Não basta o ministro ser novo. O mercado também precisa se renovar. Cobrar uma postura do outro exige também o exemplo. Já diziam os antigos sábios: olha primeiro a tua casa para criticar a casa do vizinho. No caso da hotelaria, que vive olhando o exterior para pensar nas estratégias internas, a lição de casa foi bem assimilada e feita. Em uma ação inédita, as quatro entidades que trabalham para o desenvolvimento da nossa indústria, o FOHB-Forum de Operadores Hoteleiros do Brasil, a ABIH-Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, a ABR-Associação Brasileira de Resorts e a FBHA-Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, se uniram e elaboraram conjuntamente um documento com as solicitações mais importantes do setor e o entregaram ao Ministro do Turismo, Marcelo Alvaro, neste mês de fevereiro em Brasília.

O encontro mostrou à nova gestão a união do segmento, apresentou um panorama do mercado e ratificou as principais reivindicações dos hoteleiros. O documento pede, inclusive, alterações na Lei Geral do Turismo, em tramitação no Congresso Nacional, que desconsiderou em sua redação demandas relevantes de nossa indústria.

Cada uma das entidades tem uma missão específica e, em seus estatutos, abordam especificidades de cada um dos distintos meios de hospedagem que existem no Brasil. Há, no entanto, temas comuns e que são de essencial importância para a hospitalidade brasileira. Nada mais coerente e justo que as associações, que representam milhares de empresários e milhões de empregos, se mostrassem dispostas a colaborar nas novas estratégias do novo governo e abrissem um canal direto e objetivo com o corpo técnico do Ministério.

Não existe possibilidade de crescimento a curto, médio ou longo prazo de um setor da economia sem que haja sinergia entre seus atores e com o governo. Críticas às associações e sindicatos patronais são ouvidas à exaustão. A tal sopa de letrinhas, frequentemente evocada com ironia, sempre teve dificuldades em mostrar a importância de suas entidades a sociedade civil e o poder público. Neste caso, a hotelaria deu um grande e louvável exemplo aos outros setores da economia quando as entidades que defendem seus interesses apresentaram-se, em uma única audiência e em uníssono, com estudos econômicos e propostas solidamente escritas por especialistas

Do encontro saiu o compromisso do ministro em criar uma comissão que facilite a comunicação de nossa indústria com os 3 poderes. A reunião também mostrou ao Ministério um grupo coeso, alinhado entre si, com um objetivo coletivo – que ultrapassa demandas individuais- em favor do Brasil. Tudo o que sempre desejamos e pedimos. E neste caso, exemplificamos.

(*) Crédito da foto: RawPixel/Pixabay