Alexandre Gehlen

Até pouco tempo dizia-se que não se forma hoteleiro; se nasce ou não com o talento para ser um profissional do setor. Sempre ouvimos dizer que aquele que trabalha na hotelaria precisa ter consigo naturalmente a paixão por servir, o respeito às diferenças, a alteridade- colocar-se no lugar do outro — e, não importa a categoria do empreendimento, gostar do belo. O verdadeiro hoteleiro não faz distinção entre uma pousada na praia e uma estância no campo, entre um hotel econômico e outro cinco estrelas; quando fala em cuidado no receber e na atenção aos detalhes seu olhar atencioso está sempre presente. Não raras vezes governantas, camareiras e gerentes gerais se pegam, nos momentos de lazer, em lugares públicos, arrumando arranjos florais e recolhendo bitucas, como fazem em seus hotéis.

Além do natural espírito de cuidar e acolher, há uma forte similaridade entre hoteleiros e diplomatas. Isso porque, justamente por lidar com o estrangeiro, dominam etiqueta, possuem domínio de idiomas diversos e são abertos às diferenças.  Sem esquecer que são obrigados a manter autocontrole diante de temperamentos fortes e possíveis crises, já que lidam com viajantes, carregados de expectativas, sonhos e… estresse.

Não é fácil administrar um espaço que deverá preservar a segurança, a privacidade e o conforto de um outro ser humano, fora de seu lar.  É preciso um perfil planejador, analítico e político. 

Há certamente um “esprit hôtelier” mas é preciso hoje, igualmente, um conhecimento técnico e gerencial altamente complexo. Hotéis são negócios e precisam remunerar seus investidores e garantir a sobrevivência no futuro, sem esquecer, obviamente, no papel social e ambiental que possuem em uma comunidade.

É muito raro um hoteleiro deixar a indústria. Pode mudar de casa, mas dificilmente de profissão. Daí a necessidade de acompanhar a todo momento as novas tecnologias que surgem, as novas teorias para gerenciar e liderar equipes e também compreender todas as transformações pelas quais passam os consumidores.

Hoteleiro tem um ritmo frenético, com horários nada convencionais. Os profissionais do setor não tem finais de semanas e feriados. Mesmo em casa, mantem sua alma hospitaleira em estado de alerta.

Como dedicar um único dia a quem vive 365 dias sua profissão? Mas se a data foi criada, merece ser celebrada. Aos hoteleiros, vida longa e o mesmo prazer e alegria que oferecem aos seus hóspedes.

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Alexandre Gehlen é presidente do FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil) para o triênio 2018-2020. O executivo é Diretor geral e sócio da ICH Administração de Hotéis, que opera as marcas Intercity, Yoo2 e hi!

(*) Crédito da foto: divulgação/FOHB