidar com a concorrência de grandes redes consolidadas na categoria. “Nos diferenciamos por nossa capacidade, com uma marca sólida e atrativa para os hóspedes. Parte do nosso ecossistema conta com os benefícios de canais de reservas e ações de marketing”, diz o executivo.

Greppi ainda ressalta a força do programa de fidelidade da rede, que conta com 110 milhões de membros no mundo todo. “Globalmente, o Marriott Bonvoy representa 61% da ocupação de nossos hotéis. Os associados elite gastam cerca de 14 vezes mais do que um cliente não membro. É um grande atrativo de receita”.

O COO salienta que 82% desses consumidores compram online, o que gera menos custos em relação a hóspedes que chegam por OTAs e agências de viagens. “Somos uma marca consolidada, nítida e que possui uma grande força na América Latina”, finaliza.

(*) Crédito da foto: Nayara Matteis/Hotelier News