Alexandre Gehlen

Hora de unir esforços por um novo país

Muito se criticou nos últimos dias a escolha de um político neófito para a pasta do Turismo. São, sem dúvida, julgamentos apressados, baseados em ideias pré-concebidas e sem fundamento. O mais importante para o setor é que o status de ministério da pasta foi mantido, comprovando a importância da nossa atividade para o conjunto da economia nacional. Tudo indica que o presidente eleito tem clara noção da força singular do turismo para criação de empregos e inserção das pequenas e microempresas na cadeia produtiva. É inegável a nossa capacidade de indução de crescimento rápido e transversalidade com outros segmentos, além da potencial para geração de riqueza até em áreas mais remotas.

O documento entregue a Jair Bolsonaro pela Confederação Nacional do Comércio, de Bens, de Serviços e de Turismo – por intermédio do Conselho de Turismo e Hospitalidade, composto de mais de duas dezenas de entidades associativas setoriais desse universo – forneceu elementos que o levaram a mencionar repetidas vezes partes importantes daquele estudo de demandas e propostas. Entre os pleitos mais relevantes estão: PPPs em parques nacionais a serem geridos pela iniciativa privada, com estudos de impacto ambiental face às visitas públicas; baixa de impostos de importação de equipamentos, sem similar nacional, para utilização em parques temáticos; melhora no ambiente de negócios para exploração de áreas com potencial turístico por meio de clusters; ampliação da relação de países com visto eletrônico de entrada no Brasil; facilitação para implantação de marinas em nossa costa e solução aos entraves para o crescimento do mercado de cruzeiros marítimos em nossos portos.

Quero ressaltar que outros ministros anteriormente também não eram versados no assunto e se saíram muito bem em seus cargos, como Mares Guia e Marx Beltrão. O mais importante é que ouçam o empresariado e tenham disposição para o trabalho.

Hoje, grande parte de nossos entraves se deve a não aprovação pelo Congresso do pacote Brasil+Turismo, composto de três PLs (modernização de lei geral, faculdade de até 100% de capital internacional nas áreas brasileiras e transformação da Embratur em uma agência estilo Apex ). Somente um parlamentar com experiência e relacionamento entre seus pares pode arrancar essa votação bicameral e levá-la à sanção presidencial. É o que esperamos.

Cabe a nós, empresários, participar ativamente da nova gestão, por meio do Conselho Nacional do Turismo e colaborar com ideias, sugestões e críticas para um melhor desempenho da pasta. Por causa disso, julgo igualmente incompreensíveis colocações de pessoas que, pelas redes sociais, vaticinam e apregoam que somente a iniciativa privada pode fazer a política setorial nesse campo. Trata-se de uma percepção fora da realidade devido ao país em que vivemos.

Podemos mudar – e muito – estando junto ao Poder Público, convivendo republicanamente e cobrando para uma melhor atmosfera para o investimento e crescimento do turismo brasileiro. Para mudar, precisamos estar unidos, trabalhar em conjunto. Queremos colaborar para um setor produtivo e dinâmico, que ajude o Brasil a ser um país melhor para todos.

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Empresário com mais de 30 anos de atuação no mercado hoteleiro do Rio de Janeiro, Alexandre Sampaio é presidente da FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), diretor da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e presidente do Conselho de Turismo da mesma CNC. Também é responsável pelo cb54 (Comitê Brasileiro de Normalização em Turismo da ABNT) e membro do conselho gestor do SindRio (Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro). 

(*) Crédito das fotos: divulgação/FBHA/C.Bocayuva e FreePhotos/Pixabay