quinta-feira, 4/setembro
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Monopólio do Google afeta setor de viagens

A recente decisão judicial que reconhece práticas monopolistas do Google em publicidade online gerou reações divididas entre representantes da indústria de viagens, justamente em um momento em que a gigante da tecnologia enfrenta concorrência crescente, aponta o Skift.

Para Johannes Thomas, CEO da Trivago, o veredito representa um avanço rumo a um ambiente digital mais equilibrado. O executivo afirma que a medida “é um passo significativo na criação de um cenário de publicidade digital mais justo e competitivo”.

Desde 2023, a companhia vem relatando impactos negativos causados por mudanças nos formatos de anúncios do Google, que teriam prejudicado sua visibilidade nas buscas. Em agosto do ano passado, outra decisão judicial já havia apontado o domínio do metabuscador nas pesquisas relacionadas a viagens.

Caso o desfecho da ação leve ao desmembramento dos negócios de publicidade da empresa, há preocupações sobre possíveis distorções de mercado. Representantes da MMGY Global, por exemplo, alertam para riscos de ineficiência caso o Google seja forçado a desfazer seus negócios de publicidade.

Analistas do setor acreditam que o processo ainda terá longa duração, com possibilidade de apelações. Enquanto isso, outras plataformas de mídia e tecnologia podem se beneficiar do cenário, ganhando espaço no mercado independentemente da conclusão judicial.

O processo

O Departamento de Justiça dos EUA acusa a empresa de práticas monopolistas nas buscas online e propõe medidas para restaurar a concorrência — entre elas, a venda do navegador Chrome e o fim de acordos que garantem exclusividade como mecanismo de busca em dispositivos Apple e Android, revela o G1.

Na última sexta-feira (18), em outro processo, uma juíza federal concluiu que a empresa também detém poder de monopólio no mercado de publicidade digital. A decisão sobre possíveis desmembramentos da plataforma de anúncios ainda será definida.

O julgamento sobre o domínio nas buscas, iniciado em 2020, está em andamento no Tribunal Federal de Washington e deve durar três semanas. A ação é movida por uma coalizão de 38 estados e o Departamento de Justiça. Representantes da OpenAI e da Perplexity estão entre as testemunhas convocadas.

O governo quer impedir que o Google use seus avanços em IA (Inteligência Artificial) – recurso que tem sido amplamente utilizado nas estratégias da companhia no segmento de viagens – para ampliar ainda mais sua liderança. A big tech, por sua vez, alega que as medidas propostas comprometeriam a inovação no país e critica a abordagem como excessiva.

No Brasil, o Google sofreu sanções recentemente, sendo condenado pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de Sâo Paulo) a pagar R$ 1,4 milhão à High Stakes Marketing Digital. A decisão foi emitida após a suspensão sem justificativa de quatro contas vinculadas ao Google AdSense, impactando significativamente a receita da empresa.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Google