Se antes da pandemia, conquistar um lugar ao sol no mercado de trabalho já era difícil, na retomada a situação é voraz. Com demissões em massa devido à paralisação das atividades do setor, cada vaga aberta é disputada a tapa. Em live com moderação da Escola para Resultados e promovida pelo Hotelier News e Grupo R1, headhunters e profissionais de RH (Recursos Humanos) fizeram uma análise do cenário atual.

Aproveitando o gancho do lançamento do braço de desenvolvimento humano e comportamental da Escola, a transmissão contou com a presença de Cibele Souza, mentora de performance da instituição. A profissional conduziu a conversa ao lado do diretor, Jeferson Munhoz. Do outro lado da mesa, estavam Márcio Moraes (QI Profissional); Maurício Reis (Accor) e Vania Ezjenberg (Ejzenberg Recursos Humanos). Carlos Fabris (Palácio Tangará) anunciado como convidado, teve um imprevisto e não participou.

Munhoz abriu a discussão abordando a atuação do governo como suporte para as empresas manterem o emprego de seus colaboradores e qual foi o real impacto para o departamento de RH para lidar com tantas demandas. Segundo Vania, o setor é volátil, incerto e ambíguo, pego de desprevenido pela pandemia. “Mesmo em situações normais, é um departamentos com muitos desafios. Em um cenário abrupto como esse, o profissional de RH precisou sair dos bastidores e ir para o front com um volume imenso de demissões, férias, ajustes de contratos e dispensas no colo”, inicia. “Além de dar o suporte a quem foi desligado, é preciso pensar também em quem ficou. Todos estamos carregados de medos, inseguranças, então o clima organizacional é fundamental”, complementa.

Márcio Moraes conta que encontrou dois cenários opostos no mercado: hotéis que se prepararam e aqueles que não souberam esperar para tomar decisões. “Muitos talentos foram perdidos pela pressa de enxugar times. A pressão no RH foi enorme, pois estava na mão deles uma carga de alto custo, que é a folha de pagamento”.

Sobre as medidas governamentais, Reis afirma que não avalia os movimentos como lentos e compara a atuação dos profissionais de RH a bombeiros diante de um grande incêndio. “Pessoalmente, até acho que as medidas de reação não foram tão lentas. As quarentenas foram decretadas em março e, em abril, já tínhamos a MP 936 e acordos emergenciais foram implementados”, avalia. “As primeiras semanas foram de pânico total e com isso vieram uma avalanche de perguntas, definições de estratégia, dúvidas jurídicas. Foi um momento novo para todos”, destaca.

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Convidados listaram cargos mais procurados na retomada

Mercado de trabalho: competências

Além de traumas financeiros, a crise afetou a saúde mental e emocional de muitos colaboradores. Diante deste cenário, Cibele questionou quais os principais desafios de gerir aqueles que permaneceram no quadro de funcionários. “As lideranças precisarão saber como movimentar essas peças, com a necessidade de se recompor financeiramente e que estão com o sistema padronizado pré-pandemia. É preciso estar preparado e apto à mudanças e ter um comportamento em prol desse novo normal”, explica Moraes.

Em setembro, o Hotelier News conversou com alguns gerentes gerais para saber quais competências os gestores estão em busca na retomada. Para o profissional da QI, facilidade de adaptação, flexibilização, multifuncionalidade e busca pela qualidade de atendimento estão entre as principais.

Na Accor, os pré-requisitos não são diferentes. “Polivalência e adaptabilidade. A ficha ainda não caiu para muitas pessoas. Entendo que este é um novo momento, mas existe a necessidade de abrir a cabeça para outras formas de atuar”, salienta Reis. “E comunicação. O hoteleiro precisa ser comunicativo, demonstrar no discurso o prazer de receber”, acrescenta.

Vania ressalta a mudança de comportamento também do colaborador que antes apresentava resistência de mobilidade geográfica, agora não demonstra mais. “Muitos profissionais qualificados estão se reinventando em busca de mais qualidade de vida, saindo dos grandes centros urbanos”.

A headhunter ainda afirma que entre as áreas com maior procura por colaboradores é de A&B (Alimentos & Bebidas). “Diretor, gerente; supervisor de bar e restaurante; sommelier; chef de cozinha. O grande foco é o A&B no momento. Vale destacar que os níveis de exigência aumentaram e o salário diminuiu”.
Já na Accor, o setor de governança está em evidência para oportunidades. “É onde temos o maior volume de mão de obra, é normal que a retomada comece por aí. A área está sob os holofotes cuidando da limpeza e implementação de protocolos”, finaliza Reis.

Para assistir a live na íntegra, acesse o link.

(*) Crédito da capa: Peter Kutuchian/Hotelier News

(**) Crédito da foto: Reprodução da internet