Mulheres representam apenas 6% dos CEOs no mundo, diz pesquisa
18 de julho de 2024Uma pesquisa recente da Deloitte, publicada na Folha de São Paulo, revela que as mulheres ainda são minoria nos conselhos administrativos e cargos de CEO globalmente. Em 2023, elas ocupavam apenas 23,3% dos assentos nos conselhos, enquanto a situação é ainda mais crítica quando se trata de CEOs, com representação de apenas 6%. Na hotelaria, elas ocupam apenas 7% das posições de liderança.
Esses números, embora tenham mostrado leve aumento em relação a 2021, ainda indicam progresso insuficiente. As conselheiras cresceram 3,6% e as CEOs, apenas 1%. O relatório intitulado Mulheres no Conselho: uma perspectiva global traz dados alarmantes sobre a participação feminina nas altas esferas corporativas.
No Brasil, a pesquisa analisou 160 empresas, revelando aumento na presença feminina nos conselhos administrativos. Em 2023, havia 170 mulheres nesses cargos, incremento de 10% para 16% desde 2021. No entanto, o avanço em posições de CEO foi modesto, passando de 1,2% para 2,4% no mesmo período. O número de CFOs (chefes de setores financeiros) mulheres também aumentou em 30%.
Viviane Elias, conselheira e professora de ESG (Environmental, Social and Governance), atribui esse progresso a posicionamentos mais firmes das empresas e programas afirmativos. Contudo, ela ressalta que a jornada ainda é longa. “Esse avanço é significativo, mas muito abaixo da diversidade necessária”, reforça.
Desafios
Quando se considera a interseccionalidade, os dados são ainda mais desanimadores para mulheres negras. Segundo Viviane, o avanço de 3% pode ser celebrado por mulheres brancas, mas não reflete a realidade de todas. “Os conselhos precisam repensar suas estratégias de recrutamento, pois há muitas mulheres capacitadas que não são consideradas”, afirma.
A pesquisa sugere que, no ritmo atual, a paridade de gênero nos conselhos só será alcançada em 2038. Para CEOs, essa equidade é prevista apenas para 2111, evidenciando um cenário de desafios persistentes e a necessidade de uma mudança mais radical.
Países como Bélgica, Holanda, França, Noruega e Itália, que possuem legislação de cotas de gênero, apresentam maiores porcentagens de mulheres em conselhos. Viviane defende a diversidade em todos os processos seletivos para cadeiras de alta liderança. “Devemos ter uma diversidade equitativa, analisando currículos de homens, mulheres e pessoas negras de forma balanceada”, sugere.
Juliana Oliveira, CEO da Oliver Press, aponta o acesso como uma grande barreira para as mulheres alcançarem posições de liderança. Ela enfatiza que é necessário um esforço adicional para provar competência e alcançar o topo. “As mulheres geralmente enfrentam carreiras mais longas para chegarem ao topo”, diz.
Tanto Viviane, quanto Juliana, concordam que a intencionalidade nas contratações é crucial. “Ver avanços é bom, mas ainda há muito a melhorar, especialmente em termos de diversidade racial entre as mulheres”, finaliza Juliana, ressaltando que lideranças diversas são benéficas para as empresas.
(*) Crédito da foto: Pixabay